A escritora Maria João Fialho Gouveia afirmou que o seu novo romance histórico, 'As lágrimas da princesa', resgata uma "infanta portuguesa praticamente desconhecida", D. Aldegundes, e aflora a questão que dividiu a família real portuguesa no século XIX.
D. Aldegundes de Bragança é filha do rei D. Miguel I, cuja linha sucessória foi banida de Portugal, segundo a Convenção de Évora Monte, de 1834, pondo fim à guerra civil que colocou em campos opostos D. Pedro IV e D. Miguel I, filhos de D. João VI.
Em declarações à Lusa, a autora afirmou que a obra é sobre "uma mulher muito bonita, mesmo extremamente bonita, muito culta e inteligente, que teve um papel importante, ao ter recolocado a linha de D. Miguel I na sucessão à coroa portuguesa".
A autora reconhece que a obra "não trata de forma mais aprofundada certas questões, nomeadamente os bastidores políticos, e as manobras da Maçonaria e da Carbonária, de quem era refém D. Pedro IV, de Portugal, que foi o primeiro imperador do Brasil".
"D. Miguel não era o vilão da história, tal como me ensinaram", disse a autora, de 53 anos, que além da escrita se dedica à docência, depois de já ter sido jornalista.
Questionada sobre como chegou a esta infanta "praticamente desconhecida", nascida em 1858, em Bronnbach, na Alemanha, Maria João Gouveia afirmou que foi pelo seu "hábito quase quotidiano de pesquisa".
D. Aldegundes surgiu logo na pesquisa para aquele que foi o seu primeiro romance histórico, 'A princesa boémia', sobre D. Francisca de Bragança, filha dos imperadores do Brasil, Pedro I e Leopoldina d'Áustria, que era prima de Aldegundes.
O livro 'As lágrimas da princesa' levou cerca de sete meses a concretizar, entre a investigação histórica, cuja bibliografia se encontra anexa ao romance, e a escrita propriamente dita.
"Escrever obrigou-me a conhecer a época e tentei reconstruir os ambientes, desde os espaços ao trajo, passando pelos hábitos e costumes".
Um dos objectivos da obra é "dar a conhecer aos portugueses" uma infanta portuguesa, princesa de Parma pelo casamento com o duque Henrique Bourbon-Parma, que teve "uma vida algo infeliz pois, apesar de ter tido nove filhos, nenhum vingou, e teve por isso uma vida amargurada, muito embora as muitas viagens que fez nos seus dois iates".
A autora referiu que a primeira vez que D. Aldegundes avistou Portugal, foi numa das muitas viagens que efectuou com o marido, todavia, a infanta chegou a entrar em Portugal, sob o título de duquesa de Guimarães, com armas em apoio à causa monárquica, para restaurar o trono.
Já viúva, Aldegundes "canalizou todo o amor maternal para os sobrinhos, especialmente, D.Adelaide, que foi grã-duquesa do Luxemburgo, e D. Duarte Nuno, pai do actual duque de Bragança", por quem advogou o direito ao trono de Portugal, na ausência de herdeiros directos de D. Manuel II, que morreu exilado em Londres.
A escritora pretende, com este livro, "dar a conhecer melhor uma infanta, que tem uma história pessoal rica, e que interveio na História de Portugal, ao ter tentado restaurar a monarquia, e por ter colocado D. Duarte Nuno, neto de D. Miguel I, na linha de sucessão da coroa, e não a rainha D. Amélia [mulher de D. Carlos]".
"D. Amélia ficou com a fama de ter sido a mentora deste projecto de sucessão, mas não foi, quem foi, foi D. Aldegundes", frisou.
Fonte: Notícias ao Minuto
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