São algumas centenas de milhar os católicos birmaneses, quase todos descendentes de portugueses. Entre as coisas que os ligam a Portugal inclui-se a fé, o chouriço e um enorme orgulho nas raízes… mas o Liberalismo e a República votaram-nos ao esquecimento.
“Da mesma forma que a Assembleia da República, há cerca de um ano, aprovou a concessão da nacionalidade portuguesa a judeus sefarditas que façam testemunho e prova da sua ancestralidade portuguesa, julgo que se deveria estudar uma forma, mesmo que fosse simbólica, de restituir parte da cidadania portuguesa” aos descendentes dos portugueses nos países asiáticos, comenta o historiador Miguel Castelo Branco.
“Até ao século XIX a cidadania antiga portuguesa era todo aquele que fosse católico, vivesse ou não em domínio português e que fosse leal, de uma certa forma, ao Rei de Portugal, que era o responsável pelo padroado português no Oriente. Todos eles se consideravam portugueses. Subitamente há uma revolução em 1820 [Liberalismo], fazem uma Constituição escrita a dizer que são portugueses os cidadãos nascidos em Portugal, essa gente sofre desde então uma certa orfandade, porque eles consideram-se, e legitimamente, na sua perspectiva, portugueses”, explica.
Quem esteve em contacto com essa comunidade luso-descendente e com outras daquela região asiática, sabe que qualquer gesto de Portugal seria bem recebido pelos locais, como foi o caso de uma professora que foi ensinar português para Malaca, onde rapidamente reuniu centenas de alunos. “Poderiam enviar uns 20 professores de português básico para o Bangladesh, para as comunidades portugueses no Myanmar (Birmânia), para os bairros católicos de Banguecoque, para tanto lado onde há uma fome imensa de aprendizagem da língua portuguesa, porque eles consideram-se portugueses”, acrescenta Miguel Castelo Branco.
Sobre este vasto e interessantíssimo tema da Expansão Portuguesa em terras do Oriente, vale bem a pena ler o livro de Joaquim Magalhães de Castro: “Os filhos esquecidos do Império”.
Fonte: Arautos d'El-Rei
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