quinta-feira, 1 de setembro de 2011

As origens, a lealdade e o descaminho…

Muitos referem-se ao Futebol Clube do Porto como uma “Naçon”…e de facto são! São uma nação (hoje) à parte, uma nação fundada na nossa verdadeira origem: o azul e o branco. São os que sustentam (como os Açores noutro contexto) o Azul e Branco verdadeiramente pátrio! São, no presente, a continuidade do que fomos há 100 e durante 767 anos. Foi este cunho, esta matriz, que o seu fundador António Nicolau de Almeida quis introduzir e conseguiu! Conforme nos é dito pela História, quando ele traz, de Inglaterra, o futebol para o Porto, ele quis, desde logo, marcar a diferença colocando as cores de Portugal, e da Monarquia Constitucional, nas cores do equipamento do Clube que ia fundar, marcando posição (e oposição) às “novidades” que os ventos traziam e com as quais não concordava. Ele, sendo um próspero comerciante, liberal, viajado e progressista, era leal, como português, ao seu Rei (por mais atacado que ele fosse) e a Portugal. “São nos momentos difíceis que devo mostrar quanto vale a minha determinação e convicção”…penso eu (de) que terá sido isto que motivou Nicolau de Almeida.
Os portistas por serem azuis e brancos, reflectem um Portugal maior que nós, um Portugal de vitórias que nós não conhecemos: o da Monarquia! Está-lhes, literalmente, incrustado nas suas peles por intermédio das cores que transportam nas suas camisolas. É tradição, é fundação, é progresso e presentemente são resultados…é indesmentível!
Outro reflexo disso mesmo foi a coragem de terem conservado uma coroa no seu emblema, aliás, à semelhança daquilo que prolifera nos países desenvolvidos (monárquicos) da Europa . É o único dos três grandes…nunca repudiaram a sua origem nem a deste País. Antes conservaram-na!
 
Ora, sou sportinguista até morrer e guardo com orgulho o facto do meu Sporting Clube de Portugal, em 1908, ter sido o único Clube a estar representado no funeral de Sua Majestade El-Rey D. Carlos I e seu filho o Príncipe Real D. Luís Filipe de Bragança. Porém, com uma tradição não menos desarreigada da Monarquia Constitucional que o clube do Porto, não posso deixar de estranhar que, após a brutal imposição da república, o meu Clube, pelas suas origens e até pelo facto histórico descrito, não se tenha insurgido por acção, ou omissão, contra um regime que não devia ser o nosso. Institucionalmente existiam formas democráticas recorríveis… Custa-me a palavra, mas houve um certo comprometimento com o regime e muita inacção, sobretudo, na Ditadura. Poucos foram os meus dirigentes que, historicamente, tenham marcado excepção ao republicanismo.
Neste contexto, não consigo evitar a comparação do verde e do vermelho com as cores do regime actual: a república. Sendo certo que predomina, em todos os sentidos e de forma generalizada, o vermelho, também proporcionalmente na "maioria", a verdade é que não deixa de haver um paralelismo reflexo: os eternos dois maiores transportam as cores da república e lá vai ela caminhando e tropeçando, com muitos calados. Infelizmente são essas cores que traduzem a nossa dura realidade hodierna. Uma realidade, em substância, de derrotas, uma realidade à parte de Portugal de 1143 a 1910.

Mas não posso terminar sem falar nas excepções e são nestas que encontro, na vida, na experiência, o mais funestos dos resultados. Os maiores monárquicos encontram-se distribuídos na ordem inversa das maiorias referidas. Pena maior é a minha que uma enorme massa de adeptos do Futebol Clube do Porto estejam desinformados, sequer conhecem a exacta origem da sua mística, sendo eles os mesmos que transportam as reais/verdadeiras cores da Nação. Muitos sequer conhecem António Nicolau de Almeida, mais preocupados que estão em seguir outro “pai”, quiçá à mercê de uma fórmula única e efémera que não deixará legado nem futuro ao “papado”.
Muito arreigados às suas origens, e muito bem, são os nortenhos. Foi no Norte que subsistiu o último fulgor de alternativa, a designada “Monarquia do Norte” (1919). Enumeras vezes vi bandeiras da Monarquia Constitucional nos estádios do Guimarães e do Braga. No clube da cidade do Porto prolifera o azul e branco, mas estandartes que rivalizem com o vermelho e com o verde, bom…nunca vi, sequer em fotos. Por isso hoje, neste contexto especifico, e exceptuando uma honrosa minoria, não consigo evitar de invocar duas frases, respectivamente, da escritora Fernanda Ilario e do pensador M. M. Soriano: «A traição é uma saída para quem não sabe se entregar por inteiro»; e «A pior traição é a de princípios, porque é cometida por nós, contra nós mesmos».
 
 


1 comentário:

Carlos Gomes disse...

A pronúncia "naçom", aliás à semelhança das demais pronúncias de outras regiões do país, denuncia antigas formas dialectais que antecederam a Língua portuguesa tal como actualmente a entendemos ou seja, resultante das influências que registou ao longo da História, desde a ocupação romana ao contacto com outros povos no período das Descobertas.
Neste caso, "naçom" revela a origem comum do Galego e da Língua Portuguesa, aliás um única língua comum com diferentes ortografias, tal como se verifica com o português falado no Brasil. Aliás, era "naçom" que outrora se escrevia...