quinta-feira, 31 de março de 2016

ALEIVOSIAS DE POLÍTICOS QUE NÃO PRESTAM. MESMO!



18/3/16

“Vozes de burro não chegam ao céu”.
Aforismo popular

O novel Presidente da República, na cerimónia de tomada de posse, referiu no seu discurso que “Portugal é obra de soldados” aludindo ao grande militar e administrador ultramarino, que foi a figura ímpar de Mouzinho de Albuquerque, autor da frase.

Esta frase não deixou de incluir – estamos em crer – algumas subtilezas de estilo, tendo em conta a presença do Presidente de Moçambique (que, supostamente, “representava” todos os países de língua oficial portuguesa), país que muito deve à acção daquele excelso oficial, mas cujo Estado não perdeu tempo a retirar todas as marcas da sua acção e presença em “terras do Índico”, nomeadamente a sua estátua na antiga capital, Lourenço Marques.

No programa “Tabu” da SIC Noticias, do pretérito dia 11 de Março, o inefável Dr. Francisco “Trotsky Louçã, fazendo jus à sua apetência de controleiro ideológico dos costumes e comissário político da “verdade”, à moda de Estaline – que não descansou enquanto não eliminou o seu rival e “alter - ego” bloquista, às mãos da “Tcheka”, mesmo depois daquele, ter procurado refúgio nas quenturas do México.

Louçã, escudado no facto, do homenageado, por reis e imperadores, pela sua bravura, intrepidez e valor militar, jazer em modesta e maltratada sepultura, aos Prazeres, vai para 114 anos, arrogou-se o despautério de lhe ir às canelas, sem qualquer fundamento.[1]

Sabia com isto que não corria o risco de com ele se cruzar no Chiado e receber o respectivo correctivo, em chibatadas (merecidas).

Eu vou ficar pela esgrima das palavras e atirar ao agora “vátua berloqueiro”, que Mouzinho não era um “bandeirante” mas um destemido e competente oficial de cavalaria, escolhido, como outros, pelas suas qualidades, pelo Comissário Régio António Ennes, para participar numa campanha militar que se adivinhava difícil tendo, em 1896/7 ocupado o cargo de Governador; que dizer que Mouzinho foi protagonista de uma das epopeias mais cruéis em África, é uma despudorada mentira e ter afirmado que Portugal não é um país de soldados só demonstra a sua ignorância, quiçá demência.

“Portugal teve as suas guerras”, Kamarada Louçã, vá-se coçar, Portugal esteve quase sempre em guerra desde que nasceu, ao ponto da História Militar quase se poder confundir com a História de Portugal; e insinuar que Mouzinho se suicidou por estar arrependido por ter capturado o Gungunhana (que aliás foi poupado e enviado com os seus familiares para um exílio dourado nos Açores), transforma o economista Louçã num cómico com o mesmo nome. E as considerações que faz sobre a evocação dos heróis e a projecção para realidades virtuais, entra no domínio do delírio e da esquizofrenia, o que mesmo uma ideologia vesga não justifica.

Olhe trate-se e estude qualquer coisinha e não calunie a História de Portugal e os seus mais valorosos protagonistas.

E se não gosta da terra onde nasceu tem bom remédio: vá para longe que não faz cá falta nenhuma.

A memória e a verdade dos faustos ilustres da nossa História e seus protagonistas, não podem continuar a ficar à mercê de mentiras vis; insinuações torpes, de serventuários de ideias inquinadas e de filhos das trevas.

Ao contrário do que muitos defendem, nem todas as ideias ou opiniões, são respeitáveis.

Ao galope …….À carga![2]

                                                        

                                          João José Brandão Ferreira
                                             Oficial Piloto Aviador




[1] Observem esta “pérola digna do mais acabado asno” retirada da citada entrevista: “A citação sobre M. de Albuquerque, o homem que capturou Gungunhana, um bandeirante, que foi protagonista de uma das epopeias mais cruéis em África, e que veio dizer que Portugal era um país de soldados.
Portugal não é um país de soldados!
Teve as suas guerras, mas é um país que foi feito ao longo da História…O pilar de Portugal não são evidentemente os soldados, muito menos a saga colonial para capturar o Gungunhana.
Coisa de que M. de Albuquerque, aliás, se sentia tão mal que anos depois ele se suicidou, se desgostou com a evolução da História.
Portanto, todas as estas identificações são de uma cultura muito … uma espécie de cultura antropológica como se Portugal se projectasse para um mundo virtual quando na verdade o problema do país é a enorme dificuldade da sua identidade nacional na sua vida concreta. Portanto, falar de heróis é uma forma de não olharmos para os nossos problemas”. Gostaram?
[2] Grito da Cavalaria, Arma de que Mouzinho era oriundo e de que foi feito, mais tarde, Patrono.


Fonte: O Adamastor

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