quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Moçambique dá lições de bom-senso e recusa terrorismo presentista

Foto de Nova Portugalidade.


Há cerca de três anos, uns quaisquer presentistas quiseram alterar a toponímia da cidade da Beira, propondo extirpar referências a figuras históricas relacionadas com a presença portuguesa, conformadora de Moçambique. Contudo, a proposta, depois de discutida, depressa foi esquecida. As ruas Mouzinho de Albuquerque, António Enes e Paiva Couceiro sobreviveram aos camartelos da memória e a essa raça de novos iconoclastas que assombram o Ocidente. No fundo, os moçambicanos mais avisados sabem que sem as chamadas campanhas de pacificação em que pontificaram Mouzinho, Enes e Paiva Couceiro, Moçambique do Rovuma ao Maputo nunca teria existido e que, em vez de um Estado, o território moçambicano estaria hoje dispersado por, pelo menos, três entidades.

O presentismo é um movimento que reivindica o direito a transportar o passado para o presente, integrando-o na agenda política actual. O presentismo é ainda mais grave do que o anacronismo, pois inscreve no seu programa a responsabilização dos vivos pelos actos cometidos por homens que viveram há 100, 500 ou 1000 anos, criminalizando-os e obrigando-os a pedir desculpas. No fundo, o presentismo é uma variante particularmente perversa de terrorismo científico, posto que visa cobrir de indignidade e condenar à morte cívica sociedades orgulhosas do seu passado.

MCB

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