quinta-feira, 8 de maio de 2014

Monárquico e Detective

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O economista norte-americano Thomas Sowell advertiu para o que hoje sabemos, malogradamente, de cor: “Parece que estamos a rumar em direcção a uma sociedade onde ninguém é responsável pelo que faz, mas todos nós somos responsáveis por aquilo que outras pessoas fizeram no presente e no passado”.
Dão-se alvíssaras: À PROCURA DA ALEGADA ÉTICA REPUBLICANA!
Mandatasse o maior detective do Mundo para tal demanda – a de procurar a alegada Ética republicana – e mesmo ele teria uma dificuldade oceânica em encontrar bom porto! Como desenvolver positivamente essa tarefa de encontrar “a dita e tão referida” – à boca cheia – se nunca dela vislumbramos um assomo que seja, ou mesmo um assombro, já que é de republicanisses que se trata.
Assim, não precisava de ser indivíduo de poderosa imaginação – como o maior detective do mundo – para concluir que só se pode tratar de “UMA AGULHA NUM PALHEIRO!”
Mas se a não descubro, será porque a fabricaram – mas lembremos que qualquer mentira para parecer verdadeira tem que ter nem que seja um elemento de verdade.
Mas não, pelo que sou levado a concluir que se trata tão-somente de um bordão linguístico!
Uma palavra ou uma expressão usada com elevada frequência no discurso oral que, por ser repetida imensas vezes, acaba por se tornar uma espécie de vício na fala.
Parece então, que, ética republicana são palavras ou uma expressão que servem de “bengala” aos políticos quando estão a falar, e, que das duas, uma, ou mesmo as duas: lhes permitem dar algum tempo para pensar no que se vão dizer a seguir e/ ou evitam pausas longas no seu discurso.
De facto, tornou-se um bordão linguístico tão comum como os conhecidos: ó pá…. quer dizer… portanto… pronto(s)… é assim… tipo… então…
Dá vontade de rir, embora não se trata de uma comédia, mas sim de uma tragédia que assume proporções iguais ou semelhantes à grega.
O traço mais grave e mais geral desta falta de Ética republicana é a condescendência com os plutocratas cleptomaníacos, permitindo-se-lhes – inclusive a Justiça – “uma vida airada!”, à custa dos sacrifícios do contribuinte. Paralelamente, a uma enorme sufocação com impostos a que os verdugos submetem o cidadão comum – confiscando-lhes os rendimentos mais diversos -, assiste-se a uma complacência generalizada com os grandes corsários seus amigos.
Quando saem à “Caça” – palavra deles – é para “Caçar” os que já são esboroados pela carga da canga fiscal, e sempre às ordens de uma entidade estrangeira sem personalidade jurídica que teimam em agradar a todo o custo, mesmo que à custa das vidas dos portugueses que deviam defender, desiderato pelo qual foram eleitos.
Não é incomum, os interesses mais abusivos do Estado tomarem a forma e a cor do direito para se imporem.
Consequências gravíssimas atingem o Povo sobrecarregado com cortes nos salários, esbulho das pensões, confisco dos rendimentos, fome, penúria, falta de saúde, emigração dos adultos jovens – desempregados e sem oportunidades – quebra na natalidade, enquanto se verifica um aumento galopante da dívida pública e se assiste à criação de proveitosas sinecuras.
Depois os politiqueiros dando-se ares de importância que manifestamente não possuem, enclausurados numa redoma de privilégios, a todo custo tentam manter o status quo e procuram mascarar a má qualidade do produto que “vendem” em tempos de eleições, mas cuja banda sonora de fundo grita o refrão: “Desculpem o Pouco!”
Enfatuam uma pose institucional e calcorreiam periclitantes desfilando a vaidade, um mais ombreado que outro por energúmenos de pistolita ou em potentes limusinas bávaras. Fazem-se afectados por uma cultura que não têm mas que supõem ter, ostentando, outrossim, uma ignorância efectiva, que não se inibem de mostrar publicamente através da eloquência histérica! Que alacridade mostram as criaturas com as suas quixotadas – bazófias ridículas de quem não reconhece que falha a toda a linha!
Afrontados que somos por esta falta de mínimo ético, por quem com o seu clubismo imergiu as instituições estatais numa crise abissal ao assinarem os contratos da nossa desgraça, não podemos conter o nosso protesto sabendo que há efectivamente uma solução, um modelo que nos afastará desta espiral de crise e dos manifestamente responsáveis pela actual situação do País, e que nunca estiveram à altura das enormes responsabilidades que assumiram sem qualquer preparação. Com frequência rodeados de bandidos que chamam muitas vezes para o seu círculo de poder, distribuindo-lhes cargos e alvíssaras: “pingues sinecuras e rendosas conezias” – como lhes chamava o nosso Eça de Queiroz.
Não poucas vezes, após um curto período de nojo, impõem-nos os caídos em desgraça, que, picados pela ambição, retornam sem pudor. Não deixa de ser preocupante a redenção institucional que se fazem a figuras de má-memória!
E tudo isso pagámos nós, cidadãos comuns, enredados na teia do Confisco que nos cerca preparando-se sempre para dar o bote.
“Acho uma moral ruim
trazer o vulgo enganado:
mandarem fazer assim
e eles fazerem assado.”
- António Aleixo
De facto, “As repúblicas são mais oligárquicas, mais aristocráticas e mais plutocráticas do que as Monarquias”, como defendeu André Rebouças, o Abolicionista Brasileiro. E também, apontou para um facto fundamental: “É mais fácil democratizar um rei ou uma rainha do que um parlamento aristocrático, oligárquico e plutocrático.” Porque não subsista dúvida que é isso que é hoje o Parlamento português.
Foi um século perdido, com exuberância dos políticos cada dia mais gordos e aperto das gentes cada dia mais magras.
Mesmo os melhores programas de reforma apresentados em tempo de candidatura ao poder acabam por converter-se num establishment tecnocrático tão curto de vista como um Ciclope.
Recorde-se o pensamento de Correia dos Remolares: «Que sendo uma República governo de muitos e já tão difícil encontrar Homem Bom para Rei, mais difícil seria conseguir-se juntar os tantos honrados para uma República…»
E claro que se pode e deve distinguir uma e outra coisa e pode-se afirmar que é difícil saber como obtê-la, mas ninguém pode negar a outrem o entendimento de que só se muda chamando o REI! Isto porque, Reinar é uma especialização na defesa dos interesses da Nação.
É essencial que a prática do poder deixe de ser confusa e passe a ser executada de acordo, não só com o mínimo ético, mas, ainda mais além, que se irmane com a moral. Não se deve demarcar nem contrapor Moral e Política, uma vez que o bem-ser regula sempre o bem-fazer. Não pode subsistir o Poder pelo Poder, com a frustração da Moral, mas sim unir-se os dois conceitos, para se alcançar o soberano bem da Nação. Fazer mal porque se pode, não!
É necessário, uma verdadeira comunicação entre os cidadãos e aqueles que são eleitos para os representarem. Não podem continuar cativos de um mundo gasto, embarrancados na imutabilidade, sem poder realizar outro caminho.
É, também, por isso que a Monarquia será uma terapia de choque democrático.
Atente-se o exemplo do Sistema Eleitoral na Monarquia Constitucional Parlamentar Britânica no qual para a eleição dos Membros do Parlamento se estabelece um sistema de eleição individual, por método maioritário e por meio de círculos eleitorais uninominais. E, consequentemente, todos os cidadãos britânicos têm o direito tradicional de pedir para serem recebidos pelos seus Membros do Parlamento, encontro que se verifica no ornamentado Salão Central (Central Lobby). Hoje, nenhum cidadão pode requerer o mesmo no nosso País!
Ora aí está um exemplo de Monarquia de Democracia meritória que queremos ver implementado no nosso País!
Depois, a figura do Rei que exprime a virtude da abnegação ao bem comum fará repercutir nas instituições democráticas essa disciplina moral. Pouco mais se imporá aos políticos, depois fazer, pois evoquemos as palavras do 2.º Conde de Alvellos, em “O Berço Exilado”: «Para bem governar Portugal basta ser – realmente – Bom, porque a Bondade dos Antigos Reis, fez deste Povo, o melhor dos melhores povos do Mundo».

Miguel Villas-Boas

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