29 de Fevereiro, um dia extra no calendário que só ocorre de 4 em 4 anos, no Ano Bissexto, e, se assim é, devemos a Júlio César, General e Estadista romano e… muito mais!
Júlio César, General e estadista romano, de seu nome completo Gaius Iulus Gaii Filius Nepos Caeser, descendia de uma tradicional e antiga família patrícia a gens Julia.
César sempre foi classificado de brilhante e categorizado de «aluno prodígio». Grego, Latim, História, Direito Romano, Retórica, Et caetera, tudo foi ensinado a César e tudo foi assimilado com elevada distinção.
Começou a sua carreira política no Fórum de Roma, notabilizando-se como causidico, palavra latina para advogado, e nessa função demonstra de forma firme e inequívoca a sua eloquência e capacidade de oratória. O grande orador Cícero, que seria sempre seu opositor, reconhece a sua notável perfeição retórica e comenta:“Será que alguém tem a capacidade de falar melhor que César?”.
César foi percorrendo um a um todos os degraus do cursus honorum romano, até que, com Crasso e Pompeu formam assim, em 60 a.C., o primeiro triunvirato que governou Roma. No entanto, César almejava subir mais alto, e sabia que para satisfazer toda essa ambição lhe faltava somente a glória militar que aureolava Pompeu, seu principal rival e seu genro.
A glória militar decidiu, Júlio César, alcança-la conquistando a Gália (Transalpina), país sobejamente rico, ainda que muito bárbaro, e cujas populações, não romanizadas, de rija coragem e forte têmpera, com costumes e religião próprias, já tinham antes, feito Roma tremer.
Necessitou apenas de dois rudes anos para submeter as diferentes regiões da Gália, mediante campanhas avassaladoras. Finalmente em 56 a. C., consegue finalmente conquistar o país e, querendo fazer desaparecer os seus rivais mediante empresas a cada passo mais empreendedoras, alcança o Reno e a Mancha e invade a Germânia e a Bretanha. César tinha feito amizade e celebrado alianças com alguns chefes de tribos gaulesas, todavia os gauleses eram um povo quezilento, e a Gália não se acostuma a ser tratada como um país subjugado, pois se algumas tribos estavam acomodadas com a ocupação romana, outras havia que se encontravam sobejamente descontentes ao extremo de prepararem uma rebelião.
Então, em 52 a.C., rebenta uma revolta que consegue unir todos os povos gauleses sob a liderança de um jovem e astuto chefe arvénio, Vercingétorix (era filho do falecido rei arveno e servira César como lugar-tenente na campanha na Bretanha), que através de uma táctica de terra queimada, evitando a todo o custo o combate frente a frente, pretendia reduzir à fome o exército romano.
A batalha de Gergóvia fica para a história como a única grande derrota de César.
Só que do lado contrário estava o general Caio Júlio César, que apesar dos primeiros vacilos espera o momento ideal para contra atacar. Perseguido, Vercingétorix, refugia-se com 80.000 homens, em Alésia, cidade fortemente fortificada e inexpugnável, onde com víveres para um único mês esperam por um exército de socorro. Em dois dias César alcança uma vitória triunfal.
O chefe gaulês, Vercingétorix, sabe que desfeito o último reduto está tudo perdido, e após uma reunião com os seus capitães decide-se pela rendição. Na manhã seguinte, Setembro de 52 a.C., sai de Alésia e vai ao campo romano para depositar as suas armas e capacete aos pés de Júlio César. Foi relatando essa campanha militar, que César redige essa obra-prima da literatura universal, Bellum Galicum (De Bello Gallico – A Guerra das Gálias), um primoroso e perene arquétipo de estilo conciso de eloquência marcial.
Para além, do Bellum Galicum, escreveu ainda outras obras, mas para além do Commentarii De Bello Gallico, só subsistiu o Commentarii De Bello Civili. Perdidos estão, na poeira dos tempos os seus brilhantes discursos!
Júlio César, entra depois, em Roma, e é eleito ditador romano a partir de 49 a.C..
Derrota o seu, tornado, opositor Pompeu, em Farsália, e em 02 de Outubro de 47 a.C., César que seguia no encalço de Pompeu, chegou a Alexandria, na altura capital do Egipto, onde lhe servem a cabeça de Pompeu numa bandeja. No palácio real, César encontrou Cleópatra nomeando-a governante e, mais tarde, coroou-a Rainha.
Mas, sobretudo, aquilo que ainda mais glória deu a César foi a reforma do calendário. Os antigos romanos dividiam o calendário em doze meses lunares de 29 ou 31 dias, o que dava um total de 354 dias, e como o ano solar é de 365, cada ano tinha uma perda de dez ou doze dias, de modo que cada dois anos tinha de se intercalar um mês de 22 ou 23 dias. Para remediar esta anomalia, no ano 46 a.C., César incumbiu o astrónomo alexandrino e conselheiro de Cleópatra, Sosígenes, da tarefa de rever o calendário, o que este fez, estabelecendo um calendário quase como o actual, com 365 dias, acrescentando mais um dia (bisextilis) de quatro em quatro anos, assim nasceu o Ano Bissexto e esse calendário passou a denominar-se “Calendário Juliano”, que se manteve até 1582, quando o Papa Gregório XII corrigiu os erros acumulados.
A Realeza é outra coisa… visa de longe a meta!
Do resto, reza a História!
Miguel Villas-Boas
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