Durante a segunda república, Salazar, percebendo que as celebrações eram um pretexto para exaltar os assassinos do Rei, e seria sempre uma data de divisão entre os portugueses, tentou limitá-la aos cemitérios onde Buiças e Costas eram então homenageados. Mas verdadeiramente nunca pôs o dedo na ferida. Nunca enfrentou a questão.
A terceira república por seu turno retomou a tradição regicida e divisionista e tem celebrado o cinco de Outubro com pompa e circunstância. Nesse dia, o presidente da república em exercício desloca-se ao varandim da Câmara Municipal de Lisboa e ajuda a içar uma bandeira com as cores da carbonária! Bandeira que os republicanos impuseram aos portugueses como símbolo nacional.
Cavaco Silva não vai este ano aos festejos e justificou a ausência com o facto de estarmos em época eleitoral e a presença de um chefe de estado numa autarquia, naturalmente com cor partidária, poderia representar uma interferência no processo. Em sua defesa, lembrou igual comportamento, nas mesmas circunstâncias, de anteriores presidentes.
Concluindo, por razões prosaicas o cinco de Outubro já não é feriado, razões que justificaram também a abolição do primeiro de Dezembro, dia em que celebrávamos a independência. Mas deixando agora de parte a questão dos feriados, penso que Cavaco Silva aduziu argumentos plausíveis para a sua ausência, esquecendo-se no entanto do mais importante, a saber: - enquanto repetir que é ‘presidente de todos os portugueses’ não lhe fica bem afrontar os monárquicos. Como não lhe fica bem comemorar guerras civis. Este é que é (ou devia ser) o argumento.
Saudações monárquicas
JSM
Fonte: Interregno
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