O Rei tem um papel histórico: o de personificar o carácter nacional; porque o Monarca é o primeiro depositário da tradição dos antepassados dos homens e dos costumes da Nação. Além disso, a função Real é, de facto, um Serviço que é desempenhado com sentido de missão, pois constantemente sobre o escrutínio público o Rei procura exercer o melhor possível o seu Ofício dirigido no sentido do aperfeiçoamento constante e da defesa do bem comum.
Por isso, mesmo empurrado para o exílio pela acção deletéria da revolução republicana do 5 de Outubro de 1910, Sua Majestade Fidelíssima El-Rei Dom Manuel II de Portugal desempenhou um papel muito cativo na Grande Guerra de 1914-18. Com Portugal impelido para o conflito pela república velha, o Monarca português exilado, em Inglaterra, colocou-se à disposição dos Aliados para combater. Não lho permitiram e, então, serviu o como oficial da Cruz Vermelha Britânica, o que fez com grande empenho e dedicação cooperando em conferências e na recolha de fundos, visitando hospitais e mesmo os feridos na frente, foi-Lhe muito gratificante. Todavia, a sua solicitude nem sempre foi reconhecida, equipando a sala de operações do Hospital Português, em Paris, e montando o departamento ortopédico do hospital de Sheperds Bush, Inglaterra, que por firmeza e generosidade do Monarca prolongou o funcionamento até 1925, dando assistência aos estropiados da guerra. Esta dedicação foi reconhecida com lugar cativo ao lado da Família Real Inglesa, na tribuna real, durante o Desfile da Vitória dos Aliados, em Julho de 1919, em Londres.
Uma prova de reconhecimento dos britânicos para com D. Manuel II de Portugal foi quando o Rei britânico Jorge V – primo do Monarca português pelos laços da Casa de Saxe-Coburgo e Gotha – o colocou, e à Rainha Augusta Vitória, a seu lado, da Rainha Mary, do Príncipe de Gales e da Rainha- mãe Alexandra, na tribuna real, durante o Desfile da Vitória
De facto, como mais ninguém, a figura do Rei exprime a virtude da dedicação ao bem da comunidade e tem uma superior consciência dos assuntos nacionais, representando da forma mais ética possível a Nação, a Comunidade confia no Rei e revê-se nele, e quererá seguir-lhe o exemplo o que vai fazer repercutir nas instituições democráticas essa ordem.
Na primeira fotografia, sem qualquer ressentimento para com os seus conterrâneos, Sua Majestade Fidelíssima El-Rei Dom Manuel II de Portugal, de uniforme de oficial da Cruz Vermelha Britânica, em 1918, confraternizando com um oficial e um soldado do Corpo Expedicionário Português para a Flandres, ou não fosse a divisa de Sua Majestade, ‘Depois de Vós, Nós’.
Miguel Villas-Boas
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