A vinda do FMI é boa, apenas, no sentido de nos abrir os olhos. Abrir os olhos aos hipnotizados pela lenga-lenga das conquistas irreversíveis. Não há "conquistas" irreversíveis! O Estado-Social, tal como apareceu nos anos 50, tinha espaço numa conjuntura de crescimento económico muito significativo, a demografia era estanque, o mercado era emergente, a finança não especulava, os juros eram relativos ao peso específico de cada país. Passados 60 anos as contas são outras. O modelo tem de ser redesenhado face a novas contingências, principalmente a demográfica. No modelo em que vivemos o Estado-Social dura mais uma década. Não querer ver isso é não querer fazer, AGORA, as reformas necessárias. O que deve ser apoiado pelos impostos? Quais as infraestruturas ou estruturas imprescindíveis? Qual a nossa capacidade? Que meios, que redistribuição é possível? O que deve ser o apoio social e em que áreas?
Aqueles que dizem que não se pode tocar no "estado-social" são os principais culpados por este vir a finar. É sempre assim. O povo vive entretido e quando vota vota por clubismo. Depois a culpa é de "todos"! Os políticos e os sindicatos preparam-se para destruir o estado-social em nome das "conquistas" irreversíveis, do "intocável", em nome da frustração que os tolhe.
João Amorim
Fonte: Os Carvalhos do Paraíso
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