Não a considera "a solução ideal", mas justifica-a com a abstenção e distanciamento dos jovens face à política. O Duque de Bragança falou no "Jantar dos Conjurados", em que se comemorou uma data histórica.
O Herdeiro do trono português, D. Duarte Pio, defendeu este sábado que se deve equacionar a adopção do voto obrigatório em eleições para combater a “forte abstenção” e “a desilusão” dos portugueses em relação à política.
“Os mais recentes actos eleitorais mostram um elevado descontentamento do eleitorado relativamente às forças políticas tradicionais”, refere a mensagem do Duque de Bragança, por ocasião do aniversário da restauração da independência de Portugal, lida no “Jantar dos Conjurados”, que decorre na véspera do feriado nacional.
Segundo D. Duarte Pio, a forte abstenção dos portugueses em todos os actos eleitorais mostra descontentamento e “desilusão por parte dos cidadãos”, sinais que considera “visíveis nas gerações jovens, que não se sentem representadas”.
Por isso, e porque a situação “poderá degenerar em consequências graves no futuro”, D. Duarte Pio admite que este poderá ser “o momento para, em Portugal, se equacionar o voto obrigatório ao mesmo tempo que as instituições do regime se reabilitam e moralizam”.
Embora considere que não é “a solução ideal”, o Duque de Bragança defende que a medida “poderá contribuir para o aumento do interesse dos portugueses pela causa política”.
Na sua mensagem, o Herdeiro do trono português diz estar preocupado com “uma debandada dos jovens para o estrangeiro por falta de condições de vida, considerando que o país está a “deixar escapar” um “activo muito valioso”.
No mesmo sentido, defende a adopção de políticas que defendam as famílias e promovam a natalidade, “através de medidas de apoio social, inteligentes”.
Além disso, D. Duarte Pio deixa também uma crítica velada ao facto de o debate sobre a eutanásia regressar ao parlamento no próximo ano, na sequência de projectos que os partidos Bloco de Esquerda, PAN e PS pretendem apresentar.
“Para além de se verificar uma dramática baixa de natalidade em Portugal, vemos agora uma perversa lógica de facilitar e antecipar a morte, ao invés de se promoverem os cuidados paliativos que permitem um fim de vida tranquilo e natural”, critica.
D. Duarte Pio lamenta que os portugueses assistam “por todo o lado às limitações do Estado”, seja através de “intermináveis listas de espera para consultas, cirurgias e outros actos médicos”, seja por “notícias de situações de negligência por parte de estruturas do Estado em Tancos, em Pedrógão ou no rio Tejo”, ou ainda por “situações de corrupção” das “chamadas elites” que não têm consequências, porque a justiça é “demasiado lenta”.
O Duque de Bragança considera ainda “pouco explicável a situação de degradação das forças de segurança”.
Apesar de sublinhar o “tanto [que estas forças] têm dignificado Portugal”, D. Duarte Pio lamentou o “desinteresse crescente” de que têm sido alvo.
Outro dos assuntos a que defende dever ser dada atenção é o das mudanças climáticas, referindo que “o pensamento monárquico dá prioridade aos valores permanentes da pátria, enquanto outros estão mais preocupados em manter o poder nas próximas eleições”.
Apesar das preocupações, D. Duarte Pio acredita que Portugal “continua a ser um país aberto ao mundo”, onde muitas empresas querem investir, e que tem “uma enorme capacidade de acolhimento de comunidades de imigrantes.
“Numa fase da Europa em que existe uma crise dos refugiados e em que poderes europeus pouco fazem para a resolver, quero saudar a figura do indefectível monárquico que foi Aristides Sousa Mendes que, contrariando instruções recebidas, salvou a vida a muitos milhares de refugiados que procuravam escapar ao holocausto”, conclui.
Fonte: Observador
Sem comentários:
Enviar um comentário