Fonte: Senza Pagare
segunda-feira, 30 de setembro de 2024
Ladainha a São Miguel Arcanjo
domingo, 29 de setembro de 2024
Oração tradicional a São Miguel Arcanjo
sábado, 28 de setembro de 2024
Comemoração dos 400 anos da Canonização de Santa Isabel de Portugal - Ciclo Coral e Instrumental "São Rosas, Senhores!"- 4.º concerto
No próximo Domingo, dia 29 de Setembro, às 18h, a Confraria da Rainha Santa Isabel retoma o Ciclo Coral e Instrumental, integrado na comemoração dos 400 anos da Canonização de Santa Isabel, Infanta de Aragão, Rainha de Portugal e Padroeira da cidade de Coimbra.
Assim, realiza-se na Igreja da Rainha Santa Isabel, o 4.º concerto do referido Ciclo Coral e Instrumental, com a participação do "Coimbra Gospel Choir".
Recorda-se que este Ciclo Coral e Instrumental "São Rosas, Senhores!" é pessoalmente coordenado pelo Maestro Doutor Paulo Bernardino.
A entrada é livre.
A Confraria da Rainha Santa Isabel conta com a participação atenta de todos!
sexta-feira, 27 de setembro de 2024
PORTVGAL pela mão e no coração de Paulo Teixeira Pinto
Tenho na mão mais do que um livro e tenho dificuldade em caracterizá-lo. A sua capa esclarece que se trata de uma visão mística e poética dividida em oito testemunhos, oito itinerários e oito arcanos e os editores sublinham a circunstância de esta ser uma narrativa pessoal acerca de episódios da história de Portugal. Que me perdoe a edição, mas encontro nele muito mais.
Fosse esta apenas uma narrativa pessoal e não ressoaria nela tanta gente, não seriam percorridos tantos sítios já (des)conhecidos, não nos encontraríamos subitamente connosco e diante de outros. Foi uma alegria especial poder lê-lo, aprender tanto e recordar muito.
Na afonia colectiva em que tristemente decaímos, Paulo Teixeira Pinto ofereceu a sua voz a muitas das melhores que compõem a que deveria ser a nossa e que contribuíram para nos unir no destino octogonal – sincreticamente temporal, espiritual e infinito - que extravasou fronteiras e as eras e rompeu resolutamente “as arcas e os odres”, como a Malta das Naus de António Gedeão, que também ali surge, ortonimamente, para nos recordar o mar e a barca que fomos e que se (a)fez àquele.
De todos os testemunhos na primeira pessoa, tocou-me o desejo de desprendimento do Desejado, cansado de o ter sido e de deambular, Encoberto, na periferia da morte eterna onde Deus (ainda) o não quis receber. Terá o Senhor D. Sebastião finalmente conhecido a cor do medo, já que se terá mantido resolutamente acrómico enquanto morria devagar? Terão as guitarras jazentes - dez mil segundo Catherine Clément -, tangidas pela areia e pelo vento que primeiramente amortalharam a El-Rei, trinado alguma nota dolorida e elegíaca em sua memória? Terá alguma embalado o eterno sono acordado daquele que fechou a coroa portuguesa e reclamou para si a capitania dos exércitos de Deus?
A imagem errante e impetrante por terras da não-vida da fatal Alteza que se fez Majestade recordou-me a mais comezinha, mas não menos dramática, figura do Judeu no Auto da Barca do Inferno. A este, nem o Diabo queria, mas, até a este, foi-lhe permitido seguir à toa - atrelado à Barca onde não podia sequer pôr pé - rumo ao castigo infindo. D. Sebastião apenas pede a condição de servo, o perpétuo esquecimento e um fim definitivo.
Paulo Teixeira Pinto revisitou a “gentileza”, «requisito e pressuposto mandatório para se poder vir a ser ordenado cavaleiro» constante das Ordenações Afonsinas, e os três modos de a alcançar: «a primeira, por linhagem; a segunda, por saber; a terceira, por bondade».
Talvez uma das nossas maiores imperfeições colectivas tenha sido a de, historicamente, termos privilegiado a palavra “fidalgo” como designação indutora de reverência enquanto relegámos “gentil-homem” para os ofícios da Corte: escolhemos para os Grandes o caminho pessoalmente menos exigente - limitado à ascendência - e essa aparente dispensa do dever, a que felizmente nem todos cederam, ter-se-á reflectido num menor esforço generalizado de aperfeiçoamento.
Deambulei por entre as páginas e encontrei nelas sons, cheiros, sabores e luz, e não só velas expiatórias; luz que vislumbro poucas vezes na maioria dos olhos daqueles com quem me cruzo. Desconfio que estejam resignados ao reino contrito e exangue, que Teixeira Pinto também e tão bem descreveu, em vez de sonharem e construírem aquele que deveria ser o nosso: vencida «a ânsia que aguarda a espera», percorrida a «distância que resguarda a esfera. A esfera onde todos somos um só em comum. E em que nenhum está só perante um outro algum». E que ainda pode vir a sê-lo.
Talvez porque nunca conheceram outro. Talvez porque nunca se deixaram maravilhar pela vida, pelo espaço e pelo horizonte desse PORTVGAL sem fim. Talvez porque nunca navegaram em alto mar revolto ou ajoelharam no Convento de Cristo e no Campo de São Jorge ou algum dia falaram em seu nome. Talvez porque não tocaram as pontas do Império desfeito e nem sentiram vontade de se enlaçar nelas armilarmente. Talvez porque nunca se acolheram ao cuidado do seu Anjo Custódio, o único no mundo especialmente encarregado da protecção de um Reino, como nos recorda o autor.
Talvez porque ainda não encontraram nos outros, que também somos nós, aquilo que nos falta para o sermos efectivamente: «A verdadeira essência de um povo» é sobretudo definível «pela intenção e pela intensidade do que seja capaz de partilhar.»
Talvez porque nunca viram militares, antigos inimigos, abraçarem-se, em português, entre lágrimas, gargalhadas e vinho. Talvez porque, depois do lamento de saber como se morre por nada, de Couto Viana, já não se saiba sequer por que se vive.
PORTVGAL de Paulo Teixeira Pinto não é apenas uma narrativa pessoal, é um breviário, um mapa, um descodificador e uma romagem polifónica ao Reino que se recusa a morrer. Um lúcido e encantado «mergulho no fundo do sonho» - para regressar a Gedeão -, saudade feita clamor… pelo futuro.
João Vacas, in Correio Real nº 29
Fonte: Real Associação de Lisboa
quinta-feira, 26 de setembro de 2024
A choldra
Portugal em 1969 tinha 150 mil funcionários públicos » (8,5 milhões de habitantes)
quarta-feira, 25 de setembro de 2024
Crítica XXI - NÚMERO 8 . VERÃO 2024
Crítica XXI é uma revista que procura olhar e entender o mundo com a independência, a liberdade e a verdade de quem não tem de ceder a narrativas de conveniência. Assim, à beira de um Outono que vai ser marcado pela eleição norte-americana, essencial também para o futuro do mundo e da Europa, a América, os valores da América e a análise do actual confronto de valores na América mereceram-nos especial atenção.
Neste número 8, em “A atribulada História do GOP”, Lívia Franco traça a história do Partido Republicano, do Great Old Party, dos primórdios ante-bellum até ao reaganismo. O que vem depois, Trump, o trumpismo, o nacional-populismo identitário e o novo “populismo intelectual” pós-liberal de J.D. Vance, fica em “O fim de um outro Mundo de Ontem – a nova direita americana” de Jaime Nogueira Pinto.
E porque a cultura americana se faz também de formas outrora “novas”, como a banda desenhada, os quadradinhos, Carlos Maria Bobone analisa na História e na história política a pátria dos comics e dos “super-heróis”.
Outra característica importante da América – hoje em profundo contraste com uma Europa ocidental descristianizada – é a religiosidade. E os Evangélicos, particularmente militantes e conservadores, são ali determinantes. Tiago Cavaco, em “As Urnas dos Evangélicos”, explica como e porquê.
Rui Ramos continua neste número a sua crónica sobre a Guerra Civil em Portugal. “Terá de haver sangue: A guerra longa” conta-a desde o cerco do Porto, explicando porque é que os miguelistas não conseguiram tomar a cidade e como é que, depois, com a expedição ao Algarve e a marcha sobre Lisboa, os liberais venceram.
Em Portugal a narrativa oficial dos 50 anos do 25 de Abril celebra a efeméride como a abertura a todas as liberdades, sobretudo a de expressão. Em “Se o Bandarra fosse vivo”, Miguel Freitas da Costa diz que não terá sido bem assim e conta como é que entre Abril e Outubro as publicações dissonantes, entre elas a revista Bandarra, foram neutralizadas.
Em “Poética neo-romântica e moderno lusitanismo de António Sardinha”, José Carlos Seabra Pereira estuda a poesia do mestre do Integralismo Lusitano, que morreu prematuramente aos 37 anos, em 1925. (A E-Primatur acabou, entretanto, de publicar a obra poética de António Sardinha, Poesia, com organização de José Manuel Quintas e Manuel Vieira da Cruz e posfácio de José Carlos Seabra Pereira. Saiu agora, em Setembro).
Nas Notas Críticas, Teresa Nogueira Pinto escreve sobre J.D. Vance, o seu livro Hillbilly Elegy e as convicções pós-liberais do candidato a vice-presidente americano.
A sátira da burocracia é uma tradição do humor ocidental. Utopia -Dreamland é uma série das Working Dog Productions para a televisão australiana. Eurico de Barros explica o que são e o que valem estas criações de Rob Sitch.
O padre Duarte da Cunha e o economista João César das Neves tiveram a ideia de explicar São Tomás de Aquino aos mais novos e ao comum dos leitores. O livro é GPS Aquino: Pequeno guia para a leitura de São Tomás e José Maria Cortes escreve sobre a empreitada e o volume que dela resultou.
Duarte Branquinho faz a recensão da tradução para português de uma obra importante – État Civil, de Drieu La Rochelle. Estado Civil é a biografia da infância do maior dos “escritores malditos” franceses.
No fim, uma leitura de Dedico-lhe o meu silêncio, o anunciado “último romance” de Mário Vargas Llosa. Carlos Maria Bobone rompe o silêncio para dizer que o prémio Nobel peruano já teve dias e obras melhores.