Não raras vezes surge uma névoa que gera a confusão sobre o que é “ser Monárquico”. Se é certo que isso acontece na opinião pública por mera desinformação, existem mais variáveis que contribuem para isso.
Uma dessas circunstâncias resulta, sem sombra para dúvidas, da propaganda anti-monárquica que começou ainda antes da queda da Monarquia cimentando a concepção sem fundamento, às vezes mesmo sem nexo, que um monárquico é um aristocrata, um indivíduo que julga pertencer a uma casta superior que paira sobre os demais. Nada mais falso, pois essa ideia baseia-se, tão-somente, em mentiras preenchidas com factos mitológicos e com a imaginação daqueles que descrevem a História através da sua revisão, porque pretendem dessa forma alcançar uma vantagem para si. O Revisionismo histórico é a reinterpretação da História, reescrevendo-a e descrevendo os factos históricos com imparcialidade e/ou obscuridade. Segundo o criador do positivismo Augusto Comte, "a História é uma disciplina fundamentalmente ambígua" e portanto, passível de várias interpretações – os republicanos estudaram bem a lição de um dos seus mestres. De facto, a Verdade é apenas a crença que subsistiu.
Devido ao uso de instrumentos como a censura, devido a frequentemente envolver interesses políticos de pessoas, tornou-se quase impraticável o bom uso da realidade histórica para mostrar a Verdade! Ora os esteios da História não podem apoiar-se sobre motivos, às vezes desconexos, preenchidos com episódios alegóricos e com a inventiva dos escribas que num dado momento ocupam o poder.
É pois, necessário, dir-se-ia premente, que termine a desinformação de que fazem os Monárquicos alvo.
Monárquico não é sinónimo de aristocrata, pois a Monarquia é inclusiva e não exclusiva; não é um clube privado para ensimesmados, mas um modelo onde cabem todos, independentemente de condição social, sexo, estirpe, ideologia política. A Monarquia tem as portas escancaradas para a colectividade, não é um grémio de fidalgos, - lembremos o provérbio grego: ‘ninguém liga à música escondida’ -, mas uma Agora onde cada um faz parte do todo e o todo só faz sentido com cada indivíduo. Não pertencemos a uma elite de pessoas. Acreditamos que a medida da riqueza de cada um é o Espírito, tal como a do calçado é o pé! E, ao contrário, antes de sermos privilegiados, não raras vezes somos desprezados pela opção pela Causa da Monarquia.
Não somos monárquicos por snobismo de ADN como diz o equívoco que os republicanos instalaram na mente do Povo, apenas acontece que na Família de alguns monárquicos houve antepassados que ou fizeram parte da história ou participaram na construção do País ou na administração do Estado, e isso é para os seus descendentes motivo de orgulho familiar que não deve ser confundido com soberba, ou com pretensões de fidalguia ou de superioridade de sangue: trata-se de não renegar a sua Família assim como os demais não renegam a sua. É orgulho e fascínio por quem, em muitos casos, tanto contribuiu para o engrandecimento da Nação portuguesa.
De resto, como já Oliveira Martins o lembrava no século XIX “dá-se o caso tão frequente de se achar hoje nos solares aristocráticos a mais genuína elegância aliada à quase pobreza, ao passo que os palácios ricaços ostentam a sua opulência de mau gosto”. Sim, não são monárquicos a alardear o dinheiro na cara do Povo, este sofre do desprezo e do esbulho mas é na mão dos plutocratas e da oligarquia burguesa!
Assim, ser Monárquico não é preconizar o regresso de punhos de renda, de cabeleiras ou perucas similares e de criados de libré, nem do fidalgo carregado de insígnias, comendas, condecorações e cachucho com brasão, a desfilar de capa e espada; nem o regime da Monarquia Absoluta, nem o Feudalismo, mas uma Monarquia em que todos serão iguais e à cabeça um Rei – o primus inter pares -, o guia que orientará o País. Claro que Portugal é único e como tal devem ser respeitadas as idiossincrasias do ser português pelo que não se pretende decalcar um modelo de um outro país directamente para o nosso - para isso bastou o transplante do modelo da revolução francesa pelos revolucionários da república velha -, mas sim em conjunto encontrar a melhor solução.
Se hoje, “tão bons são uns como outros!”, há que procurar a solução noutro regímen. O regime de Monarquia evidencia-se como a resposta certa para o tempo incerto, é o único que funciona como símbolo de estabilidade e coesão nacionais e é autónomo das mudanças na política partidária. Os Monárquicos não têm um partido, pois qualquer um, independentemente da ideologia, pode ser monárquico: a Monarquia é suprapartidária.
Mas se com a Restauração da Monarquia não se pretende um regresso ao passado, não renegamos o passado do Portugal Maior.
A Monarquia a ter deve passar por uma combinação de um monarca forte, com umas Cortes (Parlamento), com uma democracia mais directa e uma descentralização política que dê às Comunidades intervenção e autonomia.
É preciso, também, o sentido de Missão que só um Rei possui - uma missão que é para a vida; e quando o Rei partir o Seu Filho, aclamado Rei, instruído nos mesmos valores de seu Pai, seguirá a obra com o mesmo desígnio de servir a Nação, acrescido das mais-valias que a substituição geracional aporta.
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