sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

A Maléfica Carbonária

 


A unidade na Maçonaria permitiu a formação de uma organização secreta sediciosa e armada, a Carbonária, embora sem ligação orgânica à primeira.

A Carbonária liderada por Luz de Almeida, alistava grupos de civis que treinava nas técnicas de combate urbano e anarquista e procedia ao recrutamento de fidelidades nos quartéis entre os marinheiros, soldados e os sargentos. Apoiada pelo próprio grão-mestre do Grande Oriente Lusitano Unido, lançou-se mesmo em atentados bombistas como os dos anarquistas João Borges e José do Valle.
A Carbonária foi uma organização terrorista secreta, oriunda de Itália, e que se instalou em Portugal em 1822. Era paralela da Maçonaria, embora sem vínculo orgânico à Maçonaria Portuguesa, não obstante utilizava algumas lojas do então Grande Oriente Lusitano Unido para aquartelar os seus órgãos superiores, os seus membros eram na maioria também maçons, e colaborou oficialmente com esta Obediência para a tentativa de revolução republicana falhada de 28 de Janeiro de 1908 - conspiração urdida pelos republicanos, pela Carbonária e pelos dissidentes progressistas -, para o Regicídio de 1 de Fevereiro de 1908, e, para a implantação da República, em 5 de Outubro de 1910. A Carbonária era uma organização política, mas de cariz armado, uma espécie de brigada de artilharia, inimiga da Monarquia, do clero e das congregações religiosas. A Carbonária impunha aos seus filiados que ‘possuíssem ocultamente uma arma com os competentes cartuchos’.

O órgão supremo da Carbonária Portuguesa era a Venda Jovem-Portugal, tão secreta que os seus membros não se conheciam uns aos outros e que apenas se reunia em caso de deliberações importantes. O seu Presidente honorário era o Grão-Mestre que era o único dos seus membros que comunicava com a Alta-Venda e que assistia a todas as sessões deste órgão. Continuando com a descrição do organigrama da organização, a Alta-Venda era composta pelo Grão-Mestre eleito na Venda Jovem-Portugal e mais quatro Bons Primos nomeados e escolhidos por este de entre os membros da Carbonária Portuguesa. Este era o órgão de gestão da Carbonária Portuguesa e o seu polo dinamizador principal.

Na Carbonária havia quatro graus: Rachador, Aspirante, Mestre e Mestre Sublime. Os filiados tratavam-se por Primos e por Tu, havendo entre eles sinais de reconhecimento e palavras especiais, e, nas sessões apresentavam-se sempre todos de capuz geralmente negro ou com a cara encarvoiçada, para dificultar a exposição dos chefes, mas os quais, todavia, conheciam os seus homens.

O estandarte carbonário era vermelho e verde e nele estava representado um Estrela de Cinco Pontas, que encima o Globo Terrestre e três pontinhos, dispostos em forma triangular com o vértice na parte inferior, ou seja, a Bandeira da Carbonária portuguesa, copiou os motivos da bandeira da "La Carboneria" italiana, mas invés do Azul, Vermelho e Negro a Carbonária portuguesa, optou pelas cores verde e encarnada em homenagem à Itália. A principal choça da Carbonária, também, possuía bandeira própria: bipartida igualmente de vermelho e verde, com um Globo (disco) em azul ultramarino em cujo dístico estava escrito o lema "pátria e liberdade".

Quando a 1 de Fevereiro de 1908, Sua Majestade Fidelíssima El-Rei Dom Carlos I de Portugal e o Príncipe Real Dom Luís Filipe de Bragança foram assassinados, respectivamente aos 44 e aos 20 anos, num atentado terrorista as armas que os mataram foram accionadas por Carbonários (Manuel dos Reis Silva Buiça, José Nunes e Alfredo Costa – fora os que ficaram na sombra como Aquilino Ribeiro), mas o Regicídio foi organizado em conjunto por esta organização terrorista, pela maçonaria, por republicanos do Partido Republicano Português e dissidentes do Partido Progressista. A Carbonária, com a conivência do comité revolucionário, urdia um atentado para assassinar a Família Real desde 1907, data em que, numa deslocação a Paris, um grupo de republicanos decidira numa reunião com revolucionários anarquistas franceses, num Café da Boulevard Poissonière, assassinar o presidente do Conselho e o Monarca português!

Houve depois vários encontros para preparar o atentado, sendo o último na madrugada desse dia 1 de Fevereiro de 1908, nos Olivais, onde uns primos da Carbonária, simultaneamente membros de uma loja maçónica não regularizada, decidem avançar com a impiedade. Decidem assassinar, primeiro o Rei Dom Carlos I, depois o Príncipe Real Dom Luís Filipe, depois o Infante Dom Manuel e, finalmente, a Rainha Dona Amélia.

Morreram os dois primeiros, e com eles morreu não só um Rei e um Príncipe, mas a Esperança de toda uma Nação, pois foi dali que veio todo o Mal.

Nos dias 4 e 5 de Outubro de 1910, a revolução que derrubou a Monarquia e implantou a República foi feita pelos primos da Carbonária fossem da arraia-miúda de Lisboa, fossem dos militares e marinheiros (sobretudo) arregimentados. Após a revolução, a Carbonária dividiu-se entre a Formiga Branca de Afonso Costa e a Formiga Negra de Machado dos Santos e Carlos da Maia, com a primeira a prevalecer sobre a segunda: em todos os regimes que brotam do crime e se sustentam no terror, há sempre o momento (ou os momentos) em que a revolução devora os próprios filhos. Assim foi.

Miguel Villas-Boas

Fonte: Acção Monárquica & Plataforma de Cidadania Monárquica

Imagem: o Estandarte da Carbonária vermelho e verde onde estava representado um Estrela de Cinco Pontas, que encima o Globo Terrestre e três pontinhos, dispostos em forma triangular com o vértice na parte inferior, ou seja, a Bandeira da Carbonária portuguesa, copiou os motivos da bandeira da "La Carboneria" italiana, mas invés do Azul, Vermelho e Negro, a Carbonária portuguesa optou pelas cores verde e encarnada em homenagem à Itália

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