quinta-feira, 21 de novembro de 2024
quarta-feira, 20 de novembro de 2024
EUA: a Democracia venceu a manipulação
Quiseram manipular o Povo, e a Democracia respondeu dando a vitória a Trump.
Quiseram dizer aos americanos qual a opção política certa e qual o voto legítimo, mas os cidadãos fizeram a sua própria escolha livre e consciente.
A esquerda corrupta e moralmente falida mobilizou a casta de celebridades do showbiz para a sua agenda fanática anti-Trump, mas o país ignorou as vedetas.
Os órgãos de comunicação social empenharam-se no activismo político descarado, na mentira constante, no silenciamento de opinião desalinhada, na deturpação de factos e na disseminação de narrativas fraudulentas, mas os eleitores souberam pensar pela sua cabeça e defenderam a liberdade de expressão.
Kamala Harris teve apoios financeiros gigantescos e muito superiores aos de Trump, e nem assim a sua campanha conseguiu comprar a liberdade dos votantes.
Em Portugal, perante os resultados eleitorais de hoje, os autointitulados defensores da democracia entrarem em gritaria e choro convulso. Além de ridículo, revela mais uma vez o quão hipócritas são as causas da nossa oligarquia instalada no conforto urbano do «bem-pensismo».
Mas, mais do que uma vitória de Trump, talvez tenha sido um grito popular por liberdade e reconquista do controlo sobre as suas próprias vidas o grande vencedor destas eleições. Contra hordas de tiranetes e socialistas, passe a redundância.
A Esquerda Progressista e a Direita que lhe presta reverência deveriam aproveitar a ocasião para fazer a sua própria autópsia e recuperar alguma probidade e honradez que já tiveram.
Não creio que o façam, mas por vezes há boas notícias, como as de hoje.
Fonte: Blasfémias
terça-feira, 19 de novembro de 2024
Protestante sem réplica
segunda-feira, 18 de novembro de 2024
Jantar dos Conjurados 2024 - Lisboa
A Casa Real Portuguesa, através da Associação Infanta Maria Francisca em colaboração com a Causa Real e as Reais Associações de todo o país, promove de novo este ano o tradicional Jantar dos Conjurados.
Desta vez a nossa festa da Independência realizar-se-á no Real Hotel Palácio em Lisboa, como sempre no dia 30 de Novembro, com início às 19:30hs.
As inscrições poderão ser efectuadas através do site https://conjurados.pt/ ou em alternativa através do email: conjurados1640@gmail.com
Para mais esclarecimentos poderá contactar a Sra. D. Maria João Lencastre pelo telefone 917 645 831 (entre as 10 e as 13 h).
Contamos com a presença de todos!
domingo, 17 de novembro de 2024
sábado, 16 de novembro de 2024
The Duke of Edinburgh’s International Award Portugal premeia mais de 50 jovens camaralobenses
sexta-feira, 15 de novembro de 2024
♔ | A Ética Monárquica
Na obra de 1496, ‘Do Governo da República pelo Rei’, Diogo Lopes Rebelo elenca, já, quais os deveres do Rei:
É dever do Rei cumprir o que diz. Lembre-se que não é supremo Rei, a fim de nada fazer de indigno de tão grande nome. Acostume-se a nada dizer de indecoroso e de impróprio de si. Não ouça nem profira palavras desonestas pois que as más falas corrompem os costumes.
É ainda dever do Rei levantar a república na adversidade, conservá-la na prosperidade, e de pequena torná-la grande. Deve, também, considerar que foi colocado à frente dela, não tanto para governar, como para proveito dos cidadãos.
Compete, finalmente, ao Rei pensar na utilidade de seus cidadãos e da república, a ele confiada e entregue. (…) A todos os seus protegerá: nobres, plebeus, incultos, sábios, ricos e pobres, porque o Senhor o fez tutor e pai de muitas gentes.
quinta-feira, 14 de novembro de 2024
D. Athanasius Schneider: O Vaticano II prometeu uma Primavera mas chegou um amargo Inverno
quarta-feira, 13 de novembro de 2024
Faz lembrar o camaleão
terça-feira, 12 de novembro de 2024
segunda-feira, 11 de novembro de 2024
A feliz morte de São Martinho de Tours
Martinho soube com muita antecedência o dia da sua morte e comunicou aos seus irmãos que a separação do seu corpo estava iminente. Entretanto, viu-se obrigado a visitar a diocese de Candes. Tinham surgido, com efeito, desavenças entre os clérigos desta igreja e Martinho desejava restaurar a paz. Apesar de não ignorar o fim próximo dos seus dias, não recusou partir perante motivo desta natureza, por considerar como bom termo da sua actividade deixar a paz restabelecida nessa igreja. Permaneceu algum tempo nessa povoação ou comunidade para onde se dirigia.
Quando os presbíteros, que se tinham reunido à sua volta, lhe pediram para aliviar o seu pobre corpo mudando de posição, disse: «Deixai-me, irmãos, deixai-me olhar antes para o Céu do que para a terra, para que a minha alma, ao iniciar a sua marcha para Deus, siga bem o seu caminho». Ao dizer isto, reparou que o diabo se encontrava perto. «Porque estás aqui, disse, besta sanguinária? Nada encontrarás em mim, maldito; o seio de Abraão me recebe».
in Cartas de Sulpício Severo (séc.V)
domingo, 10 de novembro de 2024
Família Real Portuguesa de luto com a morte do Príncipe D. Antonio de Orleans e Bragança
D. Antonio de Orleans e Bragança, membro da família real brasileira, morreu esta sexta-feira, 8 de Novembro, no Rio de Janeiro. Tinha 74 anos.
Conforme avançam os meios de comunicação, este encontrava-se internado na Casa de Saúde São José desde o dia 6 de Junho, devido a uma doença pulmonar obstructiva.
D. Antonio, recorde-se, é primo em segundo grau de D. Duarte Pio de Bragança, uma vez que ambos descendem de D. Isabel e do Conde D'Eu.
Na sua página de Instagram, SAR D. Afonso, filho mais velho dos duques de Bragança, destacou a morte de D. Antonio através de um storie no instagram.
D. Antonio era casado com a Princesa Dona Christine de Ligne, desde 1981, com quem tinha quatro filhos: D. Pedro Luiz, D. Amélia, D. Rafael (príncipe do Grão-Pará) e D. Maria Gabriela de Orleans e Bragança, assim como dois netos, Joaquim e Nicholas Spearman.
Fonte: Monarquia Portuguesa
sábado, 9 de novembro de 2024
O celibato está sob ataque cerrado
O mesmo aconteceu aos sacerdotes logo nos primeiros séculos da Igreja. Por escassez de 'mão-de-obra', digamos assim, eram escolhidos também homens casados para serem ordenados Padres. As mulheres deles tinham de dar o assentimento, porque tinham com eles um vínculo indissolúvel. Depois disso vivam separados e vivam em continência.
O Concílio de Elvira (300-305 d.C.) diz que os sacerdotes se devem abster das esposas e não gerar filhos, e se algum o fizer deve ser declarado decaído do estado clerical. O Can. III do Concílio de Niceia (325 d.C.) diz que os sacerdotes apenas podem viver com a Mãe, uma irmã ou uma tia.
São Jerónimo, Doutor da Igreja e um dos 4 principais Padres da Igreja do Ocidente não deixa margem para dúvidas numa carta 'ad Pammachium':
"Cristo é virgem, virgem é Maria; mostraram a cada um dos sexos a preeminência da virgindade. Os Apóstolos são ou virgens, ou após o casamento, continentes. Escolhem-se para bispos, sacerdotes e diáconos, quer virgens, quer viúvos, ou pessoas que em todo caso, depois do sacerdócio, observam para sempre a continência."
Já se percebeu que o celibato está associado ao sacerdócio desde o seu início, por isso deixem o celibato em paz. Se 2000 anos de Padres não conseguiram acabar com ele também não vão ser vocês a conseguir.
sexta-feira, 8 de novembro de 2024
Jantar Anual da Real Associação do Porto
quinta-feira, 7 de novembro de 2024
quarta-feira, 6 de novembro de 2024
♛ | 6 de Novembro – Dia da Festa Litúrgica de São Nuno de Santa Maria (D. Nun’Álvares Pereira)
Dom Nuno Álvares Pereira nasceu no Crato, Flor de Rosa, Bonjardim (no Paço do Bonjardim ou Flor da Rosa, porque Flor da Rosa quando nasceu São Nuno era conhecida como o Bom Jardim, pode ler-se na Ala dos Namorados “Nuno Álvares Pereira nasceu no Castelo do Bom Jardim a pequena distância do Crato e da Fronteira de Castela”), em 24 de junho de 1360 e faleceu em Lisboa, Convento do Carmo, em 1 de Novembro de 1431.
D. Nuno Álvares Pereira foi um dos filhos naturais de D. Álvaro Gonçalves Pereira, Prior da Ordem do Hospital, e Iria Gonçalves do Carvalhal. Era meio-irmão mais novo de Rodrigo Álvares Pereira, D. Frei Pedro Álvares Pereira e Diogo Álvares Pereira, e irmão mais novo de Fernão Álvares Pereira, sendo legitimado pelo rei D. Pedro I, em 1361, pelo que cresceu na casa do seu pai até aos seus treze anos, tornando-se exímio cavaleiro, homem d’armas e guerreiro. Desde cedo demonstrou gosto pela leitura dos livros de cavalaria cujo ideal moldou o seu nobre e virtuoso carácter.
Com treze anos, abandonou a casa de seu pai para ir como pajem para a Corte do Rei D. Fernando de Portugal, onde desde cedo se destacou, como numa missão de reconhecimento ao exército de Castela, que cruzava Santarém a caminho de Lisboa, onde Nuno foi ao serviço da Rainha D. Leonor Telles e Diogo pelo do Rei, tendo Nuno envergado uma armadura emprestada por D. João, o Mestre de Avis, gesto que os tornaria amigos inseparáveis para toda a vida. O jovem Nuno, demonstrando já ser grande estratega, relatou então que o exército de Castela, apesar de grande, era mal comandado, e que poderia ser vencido por uma pequena força desde que bem comandada. O relatório recolheu tal aplauso que D. Nuno e o seu irmão Diogo foram armados cavaleiros como sinal de reconhecimento régio.
Com temperamento virtuoso D. Nuno decidira manter-se casto, aspiração que viu contrariada, em 1376, quando o seu pai decidiu que D. Nuno deveria casar, aos 16 anos, com D. Leonor de Alvim, quatro anos mais velha, viúva rica de um primeiro casamento sem filhos. Assim aconteceu o matrimónio, em cerimónia realizada em Vila Nova da Rainha, freguesia do concelho de Azambuja, estabelecendo-se o casal depois em Pedraça, Cabeceiras de Basto, no Minho, numa propriedade da noiva. Com este casamento, o pai quis garantir o futuro do filho, já que Nuno não podia suceder-lhe no cargo de prior que passaria para o irmão D. Pedro, nem nos seus bens, que herdaria o seu irmão D. Rodrigo.
Foi um dos grandes protagonistas na crise de 1383-85. D. Nuno Álvares Pereira logo foi fazer penhor da sua lealdade e apoio ao Mestre de Avis, nas Cortes de Coimbra. Com a eleição em 6 de Abril de 1385 de D. João, Mestre de Avis como D. João I Rei de Portugal, D. Nuno é nomeado Condestável de Portugal e agraciado com o título de Conde de Ourém.
D. Nuno Álvares Pereira realizou, então, a sua famosa expedição pelo Alentejo acompanhado de 40 dos melhores escudeiros da altura, e foi engrossando as fileiras com a boa gente dessa região, até que chegou a Atoleiros, a meia légua da fronteira com Castela, que se preparava para acometer. Aí D. Nuno começou por inovar, pois foi nos Atoleiros que pela primeira vez se combateu a pé em Portugal, e, D. Nuno utilizou a famosa técnica da formação do exército em quadrado: distribuiu os seus homens armados e os besteiros pelas alas e o povo no meio. Também por isso, D. Nuno empunhava a famosa Arma de liderança da Infantaria, o célebre e temido Martelo Bico de Corvo, tipo de arma de haste do final da Idade Média, que consistia em uma haste com um martelo e uma ponta afiada. Enquanto a ponta conseguia perfurar armaduras, o martelo passava a força do golpe através da armadura mesmo não o quebrando. De volta à batalha, os castelhanos ao verem os portugueses apeados, e para mais em minoria, acharam que ia ser fácil vencê-los pelo que se lançaram a cavalo sobre o exército lusitano aos gritos de “Castyla! Sant’iago!” ao que os portugueses responderam berrando “Portugal! São Jorge!” e D. Nuno ordenou aos seus soldados que como ele fizessem uma genuflexão com o joelho direito no chão e a outra perna a fazer finca-pé e depois levantar as lanças num ângulo agudo, apoia-las no chão e os cavalos castelhanos se foram espetar nelas. Os Castelhanos feridos e no chão eram então bombardeados por dardos e virotões, e cercados por todos os lados pelos portugueses o que impedia que os primeiros escapassem. Assim os portugueses saíram vitoriosos sobre os castelhanos, na Batalha dos Atoleiros, em 1384. D. Nuno Álvares Pereira cimenta assim o seu papel de 2.º Condestável de Portugal – título criado após o fim do Império Romano com a grafia latina de Comitis stabilis que substituiu o imperium proconsulare maius e o ulterior Dux -, honra com que foi agraciado por D. João I, de Avis, e ainda recompensado com o título de 3.º Conde de Ourém.
Em Outubro de 1385 trava em terreno castelhano a célebre batalha de Valverde, onde na fase mais crítica da batalha e quando já parecia que o exército português iria sofrer uma derrota completa, se deu pela ausência de D. Nuno, e quando já se temia o pior desfecho, os seus companheiros encontram-no em êxtase, ajoelhado a rezar entre dois penedos. Quando Rui Gonçalves, em aflição o chamou dando conta ao Conde que a batalha que se perdia, o Condestável fez um sinal com a mão a pedir silêncio. Sendo, de novo, chamado à atenção por Gonçalo Annes de Villas-Boas, Alcaide-mor de Castelo de Vide, que invectivou ao Conde: ‘Nada de orações, que morremos todos!, respondeu-lhe D. Nuno, serenando-o: ‘Amigo, ainda não é hora. Aguardai um pouco e acabarei de orar.’; quando acabou de rezar, ergue-se com o rosto iluminado e dando as suas ordens, foi temerário e inspirado pelo Senhor ganhar a batalha, atacando ao hordas do mestre de Santiago. Foi tal o arrojo de D. Nuno que, após esta batalha, os castelhanos recusaram-se a voltar a enfrentá-lo em campo aberto.
O nome do Conde Nun’Álvares passou, então, a inspirar terror nos castelhanos, limitando a partir daí a pilhagens junto à fonteira e ao bate e foge.
A consolidação da Independência ocorreu na batalha de Aljubarrota, na qual se deve a maior quota-parte da vitória sobre o Leão de Castela às tácticas de D. Nuno Álvares Pereira. Aí a sua característica espada ilustrou-se mais do que nunca na batalha. Pelas dezoito horas do dia 14 de Agosto de 1385, o exército português composto por 6500 homens e 200 archeiros dos aliados ingleses comandados por El-Rei Dom João I de Portugal e pelo Conde Dom Nun’Álvares Pereira, o 2.º Condestável de Portugal, ilustraram-se pelas armas ao defrontarem e vencerem o exército castelhano de 30.000 soldados e 2000 cavaleiros dos seus aliados franceses liderados pelo Rei Don Juan I de Castela, reconfirmando a Independência do Reino de Portugal.
Apesar das sucessivas derrotas militares, como em Lisboa e nos Atoleiros, o rei D. Juan I de Castela não desistira da coroa de Portugal, que entendia advir-lhe ius uxoris pelo casamento e opondo-se a tal resolução, responde invadindo Portugal, pela Beira-Alta, em Junho de 1385, e desta vez à frente da totalidade do seu exército e auxiliado por um forte contingente de cavalaria francesa. Quando as notícias da invasão chegaram, D. João I de Portugal encontrava-se em Tomar na companhia de D. Nuno Álvares Pereira, o Condestável do Reino, e do seu exército, e mais uma vez, o chicote de Portugal, D. Nuno Álvares Pereira, resolve tomar rédeas à situação e sitia as cidades que, entretanto, se converteram fiéis a Castela. Avança e a decisão tomada foi a de enfrentar os castelhanos antes que pudessem levantar novo cerco a Lisboa. Com os aliados ingleses, o exército português interceptou os invasores perto de Leiria. Dada a lentidão com que os castelhanos avançavam, D. Nuno Álvares Pereira teve tempo para escolher o terreno favorável para a batalha e a 14 de Agosto de 1385 tem a oportunidade de exibir toda a sua mestria e génio militar em Batalha.
A opção para a Batalha recaiu sobre uma pequena colina de topo plano rodeada por ribeiros, no Campo de São Jorge, Calvaria de Cima, nas imediações da vila de Aljubarrota, entre Leiria e Alcobaça. Contudo o exército português não se apresentou ao castelhano nesse sítio: inicialmente formou as suas linhas noutra vertente da colina, tendo depois, já em presença das hostes castelhanas mudado para o sítio predefinido, isto provocou bastante confusão nas tropas de Castela. Assim pelas dez horas da manhã do dia 14 de Agosto, o exército português e os aliados ingleses comandados por El-Rei de Portugal D. João I e o Condestável do Reino tomaram a sua posição na vertente norte desta colina, de frente para a estrada por onde o exército castelhano e seus aliados franceses liderados por D. Juan I de Castela e Leão, eram esperados.
Mas, vendo que o pior da investida castelhana ainda estava para chegar, o Rei de Portugal ordenou a retirada dos besteiros e archeiros ingleses e o avanço da retaguarda através do espaço aberto na linha da frente. Desorganizados, sem espaço de manobra e finalmente esmagados entre os flancos portugueses e a retaguarda avançada, os castelhanos pouco puderam fazer senão morrer ou tentar fugir.
Ao entardecer a batalha estava já perdida para Castela. Precipitadamente, D. Juan de Castela ordenou uma retirada geral sem organizar uma cobertura. Os castelhanos debandaram então desordenadamente do campo de batalha. A cavalaria portuguesa lançou-se então em perseguição dos fugitivos, dizimando-os sem piedade, inclusive o partidário de Castela, D. Pedro, irmão de D. Nuno. Alguns fugitivos procuraram esconder-se nas redondezas, apenas para acabarem mortos às mãos do povo. Surge aqui um mito português em torno da batalha: uma mulher, de seu nome Brites de Almeida, recordada como a Padeira de Aljubarrota, iludiu, emboscou e matou, pelas próprias mãos, alguns castelhanos em fuga. A história da verduga figura é por certo uma lenda da época.
De qualquer forma, pouco depois, D. Nuno Álvares Pereira ordenou a suspensão da perseguição e deu trégua às tropas fugitivas. Ao amanhecer do dia seguinte, a catástrofe sofrida pelos castelhanos ficou bem à vista: os cadáveres eram tantos que chegaram para barrar o curso dos ribeiros, que flanqueavam a colina e o barulho ensurdecedor do crocitar dos corvos contribuía para o cenário de tétrico. Para além de soldados de infantaria, morreram também muitos nobres castelhanos, o que causou pesado luto em Castela.
A apenas 400 baixas portuguesas corresponderam mais de 4000 baixas castelhanas.
A Batalha de Aljubarrota representa uma das raras grandes batalhas campais da Idade Média entre dois exércitos régios e um dos acontecimentos mais decisivos da História de Portugal. No campo militar significou a inovação de uma táctica, onde os homens de armas apeados foram capazes de vencer a poderosa cavalaria medieval, que, a partir daí, entrou em declínio.
No campo diplomático, permitiu reafirmar a aliança entre Portugal e a Inglaterra, que já haviam assinado o Tratado de Paz, Amizade e Aliança ou Tratado de Westeminster, a 16 de Junho de 1373, na Catedral de São Paulo, em Londres, firmado entre os plenipotenciários d’El-Rei Dom Fernando I de Portugal e o Rei Eduardo III de Inglaterra e o Príncipe de Gales (Eduardo de Woodstock, “o Príncipe Negro”). O Tratado de ‘perpétua amizade, sindicato e aliança’ entre as duas nações, a mais antiga aliança do mundo, confirmou o anterior Pacto de Tagilde. O chamado Tratado, ou melhor Pacto de Tagilde, que o Rei D. Fernando I de Portugal assinou com os delegados de John de Gaunt, Duque de Lencastre, e 4.º filho do Rei Eduardo III de Inglaterra, é considerado o preambulo da Aliança Luso-Britânica, e foi firmado a 10 de Julho de 1372, na Igreja de São Salvador de Tagilde, e marcou o exórdio da mais velha aliança diplomática do mundo, que perdura até aos nossos dias.
Esta Aliança foi reforçada no ano seguinte a Aljubarrota pelo Tratado de Windsor de 9 de Maio de 1386 e seria consolidada, em 1387, pelo casamento de D. João I com a Princesa Inglesa Dona Filipa de Lencastre (Lady Phillippa of Lancaster), filha de John Gaunt, Duque de Lancaster, e neta do então monarca inglês Eduardo III, de cujo consórcio matrimonial nasceria a Ínclita Geração. No aspecto político, resolveu a disputa que dividia o Reino de Portugal e de Castela.
Finda a ameaça castelhana, D. Nuno Álvares Pereira permaneceu como Condestável do reino e tornou-se Conde de Arraiolos e Barcelos, e foi generosamente recompensada pelo rei pelos vários títulos que recebeu e propriedades, ficando dono de quase metade do país.
Entre 1385 e 1390, ano da morte de D. Juan de Castela, dedicou-se a realizar incursões contra a fronteira de Castela, com o objetivo de manter a pressão e dissuadir o país vizinho de novos ataques.
Do seu casamento com D. Leonor de Alvim (1360), o Condestável teve três filhos, mas apenas uma filha teve descendência, D. Beatriz Pereira de Alvim. Foi, então, acordado o casamento da sua filha com um dos filhos do rei, em 1401: D. Afonso, que seria 1.º Duque de Bragança, D. Afonso (I) – filho natural que D. João, Mestre de Avis, ainda solteiro e antes de ser Rei tivera com uma rapariga solteira de nome Inês Pires -, dando origem à Casa de Bragança que viria a reinar em Portugal três séculos mais tarde, solidificando toda a aura que já o seguia.
Consolidada a paz com Castela, D. Nuno Álvares Pereira, que entrementes fora agraciado com sucessivas doações de terras e bens, dedicou-se a obras de caridade. Em 1393 distribui muitas das suas terras pelos companheiros de armas. Estando ele viúvo desde 1388, em 1414 morre a sua única filha, D. Beatriz. Opta, então, por novo rumo de vida, dedicando-se mais aos trabalhos agrícolas nos seus domínios de Vila Viçosa.
D. Nuno participou, ainda, na conquista de Ceuta em 1415 e foi convidado pelo rei a comandar a guarnição que lá ia ficar. O Condestável recusou, pois desejava abandonar a vida militar.
Luís de Camões, em sentido literal ou alegórico, explícito ou implícito, faz referência ao Condestável nada menos que 14 vezes em “Os Lusíadas”: o forte Nuno, como Camões o designa, aparece logo evocado na 12.ª estrofe do canto primeiro, “Por estes vos darei um Nuno fero, Que fez ao Rei e ao Reino tal serviço,” e no canto oitavo, estrofe 32: “Mas mais de Dom Nuno Álvares se arreia. Ditosa Pátria que tal filho teve!”.
Em 1422 reparte pelos netos os seus títulos e bens; a sua neta D. Isabel, casou-se com o infante D. João, futuro Condestável.
Torna-se, então, carmelita (entrou na Ordem em 1423, no Convento do Carmo, que mandara construir como cumprimento de um voto), tomando o nome de Irmão Nuno de Santa Maria.
Percorria as ruas de Lisboa e distribuía esmolas a quem precisava. No convento tinha um grande caldeirão usado pelos seus homens nas campanhas militares, onde se faziam refeições para os pobres. Estas ações levaram o povo a chamá-lo de Santo Condestável.
Ao tornar-se Frei Nuno de Santa Maria, como irmão donato, abdicou do título de conde e de Condestável e pretendeu ir pelas ruas pedir esmola, o que assustou o rei, que pediu ao Príncipe D. Duarte, que tinha muita admiração por D. Nuno, para convencê-lo a não fazer tal coisa. O infante convenceu Frei Nuno a apenas aceitar esmola do Rei, o que foi aceite. Passa os últimos anos da sua vida, entregue à penitência e servindo os pobres.
No seu último ano de vida, o Rei D. João I fez-lhe uma visita no Carmo. D. João sempre considerou que fora Nuno Álvares Pereira o seu mais próximo amigo, que o colocara no trono e salvara a independência de Portugal.
Aí permanece D. Nuno até à morte, que ocorreu em 1 de Novembro de 1431 (dia de Todos-os-Santos), com 71 anos, rodeado pelo rei e os infantes.
Já em vida era conhecido como o Santo Condestável, D. Nuno Álvares Pereira foi beatificado em 23 de Janeiro de 1918 pelo Papa Bento XV através do Decreto “Clementíssimus Deus”, e foi consagrado beato no dia 6 de Novembro. Sua Santidade O Papa Bento XVI, durante o Consistório de 21 de Fevereiro de 2009, determinou que o beato Nuno fosse inscrito no álbum dos Santos no dia 26 de Abril de 2009.
Do seu casamento com Leonor de Alvim, nasceram três filhos: dois rapazes que morreram jovens e uma filha que chegou à idade adulta e teve descendência: Beatriz Pereira de Alvim, que se tornou mulher de D. Afonso, o 1.º Duque de Bragança, dando origem à Sereníssima Casa de Bragança que viria a reinar em Portugal três séculos mais tarde.
Não obstante, a primogenitura, a descendência direta e a representação genealógica do Condestável pertence aos Marqueses de Valença, por o 1.º Marquês de Valença e 4.º Conde de Ourém (por doação directa do condestável, seu avô materno), Afonso de Bragança, ser o filho primogénito de sua mãe: Beatriz Pereira de Alvim, primeira esposa do 1.º Duque de Bragança, D. Afonso. Por esse motivo os Marqueses de Valença mantiveram até aos dias de hoje o uso do apelido “de Portugal” em alusão ao reino e também à varonia real, mais tarde mantida pelo tronco “de Sousa Coutinho” (Borba e Redondo). Esta razão está também patenteada na própria heráldica, mantendo os Marqueses de Valença a “cruz florenciada” dos Pereira alternada com as Armas do Reino, o que já não acontece com o ramo segundogénito, os Duques de Bragança, que nunca tiveram direito ou pretensão a esta representação genealógica.
Por outro lado, a família Mello dos Duques de Cadaval, por sua vez um ramo segundogénito da família Bragança, veio mais tarde a adoptar, em memória ao seu ilustre antepassado e por passarem a ter a varonia Bragança, o apelido “Álvares Pereira” e as mesmas armas dos “Portugal”, o que não lhes induz algum direito de representação, a não ser por pura analogia.
Epitáfio no túmulo de D. Nuno Álvares Pereira, destruído no Terramoto de 1755:
“Aqui jaz aquele famoso Nuno, o Condestável, fundador da Sereníssima Casa de Bragança, excelente general, beato monge, que durante a sua vida na terra tão ardentemente desejou o Reino dos Céus depois da morte, e mereceu a eterna companhia dos Santos. As suas honras terrenas foram incontáveis, mas voltou-lhes as costas. Foi um grande Príncipe, mas fez-se humilde monge. Fundou, construiu e dedicou esta igreja onde descansa o seu corpo.”
| Estandarte de D. Nuno Álvares Pereira
O Estandarte pessoal concebido por D. Nuno Álvares Pereira revela os sentimentos piedosos do Santo Condestável.
O seu pavilhão particular era branco, dividido ao centro em quatro campos por uma cruz vermelha: a cruz do escudo de Galaad, tinta no sangue do redentor; em cada quarto tinha uma imagem piedosa e nos quatro cantos outros tantos escudos da sua linhagem que era a dos Pereiras. No primeiro quarto via-se Jesus Cristo crucificado e aos pés da cruz sua Mãe a Virgem Maria, de um lado e do outro São João, o discípulo amado. No segundo quarto superior, estava a Virgem com o menino ao colo. No terceiro inferior, São Jorge de joelhos, rezando a Deus de mãos postas e finalmente no último quarto, o apóstolo das Espanhas e primeiro de Portugal, San’Tiago, na mesma atitude.
Miguel Villas-Boas
‘Sem os líderes, sem os Santos, sem os heróis, sem os Reis, a História é ininteligível.’, escreveu Charles Maurras, escritor monárquico francês, jornalista, dirigente e principal fundador do jornal “Action Française”.