Um parlamento nunca pode exprimir o interesse nacional [bem comum], revela apenas a força dos partidos em que a influência eleitoral se divide. Derivando da eleição por sufrágio directo, ele é o resultado de uma burla, porque a massa eleitoral é e será sempre incompetente para realizar uma escolha conscienciosa, pronunciando-se sobre merecimentos que não pode avaliar, em indivíduos que não conhece ou só viu nas arengas da praça pública ou dos centros onde cada um vai apregoar qualidades boas que julga ter. É pela maioria de votos assim obtida que na Democracia se regula a confiança para a administração, como se um preconceito numérico pudesse corresponder à capacidade de governo. Para nada faltar à ficção eleitoral, os candidatos propostos pelos diversos círculos, até deixam de os representar para se dizerem deputados da Nação, mal acabam de se contar os votos. Pela tirania da maioria, o chefe político que conseguiu ganhá-la, maneja por detrás dela e fica irresponsável, bem como os seus cúmplices, em todos os desvarios de que são portadoras as leis votadas. É uma ditadura tortuosa, mais cara e menos nobre do que o mais abusivo poder pessoal. Na sua inconsciência e irresponsabilidade, cada um dos parlamentares se julga competente para versar e discutir todos os assuntos. Daí, o espectáculo permanente de miséria mental e moral dos parlamentos, o seu descrédito inevitável e morte próxima.
Adaptado de «Cartilha Monárquica», 1916.
Fonte: Veritatis
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