terça-feira, 29 de março de 2011

DEUS, PÁTRIA, REI

Sem Deus e a Pátria, para a Filosofia política portuguesa, o Rei é um fantasma, uma sombra, carimbo ou chancela, títere ou absurdo. Onde falta Deus, o Rei é como uma árvore sem raíz, casa sem alicerce, poder sem legitimidade; onde falta a Pátria, o Rei não tem razão de ser, porque precisamente o conceito de Pátria é incompleto, se lhe falta aquilo que torna indispensável a existência da Realeza hereditária. Estas três verdades são irredutíveis; porque se, sem Deus, a Pátria é um mito, sem o Rei, nem o poder de Deus encontra o seu legítimo executor, no mundo da Política, nem a Pátria possui o elo que prende eficazmente, através dos tempos, as gerações, e as torna solidárias ou colaboradoras na procura normal dos seus destinos. É por isto que me oponho sempre ao lugar-comum estafado da «Pátria ao alto!», muito da predilecção de certos pataratas, e não considero doutrinariamente monárquico o que o repete e aplaude.
(...)
E rejeito o lugar-comum, não porque subalternize a Pátria, é evidente; mas porque não distingo a Pátria da Realeza, visto a Pátria portuguesa ter sido obra da Realeza hereditária. Há quem não goste de que se diga isto e de que se escreva isto. Mas os que não gostam fariam melhor se, em vez de não gostarem, estudassem a História do seu País...

ALFREDO PIMENTA (1882 — 1950)

Fonte:
Eternas Saudades do Futuro

1 comentário:

Maria Menezes disse...

Tenho esse texto guardado e vou colocá-lo por estes dias.
Mónica, não é Deus, Pátria e Rei mas sim DEUS, PÁTRIA, REI.
Bjs