Crítica XXI é uma revista que procura olhar e entender o mundo com a independência, a liberdade e a verdade de quem não tem de ceder a narrativas de conveniência. Assim, à beira de um Outono que vai ser marcado pela eleição norte-americana, essencial também para o futuro do mundo e da Europa, a América, os valores da América e a análise do actual confronto de valores na América mereceram-nos especial atenção.
Neste número 8, em “A atribulada História do GOP”, Lívia Franco traça a história do Partido Republicano, do Great Old Party, dos primórdios ante-bellum até ao reaganismo. O que vem depois, Trump, o trumpismo, o nacional-populismo identitário e o novo “populismo intelectual” pós-liberal de J.D. Vance, fica em “O fim de um outro Mundo de Ontem – a nova direita americana” de Jaime Nogueira Pinto.
E porque a cultura americana se faz também de formas outrora “novas”, como a banda desenhada, os quadradinhos, Carlos Maria Bobone analisa na História e na história política a pátria dos comics e dos “super-heróis”.
Outra característica importante da América – hoje em profundo contraste com uma Europa ocidental descristianizada – é a religiosidade. E os Evangélicos, particularmente militantes e conservadores, são ali determinantes. Tiago Cavaco, em “As Urnas dos Evangélicos”, explica como e porquê.
Rui Ramos continua neste número a sua crónica sobre a Guerra Civil em Portugal. “Terá de haver sangue: A guerra longa” conta-a desde o cerco do Porto, explicando porque é que os miguelistas não conseguiram tomar a cidade e como é que, depois, com a expedição ao Algarve e a marcha sobre Lisboa, os liberais venceram.
Em Portugal a narrativa oficial dos 50 anos do 25 de Abril celebra a efeméride como a abertura a todas as liberdades, sobretudo a de expressão. Em “Se o Bandarra fosse vivo”, Miguel Freitas da Costa diz que não terá sido bem assim e conta como é que entre Abril e Outubro as publicações dissonantes, entre elas a revista Bandarra, foram neutralizadas.
Em “Poética neo-romântica e moderno lusitanismo de António Sardinha”, José Carlos Seabra Pereira estuda a poesia do mestre do Integralismo Lusitano, que morreu prematuramente aos 37 anos, em 1925. (A E-Primatur acabou, entretanto, de publicar a obra poética de António Sardinha, Poesia, com organização de José Manuel Quintas e Manuel Vieira da Cruz e posfácio de José Carlos Seabra Pereira. Saiu agora, em Setembro).
Nas Notas Críticas, Teresa Nogueira Pinto escreve sobre J.D. Vance, o seu livro Hillbilly Elegy e as convicções pós-liberais do candidato a vice-presidente americano.
A sátira da burocracia é uma tradição do humor ocidental. Utopia -Dreamland é uma série das Working Dog Productions para a televisão australiana. Eurico de Barros explica o que são e o que valem estas criações de Rob Sitch.
O padre Duarte da Cunha e o economista João César das Neves tiveram a ideia de explicar São Tomás de Aquino aos mais novos e ao comum dos leitores. O livro é GPS Aquino: Pequeno guia para a leitura de São Tomás e José Maria Cortes escreve sobre a empreitada e o volume que dela resultou.
Duarte Branquinho faz a recensão da tradução para português de uma obra importante – État Civil, de Drieu La Rochelle. Estado Civil é a biografia da infância do maior dos “escritores malditos” franceses.
No fim, uma leitura de Dedico-lhe o meu silêncio, o anunciado “último romance” de Mário Vargas Llosa. Carlos Maria Bobone rompe o silêncio para dizer que o prémio Nobel peruano já teve dias e obras melhores.
Sem comentários:
Enviar um comentário