‘(…) A Realeza é outra coisa, visa de longe a meta, e, com prudente vagar, chega ao fim planeado; se não for o Pai a ultimar a realização, seu Filho, automaticamente alçado Rei, educado das mesmas ideias de seu Pai, tudo seguirá como se a mesma vida fosse, o labor do mesmo pensamento.
Assim se fez o Império, com o prolongamento do comando: – A Dinastia.
A todas as Repúblicas, por melhores que sejam, falta e faltará sempre, este apanágio das Realezas:– a CONTINUIDADE.’
– 2.º Conde de Alvellos in “IV – O Berço Exilado do Príncipe da Beira; Carta a um Príncipe – O Berço Exilado”, Terceira Tiragem, Porto, 1946
Essa ‘Continuidade’ evita as crises que podem surgir com uma mudança na chefatura de Estado se o titular for um actor político, que de área ideológica diversa do anterior, põe tudo em causa e gera desestabilização política e social. A Monarquia evita a ruptura, pois só um Rei permite uma evolução – sem quebrar a linha – na chefia do Estado, fruto da substituição geracional. Existe, de facto, uma verdadeira renovação. O novo Rei é fruto de um longo trabalho de preparação técnica e cultural para apreender a Nação que encarnará e representará como ninguém. O novo Rei não inuma o passado, mas antes represtina os bons exemplos e aplica-os à nova realidade, pelo que a Monarquia é o melhor modelo adaptado a cada época.
Na Monarquia, com a sucessão, não há uma organização diferente que institui uma oposição à ordem anterior, mas uma diversidade que qualifica, sem ser profunda, mas, também, sem ser idêntica: existe uma reorganização!
Miguel Villas-Boas
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