domingo, 30 de dezembro de 2018
sábado, 29 de dezembro de 2018
DUQUES DE BRAGANÇA DIVIDEM PROTAGONISMO COM OS FILHOS AFONSO E MARIA FRANCISCA
Cumprindo a tradição, D. Duarte e D. Isabel de Bragança voltaram a ser os anfitriões do Jantar dos Conjurados, um convívio que tem como objetivo perpetuar a memória daqueles que em 1640 lutaram pela restauração da independência de Portugal. Momentos antes de receber os cumprimentos dos cerca de 300 apoiantes e simpatizantes da causa monárquica que estiveram presentes neste jantar, o duque de Bragança fez o seu discurso sobre o estado da nação, perante o olhar atento da mulher e dos filhos mais velhos, Afonso, de 22 anos, e Maria Francisca, de 21. Nesta noite de celebração, faltou apenas Dinis, de 19 anos, que estava na Roménia.
Sempre ao lado dos pais, o príncipe da Beira e a duquesa de Coimbra sorriram e falaram com todos os que os abordaram, mostrando-se cada vez mais à vontade nestes acontecimentos sociais. Feliz por ver os seus filhos a ganharem uma luz própria, a duquesa de Bragança revelou ser uma mãe muito orgulhosa: “Já são jovens adultos e a nossa alegria é ver que estão bem e a fazer o seu caminho. Graças a Deus, comungam de muitos dos nossos valores. O Afonso deve terminar o curso de Relações Internacionais e Ciência Política este ano. A Francisca já voltou de Erasmus. O Dinis está a fazer um ano sabático e está a ser bastante interessante. Todos os nossos filhos estiveram fora e acho que é importante para os jovens aprenderem a estar sozinhos e que conheçam o mundo. Sem esquecerem que Portugal é o seu país, a sua casa.”
Sempre ao lado dos pais, o príncipe da Beira e a duquesa de Coimbra sorriram e falaram com todos os que os abordaram, mostrando-se cada vez mais à vontade nestes acontecimentos sociais. Feliz por ver os seus filhos a ganharem uma luz própria, a duquesa de Bragança revelou ser uma mãe muito orgulhosa: “Já são jovens adultos e a nossa alegria é ver que estão bem e a fazer o seu caminho. Graças a Deus, comungam de muitos dos nossos valores. O Afonso deve terminar o curso de Relações Internacionais e Ciência Política este ano. A Francisca já voltou de Erasmus. O Dinis está a fazer um ano sabático e está a ser bastante interessante. Todos os nossos filhos estiveram fora e acho que é importante para os jovens aprenderem a estar sozinhos e que conheçam o mundo. Sem esquecerem que Portugal é o seu país, a sua casa.”
Fonte: Caras
sexta-feira, 28 de dezembro de 2018
Dom Duarte recebe Colar de Honra da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários da Figueira da Foz
O herdeiro do trono português chegará à estação de comboios Coimbra-B às 17h30 e seguirá de automóvel para a Figueira da Foz, com chegada prevista para as 18h30, seguindo-se um breve momento de cumprimentos por monárquicos.
D. Duarte Pio será recebido no quartel dos Bombeiros Voluntários por volta das 19h15, participando num jantar privado com os órgãos sociais da associação anfitriã. A partir das 21h30, o Duque de Bragança assiste à sessão pública de aniversário dos Bombeiros Voluntários da Figueira da Foz, onde será distinguido com a entrega do Colar de Honra.
Fonte: Figueira na hora
quinta-feira, 27 de dezembro de 2018
O português, a primeira língua global
Primeira língua europeia ouvida e exercitada fora da Europa, o português foi, para muitos africanos, asiáticos e ameríndios, a língua primordial por excelência da universalização dos saberes, a grande dádiva pela qual fluíram os quadros e arrumações científicas que a planetarização tornou possível. Para povos até então ágrafos, o português depressa se converteu no veículo da civilização, como bem lembrava Garcia de Resende na Vida e Feitos d’El Rei Dom João II ao referir-se aos jovens congoleses que desde finais do século XV aprenderam a ler e escrever pelas Cartilhas portuguesas.
O fluxo de impressos não parou de crescer, sendo tão grande a procura que em 1490 seguiram para o Golfo da Guiné dois impressores de cartilhas. Na Europa, ainda a arte da imprensa dava os primeiros passos, e já em remotas paragens tropicais pequenas mãos de crianças negras folheavam livros – essas maravilhas de saber – em busca de conhecimento. A avidez com que os africanos receberam a imprensa tornou-se manifesta assim que o poder português se estabeleceu no Índico. Para a Etiópia seguiram em 1515 dois mil e quinhentos volumes impressos, prenda de Dom Manuel I para o Negus. Afonso de Albuquerque, numa das suas cartas ao Venturoso, dava conta do zelo com que se entregavam os portugueses à difusão da língua, informando o Rei que em Cochim se abrira uma escola que acolhia uma centena de crianças indianas. Depressa, porém, teve de se abandonar a prática do envio de livros de Lisboa, tamanha a solicitação. Preferiu a Coroa portuguesa instalar na Ásia tipografias que respondessem com celeridade à procura. Assim, em Goa montou-se uma tipografia em 1556, e quando a marcha para Leste alargou o espaço português oriental, logo surgiu uma tipografia em Macau (1584) e outra no Japão (1591).
A revolução cultural portuguesa estava em marcha. Em meados do século XVII, o português convertera-se na língua franca asiática e, como tal, não havia inglês ou holandês que àquelas paragens chegasse que não tivesse de aprender o idioma português.
Miguel Castelo-Branco
Fonte: Nova Portugalidade
quarta-feira, 26 de dezembro de 2018
segunda-feira, 24 de dezembro de 2018
domingo, 23 de dezembro de 2018
Quando Deus se esqueceu do Natal…
Foi há dois mil e dezoito anos, mais coisa menos coisa. Às vezes acontece, sobretudo aos homens, um aniversário que escapa. Desta vez não foi a nenhum ser humano que ocorreu esse terrível lapso, mas ao próprio Deus.
Desde o início da história da humanidade que estava prevista a vinda do Messias. Assim tinha sido dito a Adão e Eva, depois de contraído o pecado original. Essa promessa tinha sido repetidas vezes e recordada à humanidade, através dos patriarcas e profetas, para que a esperança dessa libertação nunca esmorecesse na memória do povo eleito. A cada novo anúncio da tão esperada redenção, novos dados iam sendo paulatinamente revelados: o Messias deveria descender do Rei David, nascer de uma mãe virgem, em Belém de Judá… Tudo apontava para que, chegada a plenitude do tempo, no inspirado dizer do apóstolo dos gentios, o nascimento do redentor da humanidade acontecesse com todos os requintes devidos à sua régia e divina condição.
Era de esperar, portanto, um palácio onde viesse a este mundo, uma corte que o recebesse e venerasse, sacerdotes que lhes prestassem o culto devido à sua divina condição, soldados que honrassem a sua dignidade régia, multidões que o aclamassem, dignitários estrangeiros que lhe prestassem as devidas homenagens, cantores que o louvassem com sublimes cânticos, ourives que talhassem a coroa que deveria cingir a sua majestática fronte, aios e amas que se ocupassem da sua esmerada educação, cozinheiros que preparassem os banquetes que deveriam festejar tão auspicioso nascimento, etc.
Tudo isto, que seria normal para um rei terreno, não seria demais para o rei dos reis e senhor dos senhores. Deus poderia tê-lo feito. Com efeito, a sua divina providência bem poderia ter organizado as coisas para que, chegado o momento determinado desde sempre para que tivesse início a redenção da humanidade, sua mãe vivesse num palácio real, como era suposto para quem era casada com alguém que, como São José, era da casa e família do Rei David. Era de crer que tal acontecimento se verificasse quando já estivessem em Belém, pois era essa a localidade em que o profeta Miqueias tinha previsto o nascimento do Rei de Israel. Era de imaginar que o sumo-sacerdote, bem como todos os escribas e fariseus, conhecedores como eram da lei e dos profetas, fossem os primeiros a adorar o Deus-Menino. Era de crer que o Rei Herodes, também ele ciente das tradições judaicas, se sentisse profundamente honrado pelo nascimento do verdadeiro rei e a seus pés depusesse a coroa real. Era de esperar um berço de oiro, para quem é o autor do universo.
Mas não foi nada disto que aconteceu: Maria e José não tinham nenhum palácio para que nele nascesse o Filho de Deus. A bem dizer, nem sequer uma modesta vivenda, porque teve de nascer num estábulo infecto, pois não havia lugar para eles na hospedaria local. Também não estavam em Belém de Judá, mas em Nazaré e, por isso, para que se cumprissem as escrituras, tiveram que fazer uma longa viagem, já nas vésperas do nascimento de Jesus. As autoridades civis não só não acolheram com júbilo a chegada do verdadeiro rei de Israel, como Herodes procurou provocar a sua morte, causando assim a matança dos inocentes. Por sua vez, as autoridades religiosas, quando alertadas pelos magos do nascimento do Messias, reagiram com uma incrível indiferença. Em vez do esperado berço de oiro, o Menino Deus foi reclinado numa manjedoura, num lugar indigno do nascimento de um ser humano, quanto mais do próprio Filho de Deus.
Mas, quando Jesus nasceu, porque correu tudo tão mal?! Um supersticioso diria que foi azar, mas um crente sabe que foi porque Deus assim o quis. Decerto, não por mal mas, talvez, porque se esqueceu …
Não, não foi Deus que se esqueceu do Natal, como às vezes nós nos esquecemos de alguns aniversários; somos nós que nos esquecemos d’Ele em todos os natais … Pensamos em tudo menos em Deus: nas festas, nas iguarias, nas viagens, nas roupas, nos presentes, etc. Por isso, convinha que Ele se ‘esquecesse’ de tudo isso, para nos ensinar o único que verdadeiramente importa.
Muitos pensam que, se procurarem tudo o que é fútil, o essencial lhes será depois dado, mas Jesus Cristo ensinou-nos, precisamente, o caminho contrário: “procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais se vos dará por acréscimo” (Mt 6, 33).
Santo Natal!
P. GONÇALO PORTOCARRERO DE ALMADA
Fonte: Voz da Verdade
sábado, 22 de dezembro de 2018
"Democracia Antiga"
Há quem diga, impelido pela ilusão e pela ignorância - as pessoas não lêem - que nunca como hoje tantos tomam parte na governação da República. Conceptualmente, é uma entorse, estatisticamente é uma mentira. No Ancien Régime português, 10% da população pertencia à nobreza provincial ou à aristocracia (duas realidades sociais distintas, amiúde confundidas), 10% da população (masculina como feminina) pertencia ao clero regular, secular ou tomara votos, e 15% a 20% do total da população pertencia à antiga classe média - o "Estado intermédio" - de "gente limpa" relacionada com os ofícios, com a educação, as magistraturas e a governança local. Ou seja, de algum modo, cerca de 30 a 40% da população intervinha na vida política. Quando comparados tais números, ressalvadas as especificidades e privilégios, com os cerca de 100.000 fulanos que hoje vivem da vida pública (autarcas, deputados, membros da nomenclatura) o Ancien Régime era uma super-democracia.
Para mais, a partir do século XVII, o funcionalismo público e a "nova nobreza" (a nobreza dita togada) provinha directamente do braço popular, pelo que os privilégios de sangue estavam condenados ao desaparecimento. Há que explicar às pessoas que aquilo que lhes foi contado na escola-catequese-de-mitos não corresponde à verdade, que estão enganadas; ou melhor, foram enganadas. A filosofice serve para muita coisa, nomeadamente para fazer comboios de citações, mas não responde e nada impugna. É hora de deixar de lado as filosofias e fazer história descritiva, pois nos arquivos está tudo o que a má-fé e a ignorância atrevida não querem ver.
MCB
Fonte: Nova Portugalidade
sexta-feira, 21 de dezembro de 2018
A “CIVILIZAÇÃO” DA MINISTRA DA CULTURA
“Perdida a tradição e passada a snobeira, apenas
fica o nada! É isso que desejam os nossos ini-
migos políticos e raciais. Ajudando a destruir a
Tradição está-se a cavar a própria nacionalidade
e, a tais obreiros só cabe o epíteto de traidores.”
Engenheiro Sommer d’ Andrade,
In “Os Migueis de Vasconcelos”.
A Dona Graça Fonseca fez mais uma das suas. Admitiu (defendeu) que em sede de especialidade para a discussão do orçamento (para 2019), o eventual alargamento da redução do IVA nos espectáculos, de 13 para 6% não abrangesse a Tauromaquia.
E de seguida tentou pregar “um ferro” definitivo e inexorável, assegurando ex-cátedra que “era uma questão de civilização”.
Devemos começar por dizer que o “espectáculo” proporcionado pelos nossos queridos políticos, devia ser taxado, não em 13%, mas sim em 100%! Talvez assim nos deixassem de agredir diariamente com barbaridades…
A razão pela qual os Partidos Políticos, que devem ser a pior invenção da Ciência Política, estão isentos de pagar tantas coisas, que depois os seus membros eleitos obrigam os outros a pagar, é que também está envolta no nevoeiro dos mistérios insondáveis…
No âmbito que tratamos, tem-se distinguido o minúsculo partido PAN, que caíu no goto de parte da Comunicação Social – a tal que quer ser “poder” sem estar mandatada para isso – ou de quem nela mexe os cordelinhos, e que se quer avantajar (o tal PAN) a uma expressão que não tem.
Mas a jovem, apesar de já grisalha, membro (e não “membra”) do governo, veio falar em civilização; isto é, pelo que se deduz as touradas são anti-civilizacionais ou contra a civilização ou a sua evolução. É “certo, óh Graça, que ela (civilização) evolui, mas olhe que também involui!”
No momento, o Dr. A. Costa veio dar uma preciosa ajuda à sua pupila, espicaçado que foi, publicamente, por um socialista da pesada e poeta nas horas vagas.
Meteu um bocado os pés pelas mãos, além de ter tentado fazer uma “chicuelina” ao simpático ouvinte, dando o feito pelo dito, relativamente a uma célebre actuação no Campo Pequeno, em 8 de Abril de 2010, quando era presidente da edilidade. Agora “choca-o” a transmissão de touradas na televisão, mas como é um “ganda democrata” e crente da liberdade (que tem as costas largas) não lhe passa pelo bestunto proibi-las.
Eu no meu pensamento duro como cornos, entendo, porém, que devia era ficar chocado por políticos como o senhor, andarem a dizer uma coisa um dia e o seu oposto, uns dias depois…
E que se saiba as leis da República dão liberdade às televisões de fazerem ou não, reportagens sobre tauromaquia, ao contrário dos municípios, onde se aplica a lei geral e não se poder discriminar espectáculos.
Ou será que um município pode proibir teatros, quartéis da GNR ou venda de selos?
O PM confundiu ainda na sua prédica, o taxar o açúcar e o sal com a tauromaquia ou seja confundiu dois produtos químicos orgânicos com espectáculo e cultura, como se fossem coisas idênticas.
E vai mais longe ao estender a comparação ao tabaco e ao álcool; só é pena é que o Governo não trate da mesma forma viciados em tabaco e álcool e os drogados. Aos primeiros penaliza-os e caustica-os, chama-lhes nomes, isola-os, etc.; aos últimos, despenaliza, desculpa e até lhes fornece droga e parafernália higienizada a fim de os deleitar!
Já agora não vejo como não coletar os hinduístas por discriminarem as vacas relativamente aos restantes animais. E não poderão os mesmos serem considerados racistas, exclusivos e xenófobos?
Que ordem vai dar à senhora, sua ministra da “coltura”?
E que vai fazer com os muçulmanos que embirram com os cães ou com os judeus, que olham estranhamente para os ungulados?
Não me desiluda, senhor PM!
Estará, porventura, a pensar proibir-me de comer carne de reco? Já viu a quantidade de gente para quem tal é anti-civilização?
E já perguntou à senhora D. Graça se ela já provou carne de touro bravo, ou será que ela só deglute frutos secos?
Olhe o que me parece que vai ter de fazer é coordenar melhor o seu governo com o grupo parlamentar principal, que o apoia para não dar ideia de que andam a tourear-se uns aos outros, ah, ah, ah…
Mas voltemos à questão civilizacional.
O que é que se pode entender por civilização?
Esta pode ser entendida pelo conjunto de características próprias da vida social, política, económica e cultural de um país, povo ou região. É fruto de um cadinho complexo e multidisciplinar de um conjunto de seres humanos moldados, pela genética, pela geografia, pelo clima, pela língua e por uma história comum, onde se desenvolveram hábitos culturais e sociais específicos.
Por isso nós conseguimos distinguir perfeitamente um português, de um índio, de um sueco, de um chinês, etc. E isso não tem nada de mal, ao contrário de uns adiantados mentais da engenharia social que querem amalgamar tudo num “melting pot” universal…
Por isso a tauromaquia insere-se perfeitamente na matriz cultural portuguesa, na nossa maneira de ser e de estar, apesar de nem sequer ter o mesmo desenvolvimento e aceitação nos diferentes distritos do país, o que também se explica.
Atentado á civilização e agressão á cultura de um povo, é pois, vilipendiar tal prática, como se quiséssemos estar a compará-la a algo negregado.
E só defendendo a nossa civilização, podemos resistir a que ela soçobre perante outras que nos sejam estranhas e agressivas.
Quererá a dileta apreciadora da Vénus de Milo explicar-nos porque é que as touradas são uma questão civilizacional, melhor dizendo contra o actual “statuos quo” civilizacional?
Uma actividade que se perde nas brumas dos tempos com raízes medievais, que está ligada seguramente à caça (que também, pelos vistos, querem proibir), às Justas e Torneios, tendo tomado e estabilizado na actual forma, por todo o século XVIII (ganhando esplendor no reinado de D. João V); que era praticada por toda a nobreza portuguesa, incluindo a realeza e que, por tal facto, se diz que a Cavalaria Portuguesa se distinguiu, apesar do seu número sempre reduzido?
Não sabe que a tauromaquia está ligada à arte equestre (apesar de provocar natural “stress” nos cavalos), ao rendilhado do toureio a pé, ao apuramento da raça taurina?
Que é uma actividade que envolve um cerimonial típico e castiço; uma mística marialva, regras e procedimentos difíceis de cumprir, mas que permitem a criatividade e desenvolvem uma estética?
Que na corrida as oportunidades de vitória e derrota se distribuem entre os participantes? Que o touro é respeitado na sua bravura e que existe sempre risco envolvido? (Convindo salvaguardar que o corte das hastes não envolva o nervo, o que debilita o touro).
Esta é uma actividade para gente corajosa, determinada, esforçada, lutadora e empreendedora. A afirmação viril de um povo.
Não é para gente de córtex engordurado e habituados a camas fofas e banhos quentes.
Não há nada a melhorar nas touradas? Há, mas o que há passa-se sobretudo nos bastidores das mesmas. É outra discussão.
Acusa, como quem a convidou (devia estar mesmo desesperado!) para o lugar de ministra, que a tourada é um espectáculo violento (como se a violência fosse estranha à natureza humana)? E no que concerne às “Corridas”, a violência parece estar a ser criada pelos abolicionistas das mesmas…
Violento é, por ex., o que se passa à volta do futebol e às vezes dentro do campo. Vai propor o fim da modalidade? Que os jogos deixem de ser transmitidos pelas televisões? Vai taxá-los forte e feio?
E a seguir vai proibir a caça submarina? Não acha uma violência que o mergulhador ferre os peixes com um pequeno arpão?
Por falar em arpão, porque não vai chatear o seu colega que tutela a Pesca para votar na UE o fim da caça á baleia a tiro de canhão?
Então e essa do “divertimento” com o sofrimento dos animais? Segue-se o fim da Falcoaria? Das lutas entre os bois em Trás-os-Montes? Das corridas de Galgos?
Vai recomendar à CPLP que os timorenses (por onde estivemos 450 anos) acabem com a luta de galos?
Olhe, por acaso tem um cão? Também atira um pau para longe, para o pobre animal o ir buscar a correr? Acha que ele também se diverte? Já lhe perguntou?
Por acaso está preocupada com o mar de dejectos dos canídeos cujos donos os passeiam pelas vias e parques das nossas vilas e cidades, que ficam abandonados na via pública (e mesmo os que se dão ao dever de apanhar os sólidos, estão impossibilitados de eliminar os líquidos)?
Já agora porque não tenta proibir a domesticação dos animais (até já proibiram a exibição de animais no circo) e não manda fechar os Zoo? A privação da liberdade não será uma violência para os pobres bichos – que deixaram, e bem, de ser coisas, mas não deixam de ser bichos?
As polícias vão poder continuar a ter cães polícias? …
Sabe verdadeiramente o que não é civilização, nem ser civilizado?
Não creio que saiba.
Não ser civilizado é ter uma quantidade de políticos a bacorar, a mentir, a virar a casaca, a prometer coisas que nunca cumprem, a fomentar (pelo exemplo), ou nada fazer, para acabar com a corrupção.
É não combater o “Relativismo Moral”, confundindo o Mal com o Bem; santificar os vícios e ridicularizar as virtudes; é tentar mudar e torcer a História dos antepassados, é defender a estúpida, anti-natural e escabrosa “Teoria do Género”, é querer matar os velhos e os doentes com as ideias da eutanásia; a liberdade para o infanticídio dos seres no útero materno; defender a desresponsabilização dos actos humanos e uma sociedade apenas baseada em Direitos e nenhuns Deveres; tentar igualar o indivíduo a Deus de si mesmo e mais uma quantidade de fantasias (subversivas) idiotas e perigosas.
É a (anti) civilização do ridículo, onde impera um sistema educacional, onde se despeja biliões de euros, para formar analfabetos encartados, que depois se apelida de “geração mais bem preparada de sempre”!
Como passar reportagens, recorrentemente, nas televisões a perguntar ao pobre do cidadão o que é que ele vai fazer para se proteger do frio, da chuva, do calor ou qualquer outro fenómeno meteorológico mais agreste!
E tantas, tantas outras coisas.
Mesmo no âmbito do seu ministério não lhe faltam cuidados civilizacionais que a deviam preocupar, como são exposições fotográficas em Serralves como a das “águas do Tamisa” ou sobre o “Olho do Cú” (era assim que se chamava); espectáculos teatrais onde os supostos artistas urinam e defecam no palco (vá lá, ainda punham jornais por baixo), possivelmente com subsídios dos nossos impostos, como foi o caso daquele filme de um realizador (que “educadamente”, mandou o público “à m….”- foi assim que ele disse), onde havia uma única imagem, que era escura como breu!
E não se deviam ter lembrado que não era apropriado fazer jantares no Panteão Nacional?
Isto para já não falar na quantidade insuportável de concertos de rock da pesada, dos metais e demais parafernália de nomes inventadas, onde impera no ar o cheiro a “erva” e alienação…
E que dizer da ordinarice de algumas telenovelas e “talkshows” que nos entram pela pantalha adentro e a horas impróprias?
Claro que isso não lhe passa pela cabecinha, pois não? Seria censura, cruz credo! E querer acabar com as touradas é o quê?
Mas a senhora ministra, muito cheia de si (de ar), está é preocupada com as touradas, mesmo tendo em conta, que as mesmas representam uma actividade económica relevante, promoção turística, milhares de empregos (directos e indirectos) e uma mais -valia artística e cultural, fazendo parte, há séculos, de tradição e costumes nacionais.
Devia até ser proposta para Património Imaterial da Humanidade, como o é já, em França, cujas tradições tauromáquicas, comparadas com as nossas, são risíveis.
E, para o caso de andar distraída, representam (as touradas) também a garantia da sobrevivência do touro no seu estado natural selvagem, o qual não é “incomodado” até aos cinco anos de idade…[1]
Um dia quiseram discutir a Pátria e ela quase se foi. Resta poucochinho…
Por isso D. Graça, não “chateia branco”, vá-se coçar, instrua-se, leia qualquer coisa de útil, não confunda gostos e opiniões com cultura e civilização e, quando quiser taxar, pense em algo que mereça tal distinção. Sei lá, talvez as casas de alterne para invertidos?
João José Brandão Ferreira
Oficial Piloto Aviador
[1] O nosso touro bravo, segundo o que está convencionado, é descendente de uma raça pré - histórica denominada “Auroque”, cuja representação mais antiga se pode apreciar no palácio real de Knossos, Creta.
Fonte: O Adamastor
quinta-feira, 20 de dezembro de 2018
Faz hoje 57 anos: a invasão da Índia Portuguesa
José Manuel Catalão Oliveira e Carmo, o último herói da Índia
Faz hoje 57 anos que a Índia, abjurando a sua propalada não-violência, invadiu o Estado Português da Índia. Um acto injustificável à luz do Direito Internacional, devidamente sancionado pelo Tribunal de Haia, lembrando aos ingénuos que o direito da força raramente se submete à força do Direito e que a moral que rege o comportamento dos Estados é coisa que a polemologia arruma no canto extremo e invisível da prateleira da vontade de poder.
A Índia Portuguesa era, desde o século XVI, a mais apurada expressão da presença de Portugal no mundo. Não era uma colónia, mas um Estado; os seus habitantes não eram nem colonos nem colonizados: eram cidadãos de pleno direito e os seus filhos, nos tempos de glória como nos do ocaso estiveram presentes em todos os actos marcantes da vida portuguesa: nas letras e nas artes, na ciência, no ensino, na administração, na missionação ou ao serviço de Marte.
Em Goa estava a sede do Padroado Português, como repousa ainda, no sarcófago de prata o Apóstolo das Índias. Os Vice-Reis e, depois, os Governadores-Gerais, confirmavam a investidura recebendo da imagem de S. Francisco Xavier o bastão de comando. A Índia Portuguesa era, contrariando a lenda negra e a novena de mantras da propaganda, um dos mais progressivos rincões do sub-continente indiano.
"De facto, quem percorre a Índia Britânica e, pondo de lado meia dúzia de cidades modernas, se interne nos centros nativos, nas populações rurais, chega necessariamente a esta conclusão: a Índia está hoje no mesmo estado de há mil anos! As aldeias, o povo, a mentalidade, os usos, os costumes continuam na mesma. Falta a higiene, a pior das misérias, atraso, ao passo que as nossas aldeias respiram certo bem-estar e o nosso povo vive uma vida incomparavelmente superior, sob todos os aspectos, à da população nativa da Índia inglesa"(1).
A actividade cultural que se desenvolvia em língua portuguesa na Índia britânica era motivo de grande orgulho e a animação tocava a investigação histórica, a crónica política e até produção literária e ensaística. O Investigador Portuguez em Bombaim, nos anos da década de 1830, O Echo de Bombaim, editado por uma Press Mercantil na década de 1860, deram corpo à necessidade de criar centros destinados a públicos mais exigentes e cultos. Assim nasceram o Instituto de Educação Portuguesa (1855) e em 1902, o Real Instituto Luso-Indiano. Os mais de vinte mil indo-portugueses recenseados em Bombaim em 1881 eram vinte cinco mil em 1915 e na véspera da Segunda Guerra abeirava-se a comunidade da meia centena de milhar. Em Bombaim, grande metrópole do Índico, na mudança do século XIX para o século XX havia 341 clubes goeses, com catorze mil associados, dos quais mil e quatrocentos eram homens ligados a actividades do mar. Para eles havia tipografias editando em português, escolas e igrejas. Um jornal em língua inglesa - Our Nation - gozava de grande autoridade e as paróquias editavam profusamente livros, folhetos, jornais e pagelas. A proeminência deste grupo não se prendia, apenas, com a inclinação para as humanidades e para as ciências jurídicas. Um dos mais afamados médicos-cirurgiões oftalmologistas no Império britânico era o Dr. Acácio da Gama (1845-1902). Nascido em Goa, formara-se no Medical College e na Universidade de Bombaim. A sua entrega aos mais pobres e o trabalho que desenvolveu nos bairros católicos valeram-lhe a outorga pelo Rei de Portugal do colar da Ordem de Cristo e eleição para a direcção da selectiva British Medical Association. Portugal na Índia era, indiscutivelmente, um caso de sucesso.
Depois, vieram os "ventos da história", crença que fez escola e não passa disso mesmo, de uma crença. Portugal tinha de sair, mesmo que saísse contra a vontade da população que era portuguesa e portuguesa queria permanecer. A prová-lo, o facto de após a invasão, abandonando as suas casas, haveres, laços, empregos e a terra onde haviam nascido os pais dos seus avós, trinta mil indo-portugueses se terem recusado ficar em terra onde ondulava outra bandeira que não a portuguesa. A saída dos indo-portugueses foi um referendo com os pés ao abuso e à arbitrariedade da invasão.
MCB
(1) Relatório do Patriarca de Goa, D. José da Costa Nunes, para o Governador-Geral da Índia Portuguesa, 1943, in Presença de Portugal mo mundo, Lisboa, Academia Portuguesa de História, 1982, p. 476.
Fonte: Nova Portugalidade
quarta-feira, 19 de dezembro de 2018
A PROPÓSITO DO 1º DE DEZEMBRO: OLIVENÇA!
“Na questão de Olivença a Espanha não tem defesa”
D. Federico Trillo-Figueroa
S. Maria de Aguiar (Castelo Rodrigo), 12/09/1997.[1]
Em todas as Constituições Portuguesas, desde 1822, apenas existe um artigo que se mantém comum até hoje, apesar de a sua redacção não ser idêntica, embora tenha sempre o mesmo significado.
É aquele que refere - e transcrevemos a redacção do Artigo 27 da Constituição de 1822 - que “A Nação não renuncia o direito que tenha a qualquer porção de território não compreendida no presente artigo”.[2]
Se mais não houvera, bastava este artigo para, legal e moralmente, a Nação dos Portugueses através das suas organizações e instituições civis e por maioria de razão, dos órgãos do Estado que a devem representar, não poderem renunciar e deixar de reivindicar o retorno à sua Pátria da mui portuguesa Vila de Olivença e seu termo, ilegalmente ocupada pela Espanha, desde 1807, seguramente, desde 1815 (Tratado de Viena).
Por isso foi um prazer ver, nas últimas comemorações do 378º aniversário da data luminosa do 1º de Dezembro de 1640, a banda filarmónica de Olivença, desfilar Avenida da Liberdade abaixo, bem como ouvir o Presidente da Sociedade Histórica para a Independência de Portugal – entidade promotora destas comemorações desde o seu início (como da iniciativa de erguer o monumento aos Restauradores, que dá o nome à Praça onde foi erigido), saudar Olivença Portuguesa.
Na tribuna de honra também estiveram elementos da direcção do Grupo dos Amigos de Olivença, perseverante instituição da sociedade civil, fundada em 1932 e que sempre se associou a estas comemorações, depositando uma coroa de flores na base do monumento que evoca todos os heróis da longa luta que restaurou a completa soberania portuguesa, terminando com a Coroa Dual e inaugurando uma nova Dinastia de raiz exclusivamente nacional.[3]
Recorda-se que os habitantes de Olivença estiveram sempre na linha da frente dessa luta e pagaram um preço elevado pela mesma.
Mas sem sacrifícios, jamais Portugal preservará.
Mais extraordinário foi ainda a presença de vários elementos da Associação Além-Guadiana (além do próprio Presidente do Ayuntamiento), fundada em Olivença, em 2008, e que desde então tem desenvolvido um notável trabalho de preservação da cultura e identidade lusíada em Olivença e seu termo (cerca de 450 km2), tendo inclusive conseguido um acordo para que os habitantes de Olivença que o requeressem obtivessem a nacionalidade portuguesa. E já cerca de 800 o fizeram.
Os convites terão sido feitos pela Câmara de Lisboa, através do Dr. Ribeiro e Castro, grande dinamizador do restabelecimento do ferido do 1º de Dezembro (em má hora extinto por um anterior governo) e que tem sido um elemento de ligação (se assim se pode dizer) com aquela Associação.
De salientar ainda que já por dois anos consecutivos, o “Além-Guadiana” promove a comemoração do feriado do 10 de Junho, naquela vila transtagana.
Os principais órgãos do Estado Português, porém, têm ignorado a questão de Olivença e mostram até, algum embaraço, quando não, enfado, quando são confrontados com as suas responsabilidades neste âmbito.
O Estado assume (na prática) que Olivença é um “território português sob administração espanhola”, mas para além de não reconhecer “de jure” a soberania espanhola, em simples declaração de princípios; de manter os marcos de fronteira interrompidos na porção de fronteira comum existente (e apenas as cartas militares reflectem tal “status quo”), nada mais faz para repor a legalidade da situação, ao contrário da posição da Espanha, por exemplo, sobre Gibraltar, as cidades e enclaves que mantêm em Marrocos e até algumas acções menos próprias que vai tendo relativamente às nossas Ilhas Selvagens.
Apesar do actual regime político português ter assumido (no nosso entendimento mal), os territórios de Macau e Timor (este último depois de invadido pela Indonésia), como territórios não portugueses, mas sob administração portuguesa, teve para com estes atitudes díspares relativamente ao que tem sobre Olivença.
Para já não falar no triste reconhecimento “de jure”, da inclusão do Estado Português da Índia, nos idos de 1974/5, depois da escabrosa invasão militar de Goa, Damão e Diu, pela União Indiana.[4]
Esperemos que este último opróbrio não seja lançado também um dia, sobre Olivença…
Sendo o artigo invocado tido origem na Constituição de 1822, o conteúdo do mesmo tinha sido sempre seguido e assumido (mesmo sem estar escrito) desde Afonso Henriques; impõe-se que a tradição, a lei e o direito continuem a ser preservados.
Se quisermos, é apenas uma questão de Dignidade. De Dignidade Nacional.[5]
João José Brandão Ferreira
Membro da Instituição Patriótica
Amigos de Olivença
[1] Figueroa era, na altura, Ministro dos Assuntos Exteriores de Espanha e fez estas declarações perante muita gente, em que se encontravam o Dr. Almeida Santos e o Dr. António Vitorino, que desempenharam. Altos cargos na estrutura do Estado. E também um distinto elemento do GAO que tem difundido esta importante declaração e que tem passado despercebida na opinião pública e publicada.
[2] O texto do Artigo 5º,3 da actual CR diz: “O Estado não aliena qualquer parte do território português ou dos direitos de soberania que sobre ele exerce, sem prejuízo da rectificação de fronteiras”. O que tem sido ligado objectivamente a Olivença. Não “Olivenza”.
[3] Lamentavelmente, numa conduta que tem sido constante, a generalidade dos meios de comunicação social ignoraram o evento e uma televisão que entrevistou o Ministro da Defesa, presente no mesmo, não foi para o inquirir sobre a cerimónia…
[4] Situação, aliás, muito mais gravosa do que aquela ocorrida com a Indonésia relativamente a Timor.
terça-feira, 18 de dezembro de 2018
Intervenção de D Duarte de Bragança no Ciclo de Conferências da Madeira ao Mundo: 600 Anos de Globalização
Intervenção de Sua Alteza Real o Senhor Dom Duarte no Ciclo de Conferências da Madeira ao Mundo: 600 Anos de Globalização, no dia 2 de Novembro em Porto Santo.
“As Comunidades Luso-descendentes da Ásia e a sua ligação à Diocese do Funchal”.
«Fiquei muito sensibilizado com o convite para participar no acontecimento de tão grande importância simbólica na História de Portugal.
Vir falar à terra onde começou a epopeia das Descobertas e a primeira grande globalização cultural, é de uma enorme responsabilidade.
Seria pretensioso da minha parte concorrer com ilustres historiadores e especialistas aqui presentes e, por isso, limitar-me-ei a tecer umas considerações derivadas da minha experiência pessoal adquirida com os contactos que fiz com as populações luso-descendentes por esse mundo fora.
A Fundação Dom Manuel II, de que sou Presidente, vem acompanhando comunidades minoritárias de luso-descendentes, em especial na sua dimensão cultural e na preservação e promoção da sua matriz identitária.
Tive oportunidade de visitar algumas destas comunidades e de receber o apoio pioneiro de entidades, como a Presidência da Região Autónoma da Madeira, no apoio à Comunidade luso-descendente de Malaca.
Estou firmemente convencido de que tem sido particularmente clara a solidariedade desta Região Autónoma em relação aos seus núcleos de emigrantes, também eles comunidades minoritárias, bastando recordar os casos da África do Sul e, mais recentemente, os angustiados milhares de Madeirenses radicados na Venezuela.
O convite que me endereçaram para conversar convosco neste Ciclo de Conferências Da Madeira ao Mundo: 600 Anos de Globalização permite-me ajudar-vos a recordar que esta ligação, e esta atenta solidariedade, (que talvez não constituam uma regra geral na conjuntura presente), se encontra inscrita na génese, e no ADN histórico da Madeira.
Nunca deixou de ser actual, mas neste preciso momento torna-se particularmente urgente reflectir sobre os ciclos de luta pela preponderância que têm vindo a caracterizar as relações entre as chamadas religiões do Livro.
Recuando seis séculos, os responsáveis pela expansão portuguesa do séc. XV, e seguintes, mostraram estar conscientes de que as suas explorações estavam a alargar o espaço cristão, criando condições para que a nossa Fé se espalhasse para lá das fronteiras anteriormente estabelecidas, e chegasse efectivamente a todo o mundo conhecido e ao mundo por conhecer, seguindo a doutrina do Quinto Império ou Império do Divino Espírito Santo.
É curioso verificar que esta actividade se enquadrava em geral naquilo que se pode denominar como Teologia da Cristandade, que perdurou em parte até ao séc. XX, e em conformidade com a qual a acção missionária visava, acima de tudo, a aculturação, a superação de outras crenças e formas de vida, para que aceitassem o modelo ocidental.
Os madeirenses participaram no povoamento das ilhas de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe, cujas igrejas dependiam inicialmente da diocese do Funchal, e estes arquipélagos vão servir de ponto de apoio às viagens de comerciantes e missionárias para a costa do Brasil e no caminho marítimo para a Índia.
A evangelização centra-se mais na edificação de igrejas, onde se instalaram colonos portugueses, do que em promover a conversão dos muçulmanos ou outros africanos.
Só a reforma interna da Igreja, após o Concílio de Trento (1545-1563), e a actividade da Companhia de Jesus lançaram uma acção missionária orgânica e sistemática, com novos modelos de evangelização.
A Diocese madeirense acabaria por ser criada numa fase de transformação de atitudes e mentalidades, quando sociedades fechadas começaram a viver uma aventura global, nas caravelas da expansão marítima.
A este respeito, os portugueses, pioneiros nas descobertas, distinguiram-se da coroa castelhana, que optou pelo que se poderia designar como dioceses de conquista, ligadas à ocupação do território das Américas.
Já o desenvolvimento de uma estrutura diocesana nas áreas submetidas ao império português foi-se processando de acordo com o ritmo da própria evangelização.
Foi precisamente no quadro do confronto com o Islão, motivado pelo domínio do espaço mediterrânico, que D. João I escreveu ao Papa em 1418, solicitando-lhe uma bula de cruzada para todo os que desejassem coadjuvá-lo na prossecução da luta contra os “infiéis”, e em Abril desse mesmo ano Martinho V emitiu três bulas. Numa delas, a Rex Regum, determinava o reconhecimento implícito para Portugal da praça de Ceuta, bem como das outras povoações e territórios que se viessem a tomar.
Confirmavam-se deste modo as pretensões lusas de prosseguir as conquistas no norte de África, ao mesmo que confirmava juridicamente a conquista. Estes sucessos políticos e militares ficaram a dever-se aos filhos de D. João I e da Princesa Inglesa Filipa de Lencastre, que hoje são conhecidos pela Ínclita Geração.
A Rainha D. Filipa deu muita importância à formação cultural dos seus Filhos, e todos eles foram, de facto, personalidades notáveis na Europa da época.
O Infante Dom Henrique foi o primeiro responsável político pela Região. O primeiro Governo do Funchal, depois da recente autonomia teve a muito feliz iniciativa de pôr a cruz da Ordem de Cristo na bela bandeira regional, por ser o Infante D. Henrique o Grão-mestre desta Ordem, directamente sucessora da Ordem dos Templários.
Já nas zonas descobertas, particularmente onde não se verificava a presença islâmica, o título de posse, concedido pela autoridade da Santa Sé, associou-se a uma obrigação explícita de se proceder a uma missionação efectiva. Na prática, a missionação cristã iria justificar a presença e a acção daquilo que hoje em dia costuma designar-se como potência colonizadora.
Tendo presente a prioridade da descoberta da Madeira o poder régio surgia assim ligado à missionação, sendo-lhe confiada a evangelização das novas terras descobertas a partir deste arquipélago, que passava a representar uma porta aberta para a Europa sobre um mundo novo, com jurisdição sobre todos os territórios descobertos pelos portugueses além-mar ao longo da costa africana até ao Oriente, englobando depois o Brasil.
Desde o início do povoamento, a Igreja Católica na Madeira actuou num clima missionário, que se foi actualizando ao longo dos tempos. Mais concretamente estabelecendo uma ponte entre a comunidade recém-instalada, aqueles que partem e os que passam, oferecendo à cristandade global um novo enquadramento geográfico e espiritual.
O arquipélago converteu-se num ponto de escala e abastecimento no corredor atlântico. E concomitantemente afirmou-se como polo de difusão e estruturação do Cristianismo no mundo ultramarino.
Estas valências desenvolveram-se a partir de uma sociedade cristã que trouxe para a Madeira as suas tradições do continente, embora seja forçoso reconhecer, que as suas características ganharam uma configuração singular por força das condições do território e do esforço pioneiro de construir de raiz uma sociedade nova.
A preocupação missionária surge desde o primeiro momento, como atesta o Elucidário Madeirense ao falar de Gonçalo Anes ou Gonçalo Anes de Velosa, fundador da igreja de São Bartolomeu, junto da qual instituiu um hospício para clérigos pobres, que como se pode depreender, servia para alojamento dos missionários que paravam na Madeira e se dirigiam para a Índia e para o Brasil.
Talvez não tenha sido por mera coincidência que os jesuítas se vieram a instalar em 1570 nesta casa e igreja.
Quem viu o filme, ou leu o romance, “A Missão” não pode deixar de ficar emocionado ao perceber a técnica seguida pelos Jesuítas de integrarem o Cristianismo nas culturas locais, ao contrário de outros missionários que se esforçaram por alterar profundamente as culturas dos povos que iam cristianizando. Na China, Japão e Índia os sacerdotes Jesuítas vestiam-se com trajes de religiosos locais, além e integrarem outros elementos culturais, tendo até dado origem a queixas de autoridades católica. (Foi o caso controvérsia dos “ritos chineses” que foi utlizada como uma das razões mais invocadas para a extinção da Companhia de Jesus no século XVIII).
Em Goa os Jesuítas criaram um instituto universitário dependente da Universidade de Évora e institutos de ensino superior surgiram por sua iniciativa em várias regiões do ultramar português, como por exemplo, em Angola, Brasil, em São Paulo, e na região de Tête em Moçambique.
Imaginem o que seria o desenvolvimento cultural desses países hoje se esta extraordinária obra não tivesse sido brutalmente interrompida pelo fanatismo político pombalino.
A mentalidade do “despotismo iluminado” apoiado no “absolutismo real” do tempo de D. José I ainda hoje é glorificada nos livros de História de todo o mundo e o Marquês de Pombal foi homenageado com o maior monumento produzido pela 1ª república portuguesa.
Quem visitou o Pavilhão de Portugal na Expo 98 fica com a imagem de que no fim toda a obra portuguesa naufragou. No entanto, quem se der ao trabalho de procurar as Comunidades Luso-descendentes na Ásia ficará impressionado com a força das memórias portuguesas que por lá encontra.
Eu visitei com a minha família a Comunidade “Portuguesa” de Banguecoque, onde cerca de 20 mil pessoas se afirmam luso-descendentes, são católicos e têm um grande prestígio social.
A principal Igreja que merece ser visitada por quem lá for é a Igreja da Conceição, no antigo Bairro Português, obviamente junto ao Rio, por onde chegavam as naus portuguesas. Eu visitei esta Comunidade em 2017, por ocasião da nossa oferta da imagem da Imaculada Conceição à Paróquia do mesmo nome.
Na Birmânia, hoje chamada Myanmar, há sete pequenas cidades predominantemente de descendentes de portugueses, conhecido como Bayingyis.
Foram como militares, mas ao contrário do que sucedeu na Tailândia, antigo Reino do Sião, – onde os Portugueses durante gerações organizavam as forças armadas locais, conhecidos especialmente como sendo os melhores artilheiros, – são hoje agricultores, com algumas excepções, como é o caso do actual Cardeal de Ragun.
No Sri Lanka, antigo Ceilão, uma comunidade de cerca de 40 mil pessoas é descendente de Portugueses, os chamados os Portuguese Burghers, que adoptaram nomes de família portugueses quando os antepassados se converteram ao Catolicismo. A minha Mulher e eu esperamos visitar esta Comunidade no próximo ano.
A presença dos Luso descendentes na Ásia também é muito forte em Goa, Damão, Diu, Macau. Mas o caso mais curioso é o da pequena comunidade do Bairro Português de Malaca, Kampung Portugis, que sobreviveu à violenta ocupação holandesa, mantendo sempre a sua fé e a sua ligação cultural e afectiva a Portugal.
Eu visitei esta comunidade em 2015, para entregar, em nome da Fundação D. Manuel II, um sino em bronze, para substituir um mais antigo da Praça principal que se tinha quebrado.
E foi precisamente no Bairro Português de Malaca que em 2016 se realizou a a 1ª Conferência das Comunidades Luso-asiáticas, na qual a Fundação D. Manuel II está representada»
Fonte: o manto do rei
segunda-feira, 17 de dezembro de 2018
Respeitar as lideranças tradicionais: monarquias africanas
Os estados africanos que ascenderam à independência a partir de inícios da década de 1960, depois de mal sucedidas experiências de autoritarismo e centralismo "anti-tribalista" imitadas de modelos incompatíveis com a diversidade étnica, linguística e religiosa própria do continente africano, têm lentamente concedido autonomia aos grupos étnicos. Essa autonomia por delegação, inscrita nas constituições e no modelo de representação parlamentar, tem dado frutos. No Uganda, na Nigéria, no Senegal e agora em Angola, o respeito pelas lideranças tradicionais é agora entendido como factor de estabilidade e paz.
Portugal sempre o fez, mantendo até ao fim da sua presença em África estas lideranças tradicionais como intermediárias entre a massa das populações e as autoridades portuguesas.
A foto que vos propomos foi tirada em 1938, por ocasião da visita do Presidente Carmona ao Império. O soba da Ilha de Luanda, envergando o uniforme de coronel de milícias, no portaló que o leva a bordo de um vaso de guerra da marinha portuguesa para apresentar cumprimentos de boas-vindas ao chefe de Estado. Um sorriso do tamanho do mundo.
MCB
Fonte: Nova Portugalidade
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