A aldeia portuguesa do Sião (actual Tailândia) era o maior e o mais consistente estabelecimento português na região, se bem que Ayutthaya (capital do Sião) nunca tivesse sido prioridade comercial para os portugueses. Do Sião - situado no caminho entre o Índico e o Mar da China – precisava Macau de arroz e um porto seguro e se bem que a aldeia se transformasse num grande núcleo de refugiados, nunca ali possuiu o Estado da Índia qualquer entreposto comercial. O bandel (aldeamento) não era, decididamente, uma prioridade para a fazenda dos negócios portugueses no Oriente. No Sião, não havia nem feitoria nem fortaleza, pelo que ali funcionou uma forma híbrida de auto-governo centrado na figura do Capitão de Bandel indicado por Goa e confirmado pelo Rei do Sião.
A população do "Bân Protukét" (Aldeia dos Portugueses) tendeu a crescer na proporção dos reveses militares portugueses na Insulíndia. Quando Malaca se rendeu aos holandeses (1641), parte da população católica fugiu para o Camboja e daí transitou para Ayutthaya. Anos depois, já na década de 1660, Macassar foi abandonada e a população refugiou-se no Sião. Seriam os portugueses cerca de quatro mil em finais da década de 1680, estabilizando-se o seu número até 1767, ano em que a capital siamesa foi tomada e destruída pelos exércitos birmaneses. Mais do que uma aldeia, constituía um distrito na ordem administrativa siamesa e o seu Capitão ou Nay (นาย /chefe) nomeado pelo Rei siamês estava submetido à autoridade do Phra Khlang, o ministro responsável pelo comércio marítimo.
O Bân Protukét acolhia uma população etnicamente heteróclita que cobria as diversas variantes da espantosa mistura afro-indiana, indo-malaia, nipo-portuguesa, sino-indiana e peguano-portuguesa – para além, claro, de thai-portuguesa – ou seja, um verdadeiro laboratório de miscigenação.
Hoje, a Aldeia dos Portugueses do Sião é uma das grandes atracções turísticas da Tailândia, recebendo anualmente centenas de excursões.
MCB
Fonte: Nova Portugalidade
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