A nubente é neta de dois homens célebres do Quebeque, o Ex-primeiro-ministro Jean Chrétien e o grande homem de negócios, Paulo Desmarais.
De modo que este casamento recebeu 750 convidados (dos mais ilustres) daqui e do mundo. Parabéns e felicidades aos noivos! Um espectáculo! Porém, nós não fomos nem somos convidados dessa boda. Ainda bem… Valha-nos ao menos essa. Não se admirem então se não virem aqui um desfile de letras com o nome de todos os convivas.
Contudo, damos as boas-vindas aos Duques de Bragança e ao Duque de D’Arenberg que fizeram uma agradável visita, precisamente ao coração da comunidade portuguesa de Montreal, a Santa Cruz.
Dom Duarte Pio de Bragança e sua esposa D. Isabel de Herédia foram convidados à assistir ao enlace matrimonial acima referido, Suas Altezas Reais ainda pertencem às famílias dos noivos.
Dito isto, o casal real pernoitou em Montreal e no domingo dia 8 de Setembro encontrou-se com o povo luso. O salão nobre estava repleto de gente ansiosa por receber e aplaudir o herdeiro da coroa portuguesa, sua esposa e o príncipe belga.
Coube ao Sr. Padre José Maria Cardoso, amigo acérrimo dos ilustres visitantes, o papel de mestre-de-cerimónias. A principal questão é que tudo decorreu como o Pe. José Maria e a sua equipa o desejavam.
Por sua vez, o Jason Côroa regalou os convidados reais e os demais com o carinho da sua presença e a alegria da sua voz. O Jason interpretou A Portuguesa – O Hino Nacional.
Ricamente vestidos, com os trajes do Minho e da Nazaré, estavam aqueles Grupos Folclóricos que abriram alas para deixar entrar o casal real e o Duque de D’Arenberg. Leopold, embaixador da Ordem Soberana de Malta em Portugal já tinha estado em Montreal, de visita à comunidade, no ano de 2007. Pela mesma ocasião, o Duque de Bragança e o de D’Arenberg apoiaram a criação do centro educativo da Missão de Santa Cruz, UTL. O Príncipe Leopoldo de D’Arenberg no seu discurso oficial referiu a remessa de livros que ofereceu às Escolas de Santa Cruz e Lusitana, tanto na primeira viagem como nesta sua passagem pela Missão de Santa Cruz. No seu discurso, o Duque de D’Arenberg frisou que o apoio e a partilha são elementos fundamentais para um bom desenvolvimento social e cultural, neste caso aposta nos jovens das escolas portugueses como motores estratégicos de preservação da língua e da cultura lusas.
Os Duques na pose com o Rancho Folclórico da Missão Santa Cruz.
Ao lado dos Duques marcou presença o Sr. Cônsul-Geral de Portugal em Montreal, o Dr. Fernando Demée de Brito, com o qual trocamos algumas palavras. A meu ver, a presença de um diplomata nos eventos da Comunidade é sempre uma mais-valia e uma nota social no concerto diário que é a vida de um povo longe da sua Terra.
Com esta visita quisemos saber, quer pela história quer pelo interesse que nos move, com Dom Duarte Pio de Portugal: se a monarquia voltasse sua alteza seria o novo rei? «Claro que individualmente pensaria no meu País a longo prazo e teria uma visão futura, não pensaria apenas em ganhar as próximas eleições». Para Dom Duarte a primeira República foi um desastre: «Perseguiram os sindicatos, as mulheres e as minorias que não votavam. Não se cultivava o bom senso, o carinho, o amor. Apodreceu a moral… » Sr. Dom Duarte é o que estamos a viver agora em Portugal, não? Silêncios e logo a resposta: «Minha senhora vai mal a moral em todo o sentido da palavra e da moral-sexual nem bom é falar, não é só em Portugal, por todo o mundo».
Na pergunta seguinte quisemos saber o que pensa Dom Duarte da crise financeira tão falada em Portugal: «Há muitos problemas nacionais difíceis de resolver». Não os nomeamos por falta de coragem ou talvez por vergonha… Ao que chegou a Nação que me deu luz. Porque será que gasto agora o meu tempo e os meus olhos a escrever sobre ela?» Responda D. Duarte ou mesmo o Primeiro-ministro de Portugal. Dom Duarte falou na justiça: «Como não há dinheiro, há muitos culpados que conseguem a liberdade (por dá cá aquela palha) como foi o caso de vários reincidentes aos fogos, saem das prisões sem que justiça seja feita, depois voltam a fazer o mesmo».
Dom Duarte gosta imenso de viver em sua casa, em família e diz entender-se bem com a vizinhança. A única pena, afirma: «Desgosta-me e vejo muito descontrolo à minha volta, estão a desfigurar Portugal, algumas construções feitas por lá em aldeias e cidades são autênticos atentados à paisagem e ao nosso valioso património».
Ui… anda tudo de candeias às avessas, está visto. Mas não há grande espaço para continuar esta conversa tão interessante. Dom Duarte foi extraordinário e não tem papas na língua. Faria um excelente monarca! Temos a certeza e não ocuparia o cargo de ministro de prateleira ou o de flores de enfeite, é todo destemido, culto e moderno.
Dom Duarte Pio de Bragança (1945) casou com Dona Isabel de Herédia no ano de 1995. São pais de Dom Afonso, de Dona Maria Francisca e Dom Dinis.
No pouco que falámos com Dona Isabel vimos nela uma mulher orgulhosa do seu País, das suas origens e da sua cultura identitária. Uma duquesa que vive na procura de meios para que a paz social reine entre os homens e o mundo. Notámos que a educação de seus filhos é uma prioridade todavia, baseando-se nos tempos difíceis em que vive Portugal, preocupa-se com o futuro. Dona Isabel revela ser uma mãe afectuosa que preza a família e respeita a sociedade e seus valores. Na sua casa de Sintra vive num paraíso harmoniosamente com a sua família. Dona Isabel sentiu-se acarinhada pelo povo português de Montreal. Assim sendo, depois de ter sido coroada com seu esposo – em nome de Deus e do Divino Espírito Santo – parte agora de alma plena e pretende cultivar esta amizade para o resto da sua vida.
Dom Duarte saúda e agradece a todos quantos o receberam. E faz um apelo aos imigrantes de Montreal e do Canadá para que se inscrevam no consulado da Vª. área de jurisdição e votem nas eleições, como cidadãos de Portugal.
Finalmente, notamos que os duques partiram satisfeitos mas a sensação de bom grado e enriquecimento mútuo ficou no ar. É de grande importância que nestes acontecimentos o ambiente seja sereno, selecto e bem planificado. Foi isso que sentimos até ao fim. Todos confraternizaram com os Duques levando na mão e aos lábios o seu portinho de honra. Honra lhe seja feita Padre Zé Maria.
LUSOPRESS, Adelaide Vilela, 19 de Setembro de 2013
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