Na Sala do Capítulo do mosteiro de Santa Maria da Vitória da Batalha, altar da pátria, alumiado por um lampadário, encontra-se em campa rasa o túmulo do Soldado Desconhecido que exibe a solene inscrição “Portugal eterno nos mares, nos continentes e nas raças, ao seu Soldado Desconhecido morto pela Pátria”. Um profundo silêncio domina aquele espaço guardado em permanência por dois militares. Os restos mortais que ali jazem vieram da Flandres e de África, cenários de guerra em que o Exército Português padeceu sofrimentos e ofereceu o seu sangue naquela terrível guerra cujo centenário se evoca neste ano de 2018.
Sobre o túmulo, um Cristo amputado e enegrecido. É o Cristo das Trincheiras, imagem do Crucificado que os soldados portugueses levantaram altaneiro na frente de guerra e foi, durante dois anos, o companheiro dos terríveis sofrimentos de milhares de homens expostos ao frio, à fome, à lama, à metralha inimiga e à morte. A imagem foi respeitada pelo inimigo alemão até àquela fatídica madrugada de 9 de Abril de 1918, quando o sector português recebeu a brutal investida da ofensiva alemã da primavera, precedida por uma preparação de artilharia que despejou dezenas de milhares de projécteis sobre o Corpo Expedicionário Português.
MCB
Fonte: Nova Portugalidade
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