quinta-feira, 25 de abril de 2019

Páscoa de sangue para o Portugal universal

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Três igrejas atacadas, hotéis rebentados, mais de duzentos mártires e muitas centenas de feridos, eis o balanço provisório da investida dos sicários no Ceilão. O Palácio das Necessidades divulga, em manifestação da confrangedora impreparação do pessoal diplomático, que "há um português entre as vítimas". Fazer triste figura nos momentos de dor parece ser o preço a pagar por confiar as mais relevantes funções do Estado a analfabetos. É improvável, ou quase impossível, que só um português tenha perecido nos ataques, ou não fosse a comunidade visada - os católicos do país - constituída largamente por luso-cingaleses. Aqueles católicos, que se contabilizam em quase um milhão e duzentas mil pessoas, são na sua maioria, de sangue ou de sentimento, descendentes de portugueses. Até a Igreja de Santo António, em Colombo, foi fundada no século XVII por um missionário português, Frei António. No mínimo, seria de exigir que a diplomacia portuguesa se informasse e não tratasse os luso-cingaleses enlutados como se nos fossem estranhos. Nem seria pedir o mundo a sugestão de que o Estado português se junte a estes seus filhos decretando luto nacional. Pena estarmos nas mãos de homens sem consciência de que há fora do rectângulo um Portugal americano, um Portugal africano e, no caso, um Portugal asiático a que devemos amparo. Se Lisboa não sabe, há que lembrá-la. Nem que seja para poupar-nos a vergonhas.

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