Dezassete aves de rapina, na sua maioria falcões, são a grande atracção da Falcoaria Real de Salvaterra de Magos, edifício que no século XVIII serviu de apoio às caçadas reais e que a autarquia recuperou em 2009.
“As demonstrações de voo são o que as pessoas gostam mais”, disse à agência Lusa Patrícia Leite, a técnica que faz as visitas guiadas pela história da falcoaria, contada num filme, em painéis e na exposição de objectos usados numa arte que começa a conhecer um novo surto de interesse.
Pedro Féria, o falcoeiro da empresa responsável pelo tratamento e treino das aves de rapina ao serviço da Falcoaria Real, reconhece neste espaço um local de excelência para a divulgação da falcoaria.
“Muita gente não conhece, não faz ideia que ainda está ativa no país”, disse à Lusa, sublinhando que cada vez mais caçadores tiram carta de cetreiros (para caça com aves de rapina) e que cada vez há mais “amantes desta modalidade”.
A própria Falcoaria Real dá cursos de iniciação e das visitas ao espaço, que recebe muitas crianças, sobretudo durante a semana, mas também famílias e grupos aos fins-de-semana, resulta, por vezes, o interesse por aprender, disse.
A Falcoaria Real de Salvaterra de Magos, classificada como imóvel de interesse público em 1953, data dos inícios do século XVIII, tendo os primeiros falcões, oferecidos ao rei D. João V pelo Grão-Mestre da Ordem de Malta, chegado em 1745.
Sete anos depois, 10 falcoeiros holandeses vindos de Valkenswaard, onde existia uma importante escola de altanaria (forma de caça em que os animais são capturados por aves de presa adestradas para esse fim) e cujas falcoarias serviram de modelo a esta, fixaram-se em Salvaterra.
Um desses falcoeiros, o mestre Henrique Weymans, recebe hoje os visitantes na sala de exposições, num quadro interactivo, onde se apresenta e responde às questões seleccionadas.
A Falcoaria e a capela encontravam-se num extremo do antigo Paço Real, que incluía um vasto conjunto de edifícios (desde os aposentos da família real, corte e serviçais, Casa da Ópera, residência do almoxarife, cozinhas, coxeiras, cavalariças, anexos agrícolas) e de espaços descobertos (hortas e jardins).
Gravemente danificado pelo terramoto de 1755, o Paço de Salvaterra ainda foi recuperado, entrando em decadência a partir do início do século XIX.
Cedido ao Estado pela rainha D. Maria II em 1849, já bastante arruinado, acabou por ser arrematado em hasta pública, tendo parte das suas paredes sido demolidas e a pedra aproveitada para as ruas e estradas do concelho.
Foi já em avançado estado de degradação que a Câmara Municipal de Salvaterra de Magos adquiriu o edifício, em 1999, conseguindo recuperar, praticamente intacto, o pombal com mais de 300 nichos.
Um outro pombal foi descoberto durante as obras, acolhendo agora uma casa de chá, que se junta ao restaurante, já em funcionamento, e ao alojamento local que irá abrir em breve.
A Falcoaria Real de Salvaterra de Magos está aberta de terça-feira a domingo, sendo que no verão as demonstrações de voo só podem ser feitas às horas de menor calor.
Mesmo sem voo, vale a pena ver os falcões peregrinos, lanários e de sacre, as águias búteo de Harris ou, as estrelas da Falcoaria, o casal de bufos reais.
Fonte: Correio do Ribatejo
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