Esta tarde, no Hemicíclico da Assembleia da República, decorreu a tomada de posse, para 2.º Mandato, do Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva, na qualidade de Presidente da República Portuguesa.
Presidente da República Portuguesa, mas não de Portugal.
Presidente da República Portuguesa, mas não de todos os Portugueses.
Presidente da República Portuguesa, mas não daqueles, que, portanto, evidentemente, não votaram nele ou nem votaram ou votaram nulo.
Presidente, no fundo, de uma minoria de Portugueses, cerca de 23%.
Sendo que a maioria não votou nele, na realidade e que a abstenção demonstrou totalmente a falta de interesse das pessoas pela eleição presidencial.
Não ponho em causa a pessoa. Longe disso. O Professor Cavaco Silva merece toda a consideração e respeito. Não quero dizer que ele não queira fazer o seu melhor por Portugal enquanto Presidente da República, longe disso!
O que quero dizer apenas é que, por um lado nesta tomada de posse, o Presidente reempossado deu um valente “puxão de orelhas” ao actual Governo;
Que esse “puxão de orelhas” teve por diversos momentos do discurso, o aplauso do centro-direita parlamentar;
Levando a concluir, o que já é mais do que óbvio:
A Presidência da República Portuguesa não é Instituição de representação de Portugal, como um todo, mas apenas e só daqueles que, aritmeticamente, votaram nela. E assim, nenhum Presidente, pode verdadeiramente ser independente, quando só tem o apoio de uma parte da sociedade. Não é, finalmente, uma instituição que se possa considerar, racionalmente, honesta, porque, por muito que oficialmente, o Presidente representa Portugal, acaba sempre, quer queira ou não, por ser o Presidente de uns contra os outros. Ninguém da esquerda aplaudiu o discurso do Presidente agora reempossado.
É esta a chefia do Estado que Portugal tem.
Dada a crise que vivemos, é tempo de reflexão. É por demais evidente, que podemos estar à beira de ter o FMI – Fundo Monetário Internacional a gerir as nossas contas públicas.
Assim sendo, creio que é demasiado obvio, que Cavaco Silva, deve ser apelidado o “último” Presidente da República e, por isso mesmo, temos a partir da presente data, 5 anos, para preparar a mudança de regime.
E não temos muitas escolhas.
Não bastará mudar de governo. A República está no seu fim, e o ambiente que se viveu hoje na Assembleia foi sinónimo disso mesmo. Se queremos mudar, temos que fazer por isso.
Defender a Monarquia com o conhecimento do presente.
Chega de História para defender a Monarquia. A Monarquia Portuguesa vale por si própria. Temos que olhar para o presente e dizer aos Portugueses que a Monarquia é o melhor regime político. E não devemos defender a Monarquia, só porque outros países têm melhor índice de desenvolvimento humano. São Países bem diferentes da realidade portuguesa e têm uma cultura política, que Portugal, na verdade, nunca teve.
Não podemos ambicionar sermos o que não seremos tão depressa. Portugal tem problemas estruturais muito sérios. Primeiro há que resolver esses mesmos problemas e só depois poderemos pensar em termos mais ambição.
A Monarquia, faz sentido, acusando a república de negligência política ao longo destes 36 anos de Democracia. E fazendo tal acusação, bastará fazer a lista do porquê de tamanha acusação.
Os Portugueses ambicionam um outro futuro para si e os seus jovens. Caberá à Monarquia dar-lhes esse futuro. É uma tarefa que se não for bem pensada poderá fracassar e o País entrar num buraco sem fundo!
A defesa da Monarquia, assim, só poderá fazer sentido, olhando politicamente para o que é este regime hoje na Europa, pois é onde Portugal se encontra.
Defender a memória histórica da Monarquia é importante, mas seria talvez melhor, fazer livros sobre a História do Pensamento Monárquico no século XX. Haveria muito para se falar.
Agora defender a Monarquia, terá que ser com base em conhecimento político actual da realidade do País e de como funcionam as Monarquias cuja dimensão dos vários países se assemelhe a Portugal.
Temos 5 anos a partir de agora, para mostrarmos o que valemos. FMI ou Monarquia. Está nas mãos dos Portugueses!
David Garcia
Fonte: Projecto Democracia Real
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