No tempo de Estaline, os grandes biólogos russos, que descobriram o gene como núcleo invariável da herança humana, foram condenados por Lisenko e enviados a morrer na Sibéria. De facto, o gene, invariável, estabilizado, passando a mesma herança cromossómica de pais para filhos, não se acomodava à dialéctica marxista, e era, segundo a óptica dos funcionários do partido, uma heresia idealista. Mas mais recentemente, nos Estados Unidos, vários professores universitários foram banidos e caluniados por terem descoberto uma sensível diferença entre a inteligência de negros, brancos e mestiços. Além disso, puseram a claro uma correlação entre a herança genética e o grau de inteligência. Tais descobertas iam contra a ideologia reinante que afirmava ser a inteligência um factor igual para todos e só dependente da educação e do meio familiar. Toda a investigação foi paralisada e os cientistas foram condenados como racistas e nazis.
Estes dois exemplos demonstram que embora a ciência contrarie as teses fundamentais das ideologias mais divulgadas, estas conservam a sua dinâmica e poder de proselitismo, porque o seu impacto nas massas não se baseia na verdade, ou falsidade, dos seus dogmas e explicações. Antes repousa nos mitos, nas emoções que desencadeiam e nos interesses que cobrem.
António Marques Bessa e Jaime Nogueira Pinto in «Introdução à Política», 1977
Fonte: Veritatis
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