quarta-feira, 1 de setembro de 2021

O cancelamento neomarxista da Igreja Católica

 



No domingo, 22-8-2021, a segunda leitura da liturgia era da Carta de São Paulo aos Efésios 5: 21-32. Foi assim na igreja de São Tomás de Aquino, em Lisboa, de onde a RTP transmitiu a Eucaristia Dominical, nas outras igrejas de Portugal e no resto do mundo.

“Leitura II – Ef 5,21-32

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios

Irmãos:
Sede submissos uns aos outros no temor de Cristo.
As mulheres submetam-se aos maridos como ao Senhor,
porque o marido é a cabeça da mulher,
como Cristo é a cabeça da Igreja, seu Corpo,
do qual é o Salvador.
Ora, como a Igreja se submete a Cristo,
assim também as mulheres
se devem submeter em tudo aos maridos.
Maridos, amai as vossas mulheres,
como Cristo amou a Igreja e Se entregou por ela.
Ele quis santificá-la,
purificando-a no baptismo da água pela palavra da vida,
para a apresentar a Si mesmo como Igreja cheia de glória,
sem mancha nem ruga, nem coisa alguma semelhante,
mas santa e imaculada.
Assim devem os maridos amar as suas mulheres,
como os seus corpos.
Quem ama a sua mulher ama-se a si mesmo.
Ninguém, de facto, odiou jamais o seu corpo,
antes o alimenta e lhe presta cuidados,
como Cristo à Igreja;
porque nós somos membros do seu Corpo.
Por isso, o homem deixará pai e mãe,
para se unir à sua mulher,
e serão dois numa só carne.
É grande este mistério,
digo-o em relação a Cristo e à Igreja.”


O episódio de escandalização mediática, comparando os católicos aos talibãs, demontra desconhecimento de que a leitura não foi escolhida por aquela “talibona”. E principalmente, ignorância da exegese bíblica da própria leitura.

Mas a chama que se ateia com este ataque, pretende o desaparecimento da missa de domingo no canal estatal de televisão e, na campanha mais vasta em curso, em último grau, a eliminação da Igreja Católica do espaço público: das escolas, dos hospitais, das prisões, das forças armadas, das ruas e agora do espaço mediático.

A cultura do cancelamento, baseada na teoria crítica marxista, da Escola de Frankfurt, pretende a eliminação de todo o discurso, livros, sons, filmes e iconografia, desconforme com o totalitarismo neomarxista e relativista politicamente correto. A Igreja Católica é a pedra no seu caminho.

Ser Católico significa crer no “todo” (a origem etimológica da palavra em grego) do Cristianismo. Quem não aceita esse todo doutrinário, objeto da exegese ao longo dos anos – que o Islão proíbe –, inclusivamente dos textos da própria Bíblia, pode resolver a sua angústia, ingressando num rito protestante que admite apenas parte dessa plenitude. Ou adotar o paradoxo do catolicismo à la carte, em que o indivíduo escolhe do menu da religião as iguarias que lhe dão prazer. e juntando outros pratos do dia, como o aborto, a eutanásia, o casamento homossexual, a ideologia de género e o consumo de drogas. Ou ainda optar por outra filosofia de vida.

Já agora, a hipocrisia do relativismo politicamente correto critica os talibãs e aplaude o tratamento esclavagista das mulheres originárias, e descendentes, do Médio Oriente e da África do Norte nas sociedades ocidentais em nome de um multiculturalismo de segregação, tal como desvaloriza a fome e a repressão política da Venezuela em nome de amanhãs de silêncio.

António Balbino Caldeira

Fonte: Inconveniente

Sem comentários: