sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Vacina contra a Covid-19: mitos e quimeras

 


A partir de Dezembro de 2020 começou a campanha de vacinação mundial contra a COVID-19, com base nos ensaios clínicos realizados pelas empresas farmacêuticas Pfizer, Moderna, Johnson & Johnson e AstraZeneca.

Pela confiança na ciência, e dominados pelo horror da morte, ou outra razão, o que é certo é que poucas pessoas sabem que nenhum dos ensaios clínicos de fase III das vacinas foi feito tendo como finalidade detectar a redução dos casos graves, como hospitalizações, admissões nos cuidados intensivos ou mortes. Tão pouco o foi para determinar se estas podiam interromper a transmissão do vírus SARS-CoV-2 (pelas pessoas vacinadas infectadas), mas apenas para saber se reduzia o número de pessoas infectadas.

Vejamos o caso da Pfizer: o ensaio contou com 44 mil participantes e a eficácia da vacina contra a infecção foi calculada com base em 170 casos de COVID-19 (sintomáticos) confirmados por PCR, divididos entre o grupo que foi injectado com a vacina (8) e o outro que recebeu o placebo (162) – daí os 95% de eficácia (1 – 8/162).

A primeira coisa que salta à vista é o número reduzido de eventos registados. Com uma amostra tão limitada, desde logo era improvável obter dados estatisticamente significativos para os casos mais graves da doença. Portanto, dezenas de milhões de pessoas começaram a ser vacinadas contra a COVID-19 com base em 170 testes PCR positivos… Em termos de mortalidade “Todas As Causas” (tema abordado no artigo precedente) há que salientar que no grupo da vacina houve mais mortes (15) que no grupo placebo (14) – estatisticamente não significativo.

Peter Doshi, editor associado do British Medical Journal (BMJ), uma referência entre as revistas médicas, publicou vários artigos descrevendo esta problemática, confirmada também pelo diretor médico da Moderna, Tal Zaks (link 1 e link 2). Mas não se ficou por aqui, dado que denunciou ainda outras falhas como: as referentes ao número elevado de “suspeitos de COVID-19” não contabilizados (aqueles com COVID-19 sintomático que não foram confirmados por PCR); e aqueloutra relativa ao número elevado de indivíduos vacinados que foram excluídos (por razões desconhecidas – efeitos adversos?) da análise da eficácia.

Normalmente, este tipo de ensaio utiliza o método “double-blinded” (duplo cego): nenhum dos participantes (quem é vacinado e quem organiza) sabe se o que é injectado é a vacina em teste ou o placebo (substância inofensiva que deve parecer idêntica à vacina testada, mas que não contém nenhum ingrediente activo, podendo ser, por exemplo, uma injecção de soro fisiológico).

No caso de Pfizer, o ensaio clínico foi somente “observer-blinded” (cego apenas para o observador), pois a aparência física das vacinas candidatas em teste e do placebo era diferente e conservadas de forma distinta (a vacina Pfizer estava congelada, enquanto que o placebo era mantido à temperatura ambiente). Portanto, neste ensaio da Pfizer, na prática, todos os intervenientes podiam saber facilmente deduzir se era a vacina, ou o placebo, que estavam a injectar.

Recentemente o jornalista Paul Thacker, do BMJ, deu conta de problemas extremamente graves que aconteceram na empresa Ventavia Research Group, que participou no ensaio clínico da Pfizer: a empresa terá falsificado dados; não respeitou o protocolo do ensaio; empregou vacinadores com formação inadequada; demorou a acompanhar os efeitos adversos relatados; e os funcionários que realizaram o controle de qualidade ficaram sobrecarregados com o volume de problemas que encontraram.

Brook Jackson denunciou estes problemas à FDA (agência federal norte-americana), em Setembro de 2020. Mesmo perante tais falhas, a Pfizer voltou a subcontratar essa mesma empresa, a Ventavia, em quatro outros ensaios clínicos de vacinas: vacina COVID-19 em crianças e adultos jovens, mulheres grávidas e uma dose de reforço, bem como num ensaio de vacina contra o RSV (vírus responsável por bronquiolites e pneumonias).

O país que mais rapidamente começou o processo de vacinação maciça da sua população foi Israel. Por essa razão, pode dizer-se, que Israel foi o “laboratório” de validação da vacina Pfizer. Esta vacina é a única utilizada em Israel.

A partir de Março de 2021, o governo israelita implementou ainda o chamado Green Pass (Passe Sanitário): os não vacinados tinham que efectuar testes ao vírus SARS-CoV-2 para ter uma vida social normal. Portanto, faziam testes muito mais frequentes. Para analisarmos a eficácia da vacina Pfizer contra a infeção por COVID-19, temos de evitar este viés de selecção entre as pessoas testadas. Por isso, escolhi o período sem Green Pass: foi suspenso de 1 de Junho a 29 de Julho.

Como se pode observar a tabela abaixo (1), neste período a percentagem de casos positivos dos vacinados em Israel era sistematicamente superior à taxa de vacinação da população, para cada faixa etária. Ora, no caso de uma vacina eficaz, a percentagem de casos positivos deveria ser claramente inferior à da taxa de vacinação. Por exemplo, na faixa dos 40-49 anos (semana de 4-7 a 10-7) 81% da população estava vacinada com as duas doses, no entanto, estes representavam 87% dos casos positivos, o que mostra claramente uma eficácia nula (mesmo negativa) contra a infecção. Porém, com a anunciada eficácia de 95% contra a infecção, seria expectável que o grupo dos vacinados representasse apenas 17% dos casos positivos nesta faixa etária (2).

(1) Tabela criada a partir dos dados disponíveis em: https://data.gov.il/dataset/covid-19/resource/9b623a64-f7df-4d0c-9f57-09bd99a88880

(2) Neste exemplo, com 81% da população vacinada na faixa etária dos 40-49 anos:

• vacina com 0% de eficácia: em 100 casos positivos, 81 seriam vacinados e 19 não vacinados.

• vacina com 95% de eficácia: em vez dos 81 positivos vacinados, teríamos apenas 4 (81*0,05); Portanto 4 vacinados, mais os 19 que não se vacinaram (o número total de casos positivos seria reduzido de forma drástica); 17% = 4 / (4 + 19)


Perante estes resultados, que podemos classificar como altamente frustrantes, a conclusão das autoridades e da Pfizer foi de que a vacina perdia a sua eficácia com o tempo. Portanto, os ensaios clínicos, para além de terem sido realizados fora de todos os protocolos de segurança e eficácia habituais, nem sequer conseguiram prever que a vacina seria eficaz apenas durante 5 ou 6 meses!

No Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, nos últimos meses, a problemática da eficácia reduzida das vacinas contra a infeção tem sido patente: como é visível nas seguintes tabelas (a verde), em 4/5 das 8 faixas etárias a taxa de infecção dos vacinados com duas doses é superior à dos não vacinados. Estamos a falar de uma taxa, portanto o denominador é a população em cada uma das categorias.

09-12-2021 | ​​​​25-11-2021

Nas últimas semanas estas taxas foram alvo de polémica e a forma como o denominador é sistematicamente subestimado para os não vacinados (número total de não vacinados), pode levar a pensar que o impacto da vacinação nas infecções é residual.

Mas, em relação à transmissão do vírus, as vacinas seriam eficazes e permitiriam atingir a imunidade colectiva?

A estocada final na quimera da imunidade colectiva utilizando uma vacina não imunizante (que não impede a infeção com o vírus) foi dada por um artigo publicado na revista Lancet, disponível em pre-print desde Agosto, que concluiu que “os indivíduos totalmente vacinados infectados têm um pico de carga viral semelhante aos não vacinados e podem transmitir a infecção com eficiência em ambientes domésticos, incluindo para contactos totalmente vacinados”.

Trata-se de uma desmistificação já oficial em países como os Estados Unidos: Anthony Fauci, diretor do NIH (National Institutes of Health), confirmou que não há diferença da carga viral na faringe nasal entre infectados vacinados e não vacinados, pelo que a transmissão é idêntica!

A bibliografia, que junto, inclui ainda uma carta ao editor publicada na Lancet e vários artigos em pre-print (link 3link 4 e link 5).

Refira-se que as vacinas contra a COVID-19 actualmente disponíveis e homologadas na União Europeia foram desenvolvidas num curto espaço de tempo e os ensaios de fase III ainda decorrem: por exemplo, para a Pfizer este só terminará em Maio de 2023 e para a Moderna em Outubro 2022.

Todas estas vacinas usam novas tecnologias tais como o RNA mensageiro e o adenovírus, componentes utilizados contra a COVID-19 pela primeira vez na população geral. Isto é, nenhuma das múltiplas vacinas que todos nós já tomámos ao longo da nossa vida utilizava estas tecnologias vacinais. Acresce ainda que as vacinas anteriores tinham um histórico de 10/15 anos antes de serem recomendadas. Perante isto, absolutamente ninguém pode prever os impactos sanitários a médio e longo prazo (5-20 anos) que terá a actual campanha de vacinação maciça.

Estudos recentes na Alemanha e na Suécia mostraram que as crianças sem comorbidades graves (como a obesidade mórbida infantil, que é um problema muito grande nos Estados Unidos) que contraíram a COVID-19 (sem vacinação), tiveram uma mortalidade nula.

A gripe (vírus Influenza) provoca uma mortalidade superior nas crianças, no entanto, poucos são os pais que vacinam os filhos anualmente. A eficácia da vacina (criada a partir do vírus inactivado, técnica utilizada há décadas), situa-se entre 40 a 60%, dependendo da variante.

Fica a interrogação: se as vacinas contra a COVID-19 não reduzem, ou têm um impacto residual na infecção, e não têm efeitos na transmissão, qual o interesse de vacinar indivíduos (nomeadamente crianças e adolescentes) sem comorbidades e com risco quase nulo de sequelas graves ou morte por COVID-19? Mesmo fazendo abstracção dos efeitos adversos imediatos e sem saber quais serão os impactos a médio e longo prazo na sua saúde, que benefícios lhes trará, e à sociedade, esta vacinação?

Carlos Antunes

Fonte: Inconveniente

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