A conquista do império inca por Francisco Pizarro, que com mera centena de homens e a ajuda do seu carácter ardiloso capturou o Sapa Inca e demoliu o seu reino, foi um acontecimento determinante da História das Américas. Décadas antes do golpe de mestre que rendeu a Castela a antiga civilização andina, contudo, já um português tivera contacto com os incas. Foi Aleixo Garcia, navegador e descobridor português nascido no Alentejo e tornado servidor de Castela.
Naufragado no que é hoje o sul do Brasil, Garcia terá visto os companheiros castelhanos devorados por autóctones canibais. Acabariam salvos por uma embarcação portuguesa, levados para Lisboa e trocados, por fim, por portugueses aprisionados por Castela nas Caraíbas. De novo ao serviço da Espanha, Garcia regressou às Américas. A atraí-lo estiveram os relatos, que já por essa altura começavam a chegar aos ouvidos de portugueses e espanhóis, de cidades de riqueza fabulosa no interior da selva, templos de ouro maciço, uma "Serra de Prata" e um monarca imensamente próspero que se conhecia como "Rei Branco". Já no Paraguai, que descobriu, Aleixo e quatro outros europeus - que seriam, com toda a certeza, portugueses e castelhanos - recrutou uma força de 2000 índios e embrenhou-se mais ainda no mato. Marcharam para os Andes.
Em 1525, caminhando desde o Atlântico, alcançaram a extremidade oriental do império inca. Garcia, companheiros europeus e tropa indígena atacaram e saquearam depois numerosas aldeias e cidades incas. Causaram, ao que parece, grande estrago na região, e só foram obrigados a retirar-se quando chegou à região vasto contingente militar enviado pelo próprio imperador. Morreu nesse mesmo ano em circunstância incerta, havendo confusão quanto ao que o venceu. Na pena de alguns historiadores, o descobridor morreu após ataque de índios payaguás quando regressava com prisioneiros e saque ao Rio da Prata; de acordo com outros, foi vítima de desentendimentos com os colegas europeus quanto a que destino dar às propriedades saqueadas e assassinado por um deles. Seja como for, Aleixo Garcia conquistou a tripla glória de ser o primeiro europeu a cruzar o Paraguai, a pôr pé na Bolívia e a chegar ao império inca.
RPB
Fonte: Nova Portugalidade
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