terça-feira, 30 de abril de 2024

É hoje, é hoje!


16 /4/24 

“Se o ridículo matasse…” (já não me lembro quem disse). 

S. Excelência o Presidente da República e assumidíssimo Comandante-Chefe das Forças (des) Armadas, mandou hoje (ou terá pedido s.f.f.?) reunir, extraordinariamente o magno Conselho Superior de Defesa Nacional (CSDN); é hoje, é hoje! 

O que é o CSDN, que reúne ordinariamente a cada trimestre? Pois é um órgão de consulta para os assuntos relativos à defesa nacional e à organização, funcionamento e disciplina das Forças Armadas, sendo presidido pelo PR, que tem voto de qualidade. 1 

Pareceria à partida que o Conselho em vez de ter o termo “Defesa”, tivesse o de “Segurança”, mas isso são outros “quelhos”. Talvez se ignore ou não se entenda, a diferença de conceitos… 

E quem tem assento no Conselho? Pois os já citados PR, PM (+ vice PM ou Ministros de Estado, quando os houver), o MNE, o MDN, o MAI, o MF os ministros responsáveis pelas áreas da Indústria, Energia, Transportes e Comunicações, o CEMGFA, os CEM’s, os Representantes da República para as Regiões Autónomas e respectivos Presidentes dos Governos, o Presidente da Comissão de Defesa Nacional da AR e ainda dois deputados à mesma. UFF!

Existe ainda um oficial general, tipo escrivão de serviço, ou até outra personalidade de reconhecido mérito (que é nomeado e exonerado, ouvido o Governo), que serve de Secretário. 

Isto parece um Conselho de Ministros alargado, agora presidido pelo PR, cuja composição pode ser questionada a vários títulos. A primeira é a sua disparidade e número exagerado de pessoas, o que à partida põe em causa a sua operacionalidade. Depois por haver sobreposições de pessoas e matérias, relativamente ao Conselho de Estado; não se compreende a presença de ministros da república e presidentes dos governos regionais, por ser uma duplicação e uma distopia hierárquica – e as actuais atribuições do CEMGFA face aos CEM’s, embora não sendo a mesma coisa, poderia levar a dispensar estes –; não se entende o que é que, pelo menos metade dos presentes tenha a ver com a “organização, funcionamento e disciplina das Forças Armadas”, ou o que é que isto tem a ver com um Conselho destes. Para que serve a presença de dois deputados da AR? Como são escolhidos e o que resulta da sua presença? Porque não está presente um alto representante dos Serviços de Informação? O que é que o Ministro do Ambiente tem a ver com os assuntos ali tratados? E, já agora, as individualidades presentes estão devidamente classificadas em matéria de segurança? As dúvidas e interrogações podiam continuar. 

Mas enfim, porque reunir extraordinariamente o Conselho? Pois segundo veio a público – para analisar a actual situação relativa aos conflitos que medram na Ucrânia e Médio Oriente! É hoje, é hoje! 

Deve ser por causa da estreia do novel PM nestas lides. Só pode. 

Pois que medidas é que se podem tomar sobre tão candentes assuntos, para além de enviar a fragata que zarpou no mesmo dia para o Mediterrâneo, englobada numa força da NATO, que a Marinha deve ter suado as estopinhas para guarnecer (possivelmente com pessoal retirado a outros navios, metade dos equipamentos colados com cuspo, munições racionadas e possivelmente com ordens de disparar só depois de ter sido afundada…).

Ou há dúvidas que é este o estado da arte? Vão por acaso voltar a organizar o MNE para defender os interesses nacionais (se é que existem) como tantas vezes já fizeram no passado, em vez de funcionarem como uma espécie de repartição de relações públicas? Será que a FA vai a correr à Roménia pedir de volta os 12 caças F16 que o governo vendeu (em hora triste e sombria) àquele país, e nos fazem tanta falta?  

As Forças Armadas terão recebido ordem para irem à pressa (isto é, através dos “boys” do MDN que ainda não foram constituídos arguidos por uma bronca qualquer) comprar algum armamento e equipamento que lhes permitam cumprir alguma missão, constituir uma dissuasão mínima que seja, ou sobreviver 48 horas no campo de batalha? 

Ou servir apenas para decidir a quem se vai pedir emprestado equipamento, se aos EUA, aos espanhóis, aos alemães ou a outros, para equipar alguma subunidade que se entenda enviar para a estranja? 

Vamos colocar uma bataria de fisgas – equipadas, é claro, com os melhores materiais, a fim de ajudar a indústria nacional (que não a de Defesa, pois essa foi quase exterminada) para as bordas da Ucrânia a fim de ajudar a treinar os jovens ucranianos (futuros artilheiros) a interceptarem e abaterem mísseis russos?  

Então mostramos ou não a nossa solidariedade? (quem dá o que tem a mais não é obrigado!). 

Ah, presume-se, vai finalmente colocar-se os velhos M113 e helicópteros “Kamov” operativos, pois ganharam vergonha na cara? 

Já sei, vai-se disponibilizar para as magníficas forças de capacetes azuis da ONU um pelotão (menos) constituído por transexuais, bissexuais, assexuais e outros “ais”, formados segundo a inspiração dessa “caba” de “guerro” (atenção à igualdade de género!) que dá pelo nome de Helena Carreiras (ex-Ministra da Defesa – aliás o país está cheio de “ex”, que passam a vida a dizer “quando eu era…”, o que passa por ser uma virtualidade democrática), como elemento de dissuasão das forças xiitas em presença, ao mesmo tempo que se disponibiliza um outro pelotão (menos, menos) com os recrutados de altura mínima de 1,50 (tornou-se, pelos vistos, difícil recrutar jovens para a tropa com mais de 1,60 m), para limpar os túneis de Gaza, quando já não restar vivalma naquele pedaço de terra, infelizmente abandonado pelos templários, em 1297. É claro que toda esta gente será alimentada com rações de combate importadas de Espanha (devem ser mais baratas do que as de cá), pois a Manutenção Militar que chegou a alimentar cerca de 200.000 homens em todo o mundo … desapareceu (e não foi substituída). 

Mas aquilo que possivelmente irá fazer tremer as Forças em presença será a contribuição das eventuais sanções a decretar depois desta histórica reunião: será proibida a exportação de vinho verde para o Irão e seus “proxies” – penso que seja assim que se escreve, seja lá o que isso for e passe o anglicismo – e será decretada a diminuição de importação de 100 barris de petróleo e 100 m3 de gás (por mês!) à Rússia. Ora toma! 

E em caso de retaliação já temos a nossa formidável capacidade aérea estratégico/táctica (ou será táctico/estratégica?) constituída por 1 (um) KC-390 (único para já existente) e 1 (um) C-130 (que é a média de prontos relativamente aos que restam) – se, entretanto, a falta de mecânicos ou de tripulações, não os grudar ao chão – em estado de prontidão para evacuar cidadãos nacionais que andem perdidos por aquelas paragens. Provavelmente vai é pedir-se a alguém para o fazer…

Finalmente torna-se essencial prevenir a defesa do território nacional pelo que devem ter sido dadas instruções à Direção de Faróis da Marinha para voltarem a guarnecer todos os faróis da antiga Lusitânia (sem embargo dos eventuais protestos da GNR que desejaria essa missão para si), equipados com os mais modernos “espreitómetros”, a fim de detectarem qualquer actividade suspeita nas nossas costas. Tal medida teria a vantagem de evitar futuras recusas dos nossos gloriosos marujos em se fazerem ao mar quando houvesse dúvidas sobre o estado dos navios, ou confusões hierárquicas e processos pífios em sede disciplinar e judicial. 

Para contentar a GNR e defender a fronteira terrestre (pelo interior do território vagueiam centenas de milhares de “migrantes” que ninguém sabe quem são, onde estão e o que fazem) - o que desde já se faz com relutância pois, como se sabe, de Espanha só passou a vir “bom vento” e quanto a casamentos estamos conversados – para o que está a estudar a reedição da antiga artilharia de montanha, ou seja, patrulhas transportadas em mulas, que têm a vantagem de serem mais baratas que o gado cavalar; serem silenciosas (enfim quando não forem da raça da mula da cooperativa, do saudoso Max), e poderem alimentar-se dos recursos locais.

Lamentavelmente falta o Espaço, isto é, a vigilância espacial, mas dado o custo dos sistemas, vai pensar-se em inscrever verbas para tal na Lei de Programação Militar de 2050, para o que vai desde já constituir-se um grupo de trabalho, um observatório, uma entidade reguladora e uma equipa multidisciplinar ambiental, para estudar o assunto, para o que se alerta desde já o Tribunal de Contas que deve dar o seu parecer/aval num prazo inferior a 10 anos. É amanhã, é amanhã! 

Finalmente, o Conselho deliberou (no maior dos segredos) que se iria enviar um agente do SIED (Sistema de Informações Estratégicas de Defesa) para os Montes Golan e outro para o Mar Negro, disfarçados de turistas a fim de informarem os membros do dito e douto Conselho, do que se passa, pois à pala de passarem horas a mudar de canal no negócio mediático, a ouvir a parafernália de comentadores de tudo e do seu contrário, se encontram completamente baralhados e… exaustos. 

Moral da História: quem não tem capacidades e meios (tendo ainda destruído ou tornado obsoletos, os existentes) não tem hipóteses de ter opções, logo estratégias. Sem capacidades (e ideias) em escolher estratégias não se pode ter qualquer tipo de política. Ou seja, não existe Poder. Sem Poder, um Estado não serve para nada. E com isso a Liberdade da Nação Portuguesa está em risco.

Já chega de asneiras. 

É hoje? Não é hoje. 

João José Brandão Ferreira 
Oficial Piloto Aviador (Ref.) 
 

1Pode reunir extraordinariamente a pedido do PR ou do PM. Antigamente ainda servia para confirmar a promoção e, ou, colocação de oficiais generais em determinadas funções. 

2E ainda podem participar pessoas convidadas pelo PR ou PM, sem direito a voto. 

3A Fragata Bartolomeu Dias. Grande Bartolomeu Dias, sempre merecias melhor sorte! 

4 Perpassam pelo éter que existem cerca de 30.000 israelitas com nacionalidade portuguesa o que pressupõe que os “teremos” de evacuar caso eles queiram sair de lá. Isto é a loucura completa, derivada de outra loucura idiota, que foi a lei que se aprovou na AR, para outorgar a nacionalidade a descendentes de Sefarditas saídos de Portugal no século XVI… 

5O navio adquirido para a futura Guarda Costeira seria, entretanto, enviado para o Alqueva, em carris de bitola ibérica, a fim de vigiar a barragem e interditar o eventual contrabando efectuado por “nómadas”. 

6Face á actual situação o melhor é estarem quietos e calados, para ver se ninguém dá pela nossa existência a ver se conseguimos passar entre o intervalo dos pingos da chuva. O que tendo em conta as aldrabices diárias sobre as “alterações climáticas” é perfeitamente aleatório. 


Fonte: O Adamastor

Sem comentários: