Sua Majestade Fidelíssima El-Rei O Senhor Dom Carlos I de Portugal – ele próprio um pintor de grande e reconhecido mérito, inclusive extra-fronteiras – foi retratado pelos melhores pintores da Sua época, como aqui (1905) por José Malhoa, que no seu atelier ultimava dois retratos a óleo do multifacetado Monarca português. Na pintura de Malhoa (1855-1933), está a genuína nacionalidade portuguesa: fez a óleo a genealogia da Nação Portuguesa, pois retratou de forma ímpar tanto os seus maiores como o seu Povo.
Também, é por todos conhecido, o mérito D’El-Rei Dom Carlos I, como pintor – para além de um largo rol de outros dotes.
O 1.º mestre – se assim se pode chamar – de D. Carlos foi o avô (o Rei-consorte viúvo D. Fernando II de Saxe-Coburgo-Gotha) que vendo o talento do jovem Príncipe instigou o Rei D. Luís I a contratar um Mestre. Assim, o pai de Dom Carlos contrata Teodoro da Mota, seguindo-se depois Tomás José da Anunciação, António Manuel da Fonseca, Miguel Ângelo Lupi e, por fim, Enrique Casanova.
Dom Carlos I privou com os melhores artistas da época e naturalmente que trocariam ideias, e foi não só Malhoa, mas, também, Columbano, Silva Porto, Carlos Reis, etc. Enquanto criança Dom Carlos assinava com as iniciais C.F. (Carlos Fernando), como no caso das aguarelas e desenhos a lápis do ‘Álbum dos Yachts’. Já pintor e já Rei, reconhecido naturalista, assinava humildemente e desinvestido de realeza, simplesmente, como Carlos, e apresentando-se como simples ‘artista’ ganhou diversos concursos nacionais e internacionais, como no ‘Salon de Paris’ que entre milhares dos melhores pintores do Mundo e sem qualquer deferência ganhou a Medalha de Prata ou na Exposição Internacional de St. Louis onde com ’Gado à Bebida – Ribatejo’alcançou o Ouro!
Nem o costumeiro mordaz Fialho de Almeida conseguiu ficar indiferente ao imenso talento do Monarca Português:
‘No grupo novo, o lugar de honra pertence ao rei D. Carlos, cujos pastéis passam de prenda à categoria de verdadeiro trabalho de arte. O curioso acabou-se, e agora é necessário apontá-lo entre os pouquíssimos que, neste país de costa, verdadeiramente sentem a marinha e entre os raros que, na exposição [Grémio Artístico, 1892], se esforçam por pintar em português.’
Assim, não temos acanhamento em declarar que, Sua Majestade Fidelíssima El-Rei Dom Carlos I de Portugal foi um dos melhores aguarelistas da Sua época e o melhor pintor a pastel português da Sua era, pois a pintura com esta técnica não admite correcções, e as telas do monarca até se assemelham a óleos que poderiam ombrear com os mais renomados pintores mundiais do Seu tempo.
Como o talento abundava nos nossos Reis!
Miguel Villas-Boas
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