Durante o reinado de S.M. o Rei D. Luís I, Portugal completa o seu divórcio com o passado, deixa as ideologias vãs, e desemboca, energicamente, na senda do utilitarismo, do fomento e do desenvolvimento material. Lembremos o retrato do monarca - a quem o escritor chamou ‘O Bom’ - traçado pela caneta de Eça de Queiroz: ‘para presidir a esta revolução, que cobriu a terra de instrumentos de riqueza e radicou na gente a importância dos interesses, el-rei D. Luís era, pelas favoráveis feições do seu espírito liberal, transigente, modernizado, acessível às inovações, o chefe mais congénere e perfeito. Daí proveio, entre o rei, beneficamente inclinado às reformas, e o reino, que ardentemente se reformava, uma harmonia sólida e séria que, em vinte e oito anos, não sofreu uma interposição nem foi toldada pela sombra.’ Assim foi Dom Luís I, o Popular.
De facto, Dom Luís I de Portugal era senhor de um temperamento calmo e conciliador, pelo que foi um modelo de monarca constitucional, respeitador zeloso da separação de poderes e das liberdades políticas e públicas.
Dos vinte e oito anos de reinado do vigésimo oitavo Rei de Portugal, o Senhor D. Luís I, no foro legal e dos direitos humanos, importantes progressos se verificaram, de que merecem especial destaque: Portugal foi o primeiro País do Mundo a abolir da pena de morte para os crimes civis, em Julho de 1867. “Felicito a vossa nação. Portugal dá o exemplo à Europa. Desfrutai de antemão essa imensa glória. A Europa imitará Portugal. Morte à morte! Guerra à guerra! Viva a vida! Ódio ao ódio!”, enalteceu Victor Hugo; aconteceu, também, a abolição da escravatura, em todo o Império Português, a 25 de Fevereiro de 1869. Foi publicado o primeiro Código Civil, e, não havia censura à imprensa.
No domínio dos melhoramentos públicos deu-se o início das obras dos portos de Lisboa e Leixões.
Em 1871, foi nomeada uma Comissão incumbida de apresentar o plano geral das obras de melhoramento da Capital, obras de defesa do porto de Lisboa e as baterias do Bom Sucesso, do Forte de São Julião da Barra e dos redutos de Sacavém e Alto do Duque. Foi ainda no reinado do popular Monarca português que se deu o alargamento da rede de estradas e a construção do Palácio de Cristal para a ‘Exposição Internacional do Porto’, em 1865.
D. Luís era principalmente um homem das ciências, com uma paixão pela oceanografia. Investiu enorme parte da sua riqueza no financiamento de projectos científicos e de navios de investigação oceanográfica, que percorreram os diversos oceanos pesquisando novos espécimes.
D. Luís abraçou a passada de Sua Majestosa Mãe e ordenou a construção e fundação de associações de índole cultural como a ‘Sociedade de Geografia’ em 1875, mas também de carácter social como a criação de albergues nocturnos para os indigentes, em Lisboa e no Porto.
Na senda de seu augusto Pai – o Rei Consorte D. Fernando II - Dom Luís era um homem culto e de educação esmerada, como todos os seus irmãos. Dotado de profunda sensibilidade e talento artísticos, pintava, compunha e tocava violoncelo e piano – eram de antologia os serões na corte animados por Dom Luís ao piano ou violoncelo, enquanto Dom Fernando II entoava a sua voz de tenor. Para além das línguas clássicas, falava na perfeição algumas línguas europeias: inglês, francês, alemão e italiano e fez traduções de obras de Shakespeare. Dom Luís I de Portugal foi um Monarca ilustrado e o seu reinado lançou Portugal na senda do progresso e desenvolvimento material e social!
Miguel Villas-Boas
Fonte: Plataforma de Cidadania Monárquica
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