“O governo comunista está produzindo novas e mais estritas regulações que restringem a liberdade religiosa. A partir de 1º de fevereiro de 2018, a reunião na missa da comunidade clandestina (fiel a Roma) não será mais tolerada. Há quem diga que todos os esforços para conseguir um acordo entre a China e a Santa Sé visam evitar um cisma eclesial. Isso é ridículo!
O Card. Joseph Zen, arcebispo emérito de Hong Kong, divulgou em carta de 29 de janeiro (2018) publicada por AsiaNews esclarecimentos sobre os dramáticos e inacreditáveis desdobramentos da conjunção da política vaticana com a repressão religiosa comunista na China.
Ele fez notar em primeiro lugar que os representantes vaticanos querem obrigar a bispos legítimos a entregar suas dioceses a bispos ilegítimos, um deles excomungado, todos eles bonecos do Partido Comunista.
O Cardeal escreveu: “reconheço que eu sou pessimista sobre a situação atual da Igreja na China, mas meu pessimismo se baseia na minha longa e direta experiência da Igreja na China.
“Tenho uma experiência direta da escravidão e humilhação a que estão submetidos nossos irmãos bispos. De acordo com a informação recente, não há razão para mudar essa visão pessimista.
“O governo comunista está produzindo novas e mais estritas regulações que restringem a liberdade religiosa. A partir de 1º de fevereiro de 2018, a reunião na missa da comunidade clandestina (fiel a Roma) não será mais tolerada.
“Há quem diz que todos os esforços para conseguir um acordo entre a China e a Santa Sé visam evitar um cisma eclesial. Isso é ridículo!
“O cisma já está ali com a Igreja independente [N.T.: de Roma, mas escrava do Partido Comunista].
“Os Papas evitaram usar palavra ‘cisma’ porque sabiam que muitos não estavam na comunidade oficial por livre e espontânea vontade, mas sob forte pressão.
“A proposta de ‘unificação’ forçará a qualquer um [para ingressar] nessa comunidade.
“O Vaticano daria a bênção a uma nova Igreja cismática reforçada, lavando a má consciência daqueles voluntariamente renegados e outros que estão prontos para se unir a eles”.
Num outro ponto, o Cardeal Zen responde ao sofisma de que é bom encontrar um terreno comum para saldar a separação entre o Vaticano e a China.
E responde: “pode haver algo ‘comum’ com um regime totalitário? Ou você se rende ou aceita a perseguição. No ultimo caso você permanece fiel a você mesmo.
“Pode-se imaginar um acordo entre São José e o Rei Herodes?
Abordando a pergunta crítica “acredita que o Vaticano está vendendo a Igreja Católica na China?”, responde:
“Sim, absolutamente, estão indo na direção que ficou obvia em tudo o que fizeram nos últimos meses e anos”.
Por fim, à pergunta: “És o maior obstáculo para o processo de acordo entre o Vaticano e a China?” respondeu: “Si esse acordo é ruim, estou mais do que feliz sendo um obstáculo”.
A sala de imprensa da Santa Sé reagiu em ação fora do comum, tentando desmentir as acusações do Cardeal Zen, o principal clérigo da China, segundo as quais o Vaticano estava “vendendo” os católicos chineses para agradar a Pequim, escreveu o Instituto Humanitas Unisinos reproduzindo matéria do britânico “The Tablet” de 30-01-2018.
Segundo o Cardeal chinês, o Papa Francisco lhe disse em audiência particular que não queria a “criação de outro caso Mindszenty”.
O cardeal húngaro Jozef Mindszenty buscou asilo na representação dos EUA em Budapeste, em franca oposição ao governo comunista.
Por pressão do governo comunista, a Santa Sé impôs que ele saísse do país em 1971, e lhe tirou o título de primaz da Hungria.
Durante o papado de Paulo VI, o Vaticano adotou uma política de Ostpolitik, fazendo acordos com governos satélites da Rússia soviética convocando os católicos a coexistir com o regime inimigo da Igreja.
Nada na declaração vaticana nega que se tenha chegado a um acordo entre representantes do Vaticano na China e o governo de Pequim sobre a espúria imposição a bispos católicos para entregarem suas dioceses a bispos ilegítimos pro-comunistas.
O comunismo chinês quer nomear os bispos da China e o Vaticano estaria disposto a aceitar a imposição consagrando de fato a falsa igreja controlada pelo Estado, apelidada Associação Patriótica Católica Chinesa.
O cardeal Zen tem se pronunciado em nome dos católicos clandestinos – leais a Roma – que sofrem perseguição religiosa.
Fonte: IPCO
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