D. Carlos I (1863-1908) foi o primeiro Rei de Portugal a morrer de morte violenta depois de D. Sebastião, em 1578. Foi também um dos mais inteligentes e capazes reis do seu tempo, quando a Europa era ainda, com excepção da França e da Suiça, um conjunto de Monarquias. D. Carlos correspondia bem, pelas suas ideias e interesses, ao tipo do fidalgo liberal, o equivalente português da aristocracia whig inglesa. Graças a uma educação cuidada, adquiriu grande competência em pintura e em ciências naturais. Administrou as suas propriedades agrícolas no Alentejo com cuidado. D. Carlos tinha 26 anos quando foi aclamado Rei, a 19 de Outubro de 1889, e apenas 44 quando morreu, a 1 de Fevereiro de 1908. Tal como os seus antecessores imediatos, desempenhou o papel de árbitro entre os líderes dos grandes partidos constitucionais, cuja governação acompanhou com atenção, especialmente no que dizia respeito às relações externas do país. Como já acontecera a seu pai, teve de viver com um movimento político entre os seus súbditos que se propunha abertamente destruir a Monarquia. Nos seus últimos dias, porém, D. Carlos julgou que estava no caminho certo para assegurar a continuidade da Monarquia constitucional, através de uma renovação das lideranças partidárias e de uma reafirmação dos principios do liberalismo, sinceramente partilhados pelo Rei.
Era um homem independente, sensato e corajoso, capaz de suportar grandes pressões e de tomar decisões arriscadas quando se impunham. Morreu por causa das suas qualidades, não por causa dos seus defeitos.
Rui Ramos, D.Carlos, Temas e Debates
Sem comentários:
Enviar um comentário