O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, empossado como 20º Presidente da República Portuguesa, está em absoluto estado de graça.
É o Presidente dos afectos que saiu lá de casa onde entrava todos os domingos, directamente para o Palácio de Belém. Para trás ficou um passado partidário longe do arquétipo hoje criado por Marcelo. A mesma irreverência, quase traquinice, nos mergulhos do Tejo e outros pequenos narcisismos, mas a diferença abissal de ser, não o Presidente do PSD que só conseguiu ganhar referendos duvidosos, mas o nosso Presidente - o do segredo das nossas casas e famílias que, quase invariavelmente, têm no plasma o seu principal interlocutor.
Marcelo fez a posse que queria – ao seu estilo, juntando tudo, sem medo que a mistura parecesse mixórdia.
Sem ter, desta vez, que fazer de morto para estar com todos, mas antes usando agora a sua superior influência para nos abraçar na sua benévola condescendência. Marcelo percebeu que o mundo frívolo e mediático que estamos, vive de sinais, de pequenas, sintomáticas, frivolidades e, por isso, imita a fórmula do Papa Francisco nessa ideia de tudo abraçar e compreender.
Mas Marcelo sabe que essa postura que é da essência permanente do Chefe do Vaticano não se ajustará por muito tempo, a quem lidera um País com as dificuldades que Portugal terá que enfrentar.
Marcelo, agora que tem que fazer prova de vida, que é chamado ao jogo, não pode mais pactuar com tudo e com todos, porque o mundo e o País estão muito mais para decisões difíceis do que ecuménicas!
A maioria que não manda, exercerá uma pressão crescentemente asfixiante sobre a minoria que tem que decidir. E que tem que decidir em cima de rectificativos, de rectificações, de rectilíneos desígnios que o BCE não admitirá excepcionar para Portugal.
António Costa não pode por muito mais tempo virar as costas ao jogo de máscaras em que se meteu. Não pode ser o bom aluno que a Europa exige e o “enfant terrible” que a “sua” maioria impõe. E Marcelo será chamado a arbitrar a primeira vez em que António Costa não tiver tempo para mudar de máscara.
E esse momento será mais breve do que o próprio Marcelo gostaria. Bastará que o sistema financeiro e as economias mundiais continuem a sua previsível periclitância e que o novo PSD chegue à conclusão que é a sua vez de “fazer de morto” e deixar de dar pretexto a António Costa, para continuar a poder ter um discurso para “português ouvir”!
Marcelo, de Sua Graça, tem pouco tempo para esta risível colagem às características de um Monarca. Percebo que goste, tanto como eu, dos valores da independência e da relação afectiva que o Rei tem com a Nação que representa. Mas por mais que engrace com a ideia, não pode fugir á sua natureza e á da Família politica de onde emana.
E, também por isso, terá pouco tempo de exercer a graça natural que tem e o seu período de graça, terminará brevemente, para que Portugal não caia em desgraça!
António de Souza Cardoso
Presidente da Causa Real
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