segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Crónica da Restauração da Independência – A Conjura

 


Estava uma noite escura e fria, típica do Outono que já ia adiantado, e a neblina envolvia em segredo aquelas figuras que afundadas em capas e capotes negros se abafavam não só do frio, mas se escondiam de olhares indagantes. Os seus largos chapéus de abas e plumas escuras pareciam bailar enquanto as figuras que mal se recortavam no breu se esgueiravam pela noite adentro, sem outra coisa que os denunciasse que não fosse o brilho nos olhos de quem tinha a razão do seu lado, e os tacões que quando em vez apanhando um piso mais seco troavam, fazendo ladrar um cão na vizinhança. Convergiam todos para uma pequena porta incrustada na velha muralha fernandina.

Um a um, ou às vezes até mais quando o objectivo os fazia convergir ao mesmo tempo, batiam à portinhola e depois de reconhecidas as caras do outro lado pelo proprietário entravam e desciam os estreitos degraus um a um – até porque não dava para o fazer de par em par – até desembocar no jardim do que parecia ser um Palácio. Iam entrando numa pequena sala na qual desembocava a escadaria, e que umas velas de luz mortiça teimavam em não se deixar apagar para alumiar os presentes. O encontro tinha que ser assim, no secretismo que aquele lugar possibilitava por estar longe dos olhares curiosos dos demais habitantes do Palácio, especialmente da criadagem – sempre de língua solta! -, até porque aquilo não era uma tertúlia, mas uma Conjura!

Livres dos embuços que serviram para os camuflar na noite, cumprimentaram-se todos efusivamente.

O que levava aqueles homens da mais distinta Nobreza Portuguesa à possibilidade de tais perigos?!

Durante o Domínio Filipino da nossa Pátria, sobretudo no de Filipe III (IV de Espanha), Portugal, na prática, tratava-se de província espanhola, governada à distância, por quem não demonstrava qualquer cuidado com os interesses e anseios dos portugueses.

No início do reinado de Filipe III, então com 16 anos, em 1621, instalou-se em Madrid a política centralista de Gaspar Filipe de Gusmán, Conde-Duque de Olivares, plasmada no seu projecto Instrucción sobre el gobierno de España, de 1625, apontada à obliteração da autonomia portuguesa, abduzindo por completo o Reino de Portugal. Este documento de intenções apontava três sentidos: 1º – Realizar uma cuidadosa política de casamentos, para confundir e unificar os vassalos de Portugal e de Espanha; 2º – Ir o rei Filipe IV fazer corte temporária em Lisboa; 3º – Abandonar definitivamente a letra e o espírito dos capítulos das Cortes de Tomar (1581), que colocava na dependência do Governo autónomo de Portugal os portugueses admitidos nos cargos militares e administrativos do Reino e do Ultramar (Oriente, África e Brasil), passando estes a ser Vice-reis, Embaixadores e oficiais palatinos de Espanha.

A Governação dos Filipes transformara-se em tirania. Como de simples nativos se tratassem, os habitantes serviam unicamente para serem visitados pelo cobrador de impostos. Este confisco em nada beneficiava o País, pois o tributo não era repartido para fruir as necessidades e premências de Portugal e o bem comum dos naturais, mas ajudavam tão só a custear as despesas do Império espanhol.

Foi sobretudo esta política fiscal que abriu o caminho para a Restauração. Ainda, em 1628, aconteceu o Motim das Maçarocas, no Porto, revolta contra o imposto do linho fiado; depois, em Agosto de 1637, foram os protestos e a violência, que ficaram conhecidas por Alterações de Évora, e que tiveram origem no aumento do imposto do real de água e a sua generalização a todo o Reino de Portugal, assim como o aumento do imposto da Sisa elevado para 25%. Apesar da revolta ter sido instigada pelo Procurador e pelo Escrivão do povo – acicatados ainda pelo imposto da meia-anata -, numa manobra para manter o anonimato dos impulsionadores, as ordens para a marcha da insurreição surgiram assinadas pelo ‘Manuelinho’, um pobre demente da cidade alentejana. As Alterações de Évora, contagiariam todo o País e alastraram a Sousel, Crato, Santarém, Tancos, Abrantes, Vila Viçosa, Porto, Viana do Castelo, Bragança, Beira e Algarve.

Vulgarizam-se os panfletos populares contra Filipe III (IV):

‘Que teve em ti Portugal? Grande mal. E de seres seu Senhor? Gram rigor. Que teve dos castelhanos? Grandes danos.’

Desta forma, o descontentamento era transversal a toda a Sociedade portuguesa: a Nobreza via os poucos cargos de administração que, ainda, sobejavam no Reino de Portugal – uma vez que a Corte estava em Madrid -, e, que outrora haviam sido dos seus antepassados, ocupados pelos ocupantes estrangeiros. Além disso, eram obrigados a alistar-se no exército espanhol suportando todas as despesas, e os que a sua idade já desobrigava da prestação obrigatória do serviço militar retiraram-se para a província, onde viviam nos seus palacetes e solares subsistindo com o mínimo de dignidade que imponham os pergaminhos de família.

Também, a Burguesia estava desiludida e em rota de colisão coma pobreza, pois em consequência da belicosidade castelhana com as demais nações europeias, os territórios e navios portugueses eram atacados e saqueados, ficando os corsários Ingleses, Franceses e Holandeses, com os produtos originários dessas terras e que outrora comerciavam proveitosamente. Assim, comércio e respectivo lucro haviam caído a pique.

Apesar da insurreição de Évora, em 1637, não ter derrubado o Governo pró-Castela de Lisboa -consequência da repressão das tropas castelhanas que vieram em seu auxílio e que evitaram logo ali revolução -, já ninguém podia mudar o curso das vontades.

Em 1639, o Duque de Bragança, recém-nomeado Governador de Armas do Reino, instalou-se em Almada onde começou a receber a visita da nobreza e fidalguia, entre os quais D. Francisco de Mello que lhe começa a incutir as ideias da restauração da independência.

Eclode uma revolta na Catalunha, também, contra o centralismo do Conde-Duque de Olivares. A 7 de Junho de 1640, o Rei Filipe IV convoca Dom João II de Bragança para o assistir na viagem à Catalunha e colaborar na campanha de repressão que ia empreender. O Duque de Bragança enjeitou a convocação de Filipe IV, no que foi seguido por muitos nobres portugueses que receberam idêntica intimação, recusando-se também a obedecer a Castela.

Foi, então, que, secretamente, se vinha congregando um grupo de 40 Nobres, que viriam a ser denominados de Conjurados. Nas suas reuniões, no Palácio dos Almadas, propriedade do então titular, Dom Antão de Almada, 7º Conde de Abranches, o grupo patriótico português nascido clandestinamente, começou a analisar e engendrar a melhor forma de revolta contra o domínio castelhano. Principiaram então a tecer uma revolta que tivesse garantias de êxito.

A reunião desta noite de 12 de Outubro de 1640, é a mais importante de todas, pois além do Conde de Almada, fidalga e nobre família que tanto já tinha dado à sua Nação e se preparava para ainda mais dar, incluía D. Miguel de Almeida – o decano destes Conjurados -, o Monteiro-mor Francisco de Mello e seu irmão Jorge de Mello, António Saldanha, Pedro de Mendoça Furtado e o agente do Duque de Bragança em Lisboa, João Pinto Ribeiro.

– Meus senhores… – o anfitrião tomou a palavra –, já é o tempo de encontrarmos despacho neste arrojo conspirativo, pois que de todas as vezes que nos sentamos nesta tabula colocamos nossas cabeças mais perto do cepo! Não desejando perder a minha, tal como de igual modo acham Vossas Mercês grande utilidade às vossas, é o tempo da resolução e da audácia definitiva! Não pode esta tão grande Nação sob jugo ilegal estrangeiro continuar a sofrê-lo e os três estados a verem-se humilhados continuamente pelo ocupante. O tempo urge, por quanto tempo mais ficarão os castelhanos ocupados com aqueles arremedos de independência catalã?

Depois de muito patuá é decidido indigitar um deles para se encontrar com o Duque de Bragança, no Paço Ducal de Vila Viçosa.

Após sessenta anos de jugo castelhano, Portugal estava exaurido pelo imposto, com a economia de rastos, sem a outrora Marinha de causar admiração, despovoado pela mobilização de recrutas para combater as guerras de Filipe III e do Conde-Duque de Olivares e, por isso, uma outra vez os Três Estados estavam unidos no mesmo desiderato: a Restauração da Independência!

Crescia a crença do Sebastianismo a que ajudavam as visões feitas profecias do sapateiro Bandarra; elevado a áugure! Tudo confluía para a necessidade e possibilidade de um novo Rei Português. Para Coroar o Reino com sangue portucalense quem melhor do que o trineto de Dom Manuel I, o Venturoso: Dom João II de Bragança, Duque de Bragança, Conde-Duque de Barcelos, Duque de Guimarães e Marquês de Vila Viçosa.

Como ficara decidido na famosa reunião que agregara os célebres Conjurados, o encontro entre Pedro de Mendoça Furtado e Dom João II de Bragança acontece na segunda quinzena de Outubro, e o Duque é instigado a assumir o seu dever de defesa da autonomia portuguesa, assumindo o Ceptro e a Coroa de Portugal: segundo o direito consuetudinário do País, Dom João II de Bragança era o candidato natural e legítimo, pois era filho varão primogénito do 7.º Duque de Bragança, D. Teodósio II, filho de D. João I de Bragança e da Infanta Dona Catarina, Duquesa de Bragança, e tal como Filipe I, neta d’ El-Rei Dom Manuel I de Portugal. Dom João II de Bragança mostra-se de acordo, mas reserva uma resposta definitiva para depois de umas consultas com o Marquês de Ferreira, o Conde de Vimioso, o secretário António Paes Viegas e a própria Duquesa de Bragança, D. Luísa de Gusmão. Todos se mostrando favoráveis, Dom João II de Bragança decide apoiar incondicionalmente o coup!

A 10 de Novembro, o Duque entrega a João Pinto Ribeiro duas cartas com instruções: uma para D. Miguel de Almeida e outra para Pedro de Mendoça Furtado, que as recebem em 21 desse mês.

Era necessário apoio do Povo e também do Clero, ora os novos impostos lançados sem a autorização das Cortes empobrecia a população, e isso, também, se repercutia nos donativos à Igreja. Assim, a restauração seria do interesse dos Três-Estados. Faltava escolher o dia certo.

Somavam-se hesitações quanto ao dia perfeito para o golpe da Restauração, mas a 30 de Novembro, Dom João II de Bragança confirma a data do dia seguinte para a revolta:

‘A sua vida, sendo necessária, havia de ser a primeira que se desse pela liberdade da Pátria’, disse.

Foi, então, agendada a revolução para o 1.º de Dezembro.

Miguel Villas-Boas

Fonte: Plataforma de Cidadania Monárquica

domingo, 29 de novembro de 2020

A Europa não pode jurar fidelidade à rede Soros por Viktor Orbán

 Réponse à l’article de George Soros

Nombreux sont ceux qui pensent que le chef du gouvernement d’un pays n’a pas à débattre avec George Soros. Pour eux, Soros est un délinquant économique, qui a gagné son argent par la spéculation, par la ruine de millions de personnes, et même par le chantage exercé sur rien moins que des économies nationales. Tout comme les gouvernements ne peuvent pas discuter avec des terroristes, les chefs de gouvernement ne peuvent pas non plus débattre avec des délinquants économiques.

J’y suis tout de même contraint aujourd’hui, parce que George Soros, le milliardaire spéculateur d’origine hongroise, a publiquement imparti des ordres aux dirigeants de l’Union européenne dans un article paru le 18 novembre sur le site dénommé Project Syndicate, dans lequel il leur intime de punir sévèrement les Etats-membres qui se refusent à s’intégrer dans un empire européen global et unifié sous la bannière de la société ouverte.

Tout au long de l’histoire, ce sont toujours les nations qui ont donné sa force à l’Europe. Bien que les nations formant l’Europe soient d’origines diverses, les racines communes de notre foi les ont réunies. Le modèle de la famille reposant sur la tradition judéo-chrétienne a été le fondement de nos communautés. C’est la liberté chrétienne qui a assuré la liberté de la réflexion et de la culture et a créé une concurrence bénéfique entre les nations de l’Europe. Le mélange vertueux des différences a fait de l’Europe, pendant des siècles, la force motrice du monde.

Toutes les tentatives visant à chercher à unifier l’Europe sous l’égide d’un empire ont échoué. C’est pourquoi l’expérience historique nous fait dire que l’Europe ne sera de nouveau grande que lorsque ses nations le seront également, et qu’elles sauront résister à toute tentative impériale.

Des forces puissantes sont de nouveau à l’œuvre pour faire disparaître les nations européennes et unifier le continent sous l’égide d’un empire global. Le réseau Soros, qui imprègne de toute part la bureaucratie européenne et les élites politiques, travaille depuis des années à faire de l’Europe un continent d’immigration. Aujourd’hui, le plus grand danger qui menace les Etats de l’Union européenne est représenté par le réseau Soros et la société ouverte, employés à promouvoir l’élimination des cadres nationaux. Les objectifs du réseau sont clairs : au travers de l’accélération de la migration, créer une société ouverte multiculturelle et ethniquement mélangée, démanteler les processus de décision nationaux et les remettre entre les mains des élites globalisées.

L’Union européenne est à la peine. Elle est atteinte depuis 2008 par une crise économique inédite, depuis 2015 par une crise migratoire, et en 2020 par une pandémie dévastatrice. Elle n’est même pas sortie de ses crises précédentes qu’elle doit faire face aux conséquences encore plus lourdes de la pandémie du coronavirus. Les signes en sont déjà là. La dette publique, le chômage, l’état de l’économie atteignent des niveaux critiques dans nombre de pays. L’on n’a jamais eu davantage besoin de la solidarité européenne et du rassemblement des nations européennes pour se venir mutuellement en aide.

Lors d’aucune de ces crises le spéculateur qui se dit philanthrope ne s’est préoccupé des intérêts des Européens. Il a chaque fois agi en fonction de ses propres intérêts. L’on se souvient, au moment de la crise économique, de son attaque contre le forint et contre la plus grande banque de Hongrie ainsi que, au moment de la crise migratoire, de son plan visant à l’accélération de l’implantation, de la répartition et du financement des migrants. A présent, au lieu de la solidarité et de l’entraide mutuelle, le voilà qui se présente avec une proposition visant à nous punir les uns les autres.

Le réseau dirigé par George Soros ne recule même plus devant l’intervention ouverte. Il veut placer les Etats-nations sous la pression la plus forte possible. Il dresse les uns contre les autres les peuples d’Europe. Les moyens employés par le réseau sont multiples et actifs sur les scènes les plus variées de la vie publique. La liste est longue des responsables politiques, des journalistes, des juges, des bureaucrates, des propagandistes politiques maquillés en représentants de la société civile qui émargent aux fiches de paie établies par George Soros. Et bien que le milliardaire accuse tous ses adversaires de corruption, il est lui-même l’homme le plus corrompu de la terre. Il paie et achète tous ceux qu’il peut. Ceux qu’il ne peut ni payer ni acheter ont droit aux rigueurs de la redoutable arme du réseau : le dénigrement, l’humiliation, l’intimidation, l’annihilation au travers de la presse de gauche.

De nombreux bureaucrates de haut niveau de l’Union agissent de concert avec le réseau de George Soros en vue de la création d’un empire unifié. Ils souhaitent mettre en place un système institutionnel visant à imposer aux nations libres et indépendantes d’Europe un mode de pensée unique, une culture unique, un modèle social unique. En leur ôtant le droit de tout peuple à décider lui-même de son sort. C’est le but de leur proposition appelée Etat de droit, qui ne reconnaît toutefois pas la prédominance du droit, mais celle du plus fort.

Les différences sont évidentes. Soros veut une société ouverte (Open Society), nous voulons quant à nous une société protégée (Safe Society). Pour lui, la démocratie ne peut être que libérale, pour nous elle peut être aussi chrétienne. Pour lui, la liberté ne peut servir que l’affirmation individuelle, pour nous la liberté peut aussi consister à suivre l’enseignement du Christ, elle peut aussi être mise au service de la patrie et de la protection de notre famille. La base de la liberté chrétienne est la liberté de décider. C’est ce qui est mis en danger aujourd’hui.

Etats-membres vivant du côté oriental de l’Union, nous savons très bien ce que signifie être libres. L’histoire des nations d’Europe centrale a été un combat incessant de la liberté contre les grands empires, afin d’arracher jour après jour, face à eux, notre droit à décider de notre sort. Nous savons d’expérience que toute aspiration impériale rend esclave. Nous sommes encore un certain nombre, issus de la génération des combattants de la liberté – les pays de l’ancien Bloc de l’Est de l’Estonie à la Slovénie, de Dresde à Sofia – qui avons encore une expérience personnelle de ce que veut dire résister à l’arbitraire, au fait du prince, et à sa version communiste. Intimidation, annihilation matérielle et morale, vexations physiques et spirituelles. Nous n’en voulons plus.

Les dirigeants occidentaux, qui ont vécu toute leur vie à l’abri de la liberté et de l’Etat de droit dont ils ont hérité, devraient maintenant écouter ceux qui ont combattu pour la liberté et qui sont à même, du fait de l’expérience de leur propre vie, de faire la différence entre l’Etat de droit (Rule of Law) et la volonté d’un seul (Rule of Man). Ils doivent accepter que nous ne puissions pas sacrifier au 21ème siècle la liberté que nous nous sommes gagnée au 20ème.

L’issue du combat pour ou contre le nouvel empire bruxellois n’est pas encore tranchée. Bruxelles semble tomber, mais une bonne partie des Etats-nations résiste encore. Si nous voulons conserver notre liberté, l’Europe ne peut pas faire allégeance au réseau Soros.

Viktor Orbán


Fonte: Salon Beige

sábado, 28 de novembro de 2020

(Também) é o Povo, Estúpido!

 


He is a globalist, and we are nationalists. He believes in some Pax Universalis; we believe in the Old Republic. He would put America`s wealth and power at the service of some vague New World Order; we will put America first.

A citação não é de Donald Trump, mas de Patrick Buchanan, director de comunicação de Reagan que disputaria a nomeação presidencial com George Bush em 1992. No seu livro Where the Right Went Wrong, Buchanan acusa os Bush, pai e filho, de subverterem a natureza do Partido Republicano e deixa um aviso: começava a desenhar-se uma revolução, representada por conservadores “de princípio” e “populistas”, que não se reviam na direcção que tomava o partido e o país. São (também) estes descontentes que ganham voz em 2016, com Donald Trump. Isto porque, não sendo Trump um Reagan, é inegável que se bateu pelos princípios do Reaganismo: governo limitado, impostos reduzidos, paz pela força, políticas pró-vida, valorização da visão e sabedoria dos “Founding Fathers”, liberdade individual e rejeição categórica já não do comunismo, mas das suas derivantes. A comparação, dita a prudência, deve ficar por aqui, num momento em que não é ainda certo como e quando Trump sairá de cena, e de que forma isso poderá impactar a democracia americana. Mas o resultado destas eleições mostra que mesmo que Trump passe, o “Trumpismo” não passará.

Trump foi também um fenómeno de reação, que se reproduziria no Brasil com Bolsonaro, em Espanha com o Vox e que veremos acontecer, em maior ou menor escala, com André Ventura em Portugal. Reacção ao que, utilizando um conceito de um dos ideólogos das novas esquerdas, é visto como o novo “consenso hegemónico.” A ironia é que no “sistema de trincheiras da guerra moderna”, que é – como disse Gramsci – um combate por conceitos, valores políticos e representação, as correntes contra-hegemónicas, i.e., aquelas que se batem por reconhecimento, são hoje as que desafiam os ditames da nova esquerda. Reagem às bandeiras de uma nova esquerda que, agitando política identitárias e teorias do interseccionismo, substituiu a universalidade dos direitos fundamentais pela sua fragmentação, catalogando a todos ora de oprimidos, ora de opressores, e fazendo da identidade o critério que, em política, separa “amigo” e “inimigo”. Não deixa de ser curioso que um princípio liberal tão básico quanto a igualdade perante a lei, seja agora visto com desconfiança: uma manobra de distracção de certa direita, radical e xenófoba, que visa perpetuar a opressão das minorias.

A esquerda, a não esquerda e até uma parte da direita que, tendo medo de se tornar populista, abdicou de ser popular têm reagido a esta reação ora com algum simplismo, ora com alguma soberba. Afirmando que Trump, Ventura, Bolsonaro ou Abascal são as versões atualizadas do fascismo, e os seus seguidores ou são também eles racistas e fascistas ou então, na versão mais magnânima, ignorantes descontentes facilmente manipuláveis. Em qualquer caso, e como se viu recentemente pelas afirmações de ilustres democratas nos Estados Unidos, recomenda-se que sejam banidos da polis, remetidos ao silêncio ou até enviados para campos de reeducação.

Mas porque têm consequências políticas concretas, estes fenómenos devem ser analisados para lá da lógica de trincheiras e com uma boa dose de honestidade intelectual. Até porque, para além de preocupações, também lançam dúvidas razoáveis: como se explica, por exemplo, que o Chega vá buscar apoio entre aqueles que não votavam, entre os que votavam à direita e até os que votavam muito à esquerda? Poderá esta pluralidade de simpatizantes traduzir-se apenas numa turba de perigosos iliberais?

É importante distinguir entre a forma e o conteúdo. A forma, já se sabe, é agressiva, às vezes boçal. Não haja ilusões, só essa agressividade, aliada a algumas bandeiras “chocantes” permitiu a estes protagonistas ganhar espaço e abalar o consenso, aparentemente hegemónico. Mas mais relevante (e interessante) do que a forma, são os temas e as propostas que trazem para o espaço público. Para perceber, é preciso furar os cordões sanitários, e ouvir o que têm a dizer os deplorables. Entre os novos fascistas estão os que querem um Estado mais reduzido, e mais eficiente; os que se queixam da carga fiscal elevada, naquele que caminha para ser o país mais pobre da EU; os que rejeitam a apologia do globalismo, feita em detrimento de um conceito de comunidade política mais próxima, e por isso mais real; os que denunciam o fechamento e empobrecimento do espaço e do debate público, que em nome de conceitos tão nobres quanto vagos nos vai retirando a liberdade de pensar, falar ou criar; os que querem preservar a história e o património da civilização ocidental, precisamente aquela que nos permitiu chegar à democracia liberal. Reduzir estas inquietações a manifestações de iliberalismo, racismo ou xenofobia não é se não uma caricatura. Remetê-las para o bas-fond do debate político é prestar um péssimo serviço à democracia liberal.

Grande parte da direita que tinha voz não soube ou não quis, por convicção ou oportunismo, abordar estas questões dentro de um espaço que seria, naturalmente, menos permeável a eventuais extremismos. Mas elas tornar-se-ão cada vez mais prementes. E esperam-nos tempos difíceis na Europa. A gestão da pandemia levou a um aumentou do fosso entre quem decide e quem obedece, num contexto de crise económica, divisão política e profunda desconfiança em relação a quem nos tem governado. Trump poderá estar de saída, e o projeto político Ventura poderá até não vingar. Mas o consenso está oficialmente rompido, e fica a voz dos descontentes. Eles também são o povo. E o povo, como sabemos, é quem mais ordena.


Teresa Nogueira Pinto

Doutoranda em Estudos sobre a Globalização


Fonte: Notícias Viriato

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

O mito da grande imprensa


Como veículo das ideologias, a chamada grande imprensa merece um tratamento especial. De facto, os grandes jornais mundiais estão geralmente associados à informação objectiva, à notícia correcta, ao profissionalismo mais completo, enfim, ao jornalismo como deve ser. Para o efeito cita-se Le MondeThe TimesThe EconomistDie Welt e outras publicações periódicas de âmbito mundial, como símbolo da independência e da análise desapaixonada dos assuntos. É o mito da grande imprensa, tendente a fazer aceitar como verdades incontestáveis tudo o que aparece nas suas páginas. Ora, um exame mais atento deste problema indica que essa reputação anda longe de corresponder aos factos.

Em primeiro lugar, há por detrás dessas publicações a questão do mercado. Em sentido económico, isto quer dizer que a publicação, para ser rentável (cobrir as despesas), não pode desagradar aos seus consumidores e muito menos aos seus anunciantes, que constituem as principais fontes de entrada de dinheiro. Não podem, portanto, colidir com os interesses das multinacionais ou com os gostos dos seus leitores. Se isso viesse a suceder, a empresa jornalística tornar-se-ia deficitária e acabaria comprada por uma multinacional ou simplesmente desapareceria do mercado.

Por outro lado, o director e os redactores têm as suas próprias idiossincrasias, as suas preferências partidárias, as suas adesões ideológicas. Tudo isso transparece na forma do jornal, nos títulos, no modo de redigir a notícia, na disposição das fotografias, no método de abordar os assuntos. Sob a capa de neutralidade, há toda uma focagem muito particular do acontecer político-social.

A tudo isto soma-se a mentalidade nacional das publicações, que procuram defender os interesses dos seus respectivos países, acompanhando frequentemente o poder político nas suas acções a nível mundial, ou até mesmo preparando o terreno para certas diligências através de campanhas bem orquestradas.

Outro factor que normalmente se esquece é a corrupção. Como em todas as actividades relacionadas com o poder, directa ou indirectamente, há sempre a possibilidade de comprar espaço e tempo nos meios de comunicação, subornar os redactores e directores, comprar campanhas, e, inclusive, comprar os próprios meios de informação.

Por outro lado, a evolução da técnica respeitante ao jornalismo, a subida das matérias-primas, o custo da mão-de-obra e do pessoal especializado, faz com que a larga maioria das publicações de importância mundial caiam nas mãos de fortes empresas internacionais, que as utilizam como meios de pressão sobre o poder político e instrumentos de luta no campo económico. Os jornalistas são autorizados a algumas originalidades, desde que não vão contra a política geral do grupo económico-financeiro (caso do Washington Post e da celebérrima denúncia de Watergate), mas em muitos não deixam de ser empregados de uma cadeia que tanto produz revistas como sabonetes e detergentes.

António Marques Bessa e Jaime Nogueira Pinto in «Introdução à Política», 1977


Fonte: Veritatis

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

O racista Daniel Oliveira numa SIC Notícias que não é para pretos. Acordem Angolanos, Moçambicanos e Cabo-Verdianos!

 Por dever de ofício vi o último O Eixo do Mal, da SIC Notícias (12.11.2020). Nesse programa, um artigo meu publicado no site do CHEGA, «Hitler e Mussolini amordaçados pela Ditadura Mental dos Grandes Manipuladores. O regresso do nacionalismo» (23.10.2020), foi citado por um dos comentadores, Daniel Oliveira (21m50s). 


O sujeito tem idade para saber que ou não se citam artigos, textos ou livros dos outros ou, quando se citam, não é admissível fazerem-se caricaturas que contrariam o conteúdo do que está escrito. O que ele fez foi difamação intelectual pura e simples. Não creio que fosse um lapso, antes um traço da mente patológica do sujeito. 


De acordo com os ideais que animam o programa – ver por todo lado racismo, xenofobia, desprezo pelos imigrantes, desprezo pelas pessoas do subúrbio, desprezo pelos pretos, desprezo pelas minorias –, Daniel Oliveira revelou-se um sujeito abjeto bem-falante. Eu sou tudo o que o ideal do programa supostamente defende. Mas descobre-se facilmente a imoralidade do sujeito, própria da seita à qual pertence. Apenas lhes interessa um detalhe: ser ou não ser de esquerda. Tudo o resto que uma pessoa possa ser passa a lixo quando esse detalhe não é satisfeito. É como tratar um zarolho por zarolho, um maneta por maneta, um obeso por obeso, por aí adiante, depois autoelogiar-se como modelo de sensibilidade social. 


Como o objeto era eu e o dito supõe-se douto em questões raciais e associadas, o que ele fez tem um propósito: escravidão mental das minorias e, por extensão, dos povos originários de onde provêm. Com a sua atitude, Daniel Oliveira demonstrou num canal de televisão de grande audiência que, em Portugal, a esquerda tem direito a ser ostensivamente racista, de acordo com os seus próprios padrões, sem que isso contradiga o seu direito simultâneo de acusar permanentemente os outros, mesmo pessoas neutras, de serem racistas, xenófobas, anti-imigrantes e tudo o resto. 


Portanto, entre os brancos Daniel Oliveira é branco superior de primeira, os outros são bancos inferiores de segunda, no olhar sobre os outros ele é que determina quem é negro (ou preto superior de primeira) e quem é preto (ou preto inferior de segunda). O sujeito representa a douta ignorância letrada que, de tanto mexer no que não sabe, no racismo, remeteu o fenómeno para os píncaros do radicalismo. Essa ignorância socialmente venenosa não merece a mínima condescendência, como não merece quem incentiva, na comunicação social, a que tais vícios mentais (morais e intelectuais) continuem a ser propagados na opinião pública, e a circular pelo mundo, como se fossem naturais só por serem de esquerda. 


Em Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, onde quer que seja, a menorização inqualificável dos negros referida, mesmo que seja de certos pretos, e demais minorias, pela esquerda é um grave atentado à dignidade humana. Então os pretos não podem escolher a autorresponsabilidade, a família, a nação, a ordem, a autoridade, a segurança, o respeito como valores morais, cívicos e políticos? Isso é crime? Não é isso que André Ventura e o CHEGA representam? Ou os últimos são necessariamente aquilo que o desvairado Daniel Oliveira determina que eles são? Não é por serem muitos, ou quase todos, na comunicação social a papaguearem o mesmo que a ignorância letrada vira sabedoria.

 

Por uma questão de higiene mental não devia fazê-lo, mas recomendo a que as pessoas vejam por si mesmas o programa citado depois confrontem com o conteúdo do meu artigo, uma vez que o exercício é pedagógico por deixar muitíssimo claro que Daniel Oliveira é o modelo mais-que-perfeito da esquerda que recusa a quem pertence a uma minoria a possibilidade de ser livre, de fazer as suas escolhas em consciência, de decidir por si, de viver tranquilo. Fá-lo recorrendo à distorção, à manipulação, mais ou menos como os nazis tratavam os judeus ou os soviéticos os burgueses. 


Tenho o resto dos meus dias para desfazer humilhações atrás de humilhações que esta seita acumula contra as minorias e não só. Sejam imigrantes, sejam pessoas de origem humilde, do subúrbio, classes médias, por aí adiante. A esquerda e a direita fofinha tornaram Portugal irrespirável. Mas a força das pessoas comuns permanece intacta e vão dar-lhes a justa resposta. 


É revoltante viver numa sociedade que não coloca travões a sujeitos como Daniel Oliveira cujos cérebros dissociam aquilo que dizem daquilo que são e aquilo que são, o que verdadeiramente importa, não se recomenda. 


De resto, os restantes membros e o moderador d’O Eixo do Mal, da SIC Notícias, são veneno puro para a sanidade mental coletiva, um foco de regressão civilizacional. Basta ver um pedaço do programa para constatar os bons narcísicos que são, doença mental que propagam alegremente pela vida quotidiana. O programa demonstra o quanto as nossas sociedades regrediram mentalmente desde o dia em que nasci. 


Uma pessoa leva uma vida inteira de estudo para entender os fenómenos sociais, por cima fenómenos que viveu ou vive na primeira pessoa, faz um esforço danado para ser mentalmente honesta, e três ou quatro idiotas semanalmente sentados num estúdio de televisão, ao longo de anos e anos, é que se acham no direito de definir publicamente o que é o fascismo, eles é que sabem o que é o racismo, eles é que sentenciam por meros indícios aleatórios quem é xenófobo, eles é que definem a identidade política dos outros, só eles sabem o que é melhor para o país e para o mundo, eles é que têm de determinar a agenda política, eles são os donos do universo. Essa gente não tem noção do ridículo? 


Gabriel Mithá Ribeiro


Fonte: Chega

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

21º ANIVERSÁRIO DE S. A. O INFANTE D. DINIS DE SANTA MARIA

 


SUA ALTEZA SERENÍSSIMA O INFANTE Dom Dinis de Santa Maria Miguel Gabriel Rafael Francisco João nasceu no dia 25 de novembro de 1999, em Lisboa, sendo o terceiro filho de Dom Duarte Pio e Dona Isabel, os Duques de Bragança.

D. Dinis foi baptizado no dia 19 de Fevereiro de 2000, na Sé Catedral da cidade do Porto, por D. Armindo Lopes Coelho, Bispo do Porto. Teve como padrinhos Sebastião de Herédia, seu tio, e Ana Cecília de Bourbon-Duas Sicílias.

Após a cerimónia, o Infante Dom Dinis foi levado a uma outra Capela da Sé, onde foi Consagrado a Nossa Senhora de Vandoma.

O Infante Dom Dinis recebeu a sua 1ª Comunhão no dia 1 de Dezembro de 2007, véspera do 1º Domingo do Advento e Dia da Restauração de Portugal. O seu 2º Sacramento celebrou-se na Igreja de Nossa Senhora da Encarnação, no Chiado.

Para o nosso Infante Bem-Amado, que hoje celebra o seu aniversário, pedimos a Deus que lhe dê longa Vida, Saúde, Sucesso, Felicidade e muito Amor e desejamos que todos os dias o Seu Anjo da Guarda O proteja e guie.


VIVA O DUQUE DO PORTO!

VIVA A FAMÍLIA REAL!

VIVA PORTUGAL!

terça-feira, 24 de novembro de 2020

Apenas o Papa Bento XVI defendeu o Ocidente

 


Les terribles violences islamistes qui ont eu lieu en France ces derniers jours sont une attaque forte contre l’Occident et l’Église catholique, qui minimise ou prétend cataloguer ces événements dans la catégorie générique du terrorisme sans adjectifs, montre qu’elle ne veut plus défendre l’Occident et qu’elle a perdu la conscience du lien profond qui la lie à lui. Sur ce front, nous vivons des moments dramatiques. En ce moment, l’Occident est attaqué sur tous les fronts, y compris, comme c’est toujours le cas, le front interne de l’Occident contre l’Occident; si l’Église aussi l’abandonne à elle-même, cela peut être sa fin. SA fin au sens de l’Occident ou aussi au sens de l’Église ?

Benoît XVI défendait l’Occident. Toute l’Eglise ne l’a pas suivi, au contraire… mais il défendait l’Occident. Il la défendait d’abord contre elle-même, contre le néant qui le dévore, contre la honte de son passé, contre la haine de sa propre identité, contre la méfiance envers la raison occidentale, contre le marécage du relativisme, contre la tendance à se vendre pour un plat de lentilles. À Ratisbonne, il l’avait défendu d’un côté contre la sécularisation d’origine protestante interne à son histoire et de l’autre contre l’Islam : tous deux contredisent – disait-il – la relation entre la foi et la raison qui est le plus beau fruit de la civilisation occidentale, si on la ramène à son âme. Il l’avait défendu contre le relativisme, expliquant au Parlement allemand sur quoi repose l’autorité politique et invitant l’Europe à se retrouver, chose impossible à faire si, comme le veut Macron et comme l’a voulu Conte, les églises sont fermées. Il l’a défendu contre l’immigration généralisée, soutenant le droit primaire des personnes à ne pas émigrer, et contre l’écologisme des élites, en parlant toujours d’écologie humaine et jamais seulement d’écologie environnementale.

Benoît XVI ne défendait pas tout de l’Occident, mais il était sûr d’une chose: en Occident, il s’était passé quelque chose de providentiel et donc d’essentiel, à savoir la rencontre du christianisme avec la métaphysique grecque; puisque cette relation s’est rompue ici même en Occident, il fallait la rétablir ici, en Occident. Ici, il s’est passé quelque chose que la foi chrétienne ne peut ignorer et qu’aucun christianisme, africain ou asiatique ne pourra remplacer s’il devait s’éteindre. Certes, le christianisme est effectivement universel, mais en Occident, quelque chose d’universel s’est produit. Défendre l’Occident, c’est défendre non pas un espace géopolitique, mais une civilisation, y compris certains éléments sans lesquels l’Église ne peut être ce qu’elle est.

Giulio Meotti (*) écrit :

« Tout le pontificat de Ratzinger a été une défense de la civilisation occidentale ou, plus simplement, de l’Occident. Mais il n’y a pas un seul défi dont Ratzinger soit apparemment sorti victorieux, comme si le nihilisme devait être la seule destinée de l’Occident, comme si la séduction était si immense qu’elle ne pouvait trouver de satisfaction que dans l’anéantissement ».

C’est pourquoi Meotti a intitulé son récent livre sur Benoît XVI « Le dernier pape d’Occident ». Les défaites sur le plan historique, cependant, n’attestent jamais à elles seules que l’on avait tort. Le problème devient alors vraiment grand: un pape ne peut-il plus défendre l’Occident? Après l’apparente défaite sur le terrain de Benoît XVI, devrions-nous abandonner l’idée de défendre l’Occident ? En ne défendant plus l’Occident – dans le sens précisé ci-dessus – le pape renonce-t-il à quelque chose d’essentiel pour la foi catholique et pour l’Église ?

L’Église aujourd’hui, à part quelques exemples contraires, n’admet pas que l’Occident est attaqué, elle le considère même comme un ennemi. L’Église se garde bien de définir comme islamiques ou islamistes les actes terroristes qui ont coûté la vie à de nombreux d’innocents. L’Église invite à voter Biden pour les élections présidentielles américaines, autrement dit le partisan extrême de l’idéologie de mort de l’Occident de la main de l’Occident lui-même. L’Église soutient les régimes autoritaires d’Amérique du Sud et se garde bien de déranger le géant chinois en ce qui concerne les droits de l’homme, les catastrophes écologiques et la politique de pouvoir. L’Église ne défend pas l’Occident contre les invasions migratoires, rêvant d’un métissage multireligieux. La condamnation de la « culture de la mort » est sporadique et fragmentée, de loin pas comparable à la condamnation d’autres phénomènes décidément moins exigeants moralement. On peut dire beaucoup de choses sur l’encyclique Fratelli Tutti, mais il est à coup sûr impossible de la considérer comme une défense de l’Occident. Il est beaucoup plus facile d’y voir tout le contraire.

Sur le point en question, c’est-à-dire la défense de l’Occident, le pontificat de François est aux antipodes de celui de Benoît XVI. Ce dernier, cependant, avait des bases traditionnelles très solides, ce n’était pas une simple posture d’un théologien renommé. Que deviendra alors la continuité de l’Église sur ce terrain important? Giulio Meotti conclut son évaluation du dernier pape d’Occident par ces mots :

« Le temps nous dira si Ratzinger était ce clown que personne ne croyait alors qu’il criait ‘au feu’ ou si, au contraire, il n’était pas un nouveau Benoît capable de sauver la civilisation du grand incendie ».

 

Stefano Fontana


Fonte: Benoit & Moi

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

GOZAR COM OS PORTUGUESES CATÓLICOS

 


1 - Rezar pelas vitimas do vírus chinês! E as vitimas das outras patologias? E os milhões de vitimas do socialismo/comunismo? Esses não merecem orações?

2 - E o confinamento é só para os Portugueses parolos? Os políticos deste país são "seres superiores" podem pavonear-se onde lhes dá na gana?

3 - Se fossem Católicos, eram humildes e rezariam em casa ou na Igreja mais próxima, não iam mostrar-se para o Santuário, local sagrado, sinto-me insultada na minha Fé…

4 - Foram pedir a Nossa Senhora de Fátima para lhes dar inteligência, discernimento e capacidade para tomarem decisões acertadas ou foram pedir para que o caso de Tancos lhes passe ao lado?

5 - Nossa Senhora de Fátima tenha piedade de todos nós Portugueses que estamos à deriva neste barco sem rumo, sem comandante, nem tripulação, numa desorientação que só faz lembrar os tempos da incompetência da primeira republica.


Nossa Senhora de Fátima iluminai os Portugueses e protegei-os nestes tempos tão difíceis. Salva-nos a Fé e a Oração para escapar ao domínio dos demónios que nos roubam a liberdade de pensamento e de movimento. Tenhamos Esperança!


Conceição Calado

domingo, 22 de novembro de 2020

54º ANIVERSÁRIO DE S.A.R., A SENHORA DONA ISABEL DE BRAGANÇA

 


Neste dia abençoado por Deus, desejamos a Vossa Majestade longa Vida, Saúde, Paz, Amor e Alegria junto da Vossa Real Família, Bem-Amada por todos nós.

Que Deus A Guarde e Ilumine.


VIVA A NOSSA RAINHA!

VIVA A FAMÍLIA REAL!

VIVA PORTUGAL!

sábado, 21 de novembro de 2020

14 de Novembro de 1866 - Morre El-Rei D. Miguel I de Portugal

 


Dom Miguel de Bragança, terceiro filho varão de D. João VI e de D. Carlota Joaquina de Borbón, nasceu há 216 anos, no Palácio de Queluz, e faleceu há 154 anos, em Brombach, na Alemanha, a 14 de Novembro de 1866.


Foi o 29° Rei de Portugal (1828-1834) e foi o último Rei Tradicional.


Aquando da 1ª Invasão francesa, em 1807, embarcou com a Família Real para o Brasil Quando voltou, a Lisboa a 3 de Julho de 1821, com os pais - o irmão D. Pedro a governar o Brasil – encontrou um Portugal muito diferente em termos políticos, pois um novel regime, de cariz liberal, havia nascido em 1820.O Infante Dom Miguel, prontamente avoca a chefia dos partidários do antigo regime, aglutinados em volta de D. Carlota Joaquina, e assume a direcção dos movimentos contra-revolucionários da Vila-Francada, em 1823, que provoca à dissolução das Cortes liberais e marca o fim da vigência da Constituição de 1822. D. Miguel torna-se, então, o Comandante-em-chefe do Exército português. Os liberais reagem, e em 1824, D. Miguel dirige novo movimento, a Abrilada, mas desta feita sem sucesso. Após o pronunciamento, D. João VI demite D. Miguel da função que exercia desde a Vila-Francada e o Infante abandona o País, estabelecendo-se em Viena de Áustria, durante 4 anos.


Em 10 de Março de 1826, D. João VI morre e D. Miguel escreve para o Brasil, afirmando aceitar D. Isabel Maria como regente do reino e seu irmão como legítimo herdeiro do trono. D. Pedro abdica do trono português a favor de sua filha D. Maria da Glória, sob a dupla condição de ser jurada a Carta Constitucional e da Princesa casar com o tio, D. Miguel. Dom Miguel, de boa vontade jura a Carta Constitucional outorgada pelo irmão e
celebra os esponsais com D. Maria da Glória, casando por palavras futuras com a sobrinha, pelo que D. Pedro nomeia, em 1827, D. Miguel como seu lugar-tenente e regente na menoridade de D. Maria (II).


Regressado a Lisboa, em Fevereiro de 1828, D. Miguel jura mais uma vez a Carta, contudo, decorrido pouco tempo, diante do surto jacobino e da onda liberal que grassava e ameaçava o País antigo, o regente nomeia um novo Ministério, dissolve as Câmaras das Cortes e, convoca Cortes à maneira antiga. As Cortes eram assembleias políticas, Gerais ou Extraordinárias, os órgãos políticos de carácter consultivo e deliberativo das Monarquias orgânicas, e representavam as diferentes classes sociais estabelecidas em três Ordens: o Primeiro Estado, fronde do Clero; o Segundo Estado, fronde da Nobreza; e o Terceiro Estado, braço do Povo. Assim, com o poder real legitimado pelas Cortes Gerais da Nação Portuguesa, a 11 de Julho de 1828, Dom Miguel I é aclamado Rei pelos Três Estados do Reino: ‘Juro aos Santos Evangelhos, corporalmente com a minha mão tocados, que eu recebo por meu Rei e Senhor verdadeiro e natural ao mui alto e poderoso Rei Dom Miguel e lhe faço preito e menagem segundo foro e costume deste Reinos.’


Os liberais expatriam-se aos magotes e os que ficam e não aceitam o regresso à antiga ordem são alvo de represálias.


Dom Miguel não era um Rei Absoluto, como injustamente ficou conhecido, mas representava sim um velho jeito de ser português, arraigado à tradição. Restabelece a Monarquia de Tradição Portuguesa segundo o qual o poder era entregue ao Rei por um pactum subjectionis para governar de acordo com o bem comum, não sendo nunca um poder pessoal, mas extirpado de qualquer forma de absolutismo, uma posição de privilégio com a obrigação de servir, governando com Justiça, sendo do ofício do Monarca manter os direitos e interesses de cada um dos súbditos e o bem comum do Reino de Portugal com a promulgação das competentes Leis justas e respeitando as liberdades fundamentais, regalias e seguranças, comummente consagradas em carta de Foral - que definia as matérias respeitantes à liberdade das pessoas, à defesa dos direitos em juízo, à tributação, à inviolabilidade do domicílio. Com Sua Majestade Fidelíssima, verifica-se o regresso da vocação de serviço da Monarquia Portuguesa em que o Monarca aceita que o seu poder é limitado pelas Leis Fundamentais do Reino, que foram expressas nas Actas das Cortes de Lamego – que apesar de serem apócrifas, se tornaram na Lei Fundamental do Reino, uma vez que o seu teor jurídico é aquele que correspondia ao Costume, e por isso se tratam da codificação do direito da Monarquia Portuguesa: ‘Estas são as Leis da herança do nosso Reino: boas são, justas são, queremos que valham por nós, e por nossos descendentes, que depois vierem.’


Oliveira Martins diz isso:


‘D. Miguel e o seu franco plebeísmo eram a genuína expressão do Portugal Velho que, de crises em crises sucessivas, atingia agora a última. O Rei passava, a cavalo, a galope, com a vara entalada na sela, moço e radiante; e agente das ruas parava a adorá-lo, com um ar de júbilo ingénuo nos rostos; os mendigos de uma cidade mendicante avançavam ajoelhando e o príncipe abria a bolsa, dava-lhes dinheiro; as mulheres rezavam, pedindo a Deus a conservação de um rei tão belo, tão bom, tão amigo do povo. Corriam pequenos catecismos, orações em que Portugal, repetindo Jerusalém, era o motivo de salmos e antífonas ardentes, invocando-se a Virgem-Puríssima-Nossa-Senhora para que protegesse o augusto e amado rei, defendendo-o de todos os seus inimigos, livrando o reino do pestilento e infernal contágio da seita maçónica…etc. Sempre que aparecia em público, D. Miguel era vitoriado, levado em triunfo, entre bênçãos e aclamações delirantes: de um a vez, passando na Carreira dos Cavalos, caminho de Queluz, achou-se rodeado, sem poder avançar. Eram oficiais do Exército, eram voluntários realistas, eram paisanos, homens, mulheres, gente de todas as idades e classes, que puxando a carruagem o levou em triunfo, entre vivas espontâneos e ardentes, até Val-de-Pereiro. Ninguém dirigia, ninguém ordenava essas festas sem programa, que brotavam como viva expressão do entusiasmo popular. Respirava-se o ardor de uma cruzada: D. Miguel era um Pedro- Eremita. Criava-se uma cavalaria nova e sagrada, para opor à seita maçónica: era a Ordem de S. Miguel da Ala de que o Rei tinha o grão- mestrado, para defender a Santa Religião católica, apostólica, romana, e restaurar a legitimidade portuguesa’.


Mas os auto-exilados liberais, congregam-se na Ilha Terceira, nos Açores, e em Junho de 1828, acontece uma revolução anti-miguelista em Angra do Heroísmo. Em 3/3/1832 D. Pedro, tendo já abdicado do trono imperial do Brasil, aportou aos Açores como Regente em nome da sua filha D. Maria, e dali embarcou em direcção ao continente à frente de um exército de 7 500 homens – uma larga maioria mercenários estrangeiros contratados -, desembarcando no Pampelido, em 8 de Julho de 1832.


No dia seguinte os ‘bravos do Mindelo’ ocuparam o Porto, onde sofreram um longo cerco do exército miguelista. Em 20/6/1833 mais um desembarque liberal, agora no Algarve, tem melhor sorte e depois de vencerem os miguelistas em Cacilhas avançam até Lisboa. Somam mais vitórias, o exército miguelista chefiado pelo Duque de Cadaval, que cercava o Porto, destroça, e no ano de 1834 e sob a ameaça das forças da Quadrupla-Aliança que invadem Portugal, os realistas transigem, tendo Dom Miguel I assinado a capitulação, para não ver derramado mais sangue português, pelas armas estrangeiras, assinando, em 26 de Maio de 1834 a Convenção de Évora-Monte. Entrega as suas jóias ao irmão D. Pedro, Duque de Bragança, como contribuição para o esforço de reconstrução do País após a guerra, e que suscitou de D. Pedro o comentário emocionado: "Isto são mesmo coisas do mano Miguel".
No dia 1 de Junho de 1834, D. Miguel parte do Palácio de Vila Viçosa para embarcar num navio de guerra britânico em Sines, com destino a Génova, tendo pernoitado pela última vez em solo português na vila alentejana de Alvalade, e de manhã deixa definitivamente Portugal, seguindo para Itália, mas ainda ao largo da costa portuguesa, D. Miguel denuncia a Convenção, redigindo uma carta em que declara que firmara o acordo sob coacção. No dia 20 de Junho impetra um protesto formal contra a renúncia que fora forçado a fazer dos seus direitos à Coroa de Portugal.


Protesto e Declaração de Génova:


«(...) Em consequencia dos acontecimentos que Me obrigaram a sair de Portugal e abandonar temporariamente o exercicio do Meu poder; a honra da Minha Pessoa, o interesse dos meus Vassallos e finalmente todos os motivos de justiça e de decoro exigem que Eu proteste, como por este faço, à face da Europa, a respeito dos sobreditos acontecimentos e contra quaesquer innovações que o governo que ora existe em Lisboa possa ter introduzido, ou para o futuro procurar introduzir contrarias às Leis fundamentaes do Reino.
D’esta exposição pode-se concluir que o Meu assentimento a todas as condições que Me foram impostas pelas forças preponderantes, confiadas nos generaes dos dois governos de presente existentes em Madrid e Lisboa, de accordo com duas grandes Potencias, foi da Minha parte um mero acto provisorio, com as vistas de salvar os Meus Vassallos de Portugal das desgraças que a justa resistencia que poderia ter feito, lhes não teria poupado, havendo sido surprehendido por um inesperado e indesculpavel ataque de uma Potencia amiga e alliada.
Por todos estes motivos tinha Eu firmemente resolvido, apenas tivesse liberdade de o praticar, como cumpria à Minha honra e dever, fazer constar a todas as Potencias da Europa a injustiça da aggressão contra Meus direitos e contra a Minha Pessoa; e protestar e declarar, como por este protesto e declaro, agora que me acho livre de coação, contra a capitulação de 26 de maio passado, que Me foi imposta pelo governo ora existente em Lisboa; auto que fui obrigado a assignar, a fim de evitar maiores desgraças e poupar o sangue de Meus Fieis Vassallos. Em consequencia do que deve considerar se a dita capitulação como nulla e de nenhum valor.»


Génova, 20 de Junho de 1834.


D. Miguel I, Rei de Portugal.


Ainda viveu depois em Londres.


O sobrinho-neto D. Pedro V encontra-se com D. Miguel na sua viagem a Londres, ficam muito amigos e trocam assídua correspondência.


Dom Miguel, acaba por se fixar na Alemanha, onde, em 1851, contrai matrimónio com D. Adelaide de Loewenstein-Wertheim-Rochefort-Rosenberg, de quem teve sete filhos. Aproxima-se das correntes da Maria da Fonte e da Patuleia. O sobrinho-neto D. Pedro V aproxima-se ainda mais, e correm rumores de que chega a acontecer um encontro secretíssimo entre os dois Reis, em Mafra, a 5 de Outubro de 1859, pois Dom Miguel fez questão de vir consolar D. Pedro V aquando da morte de D. Estefânia. Com a morte de D. Pedro V, D. Miguel volta a afastar-se dos seus parentes que agora reinavam.
Dom Miguel falece a 14 de Novembro de 1866, após uma paralisia pulmonar, e o Rei Dom Luís I decreta luto nacional por 20 dias. Assim agiam os Reis.


Ainda hoje prevalece a admiração pelo Senhor Dom Miguel I de Portugal, vindo mesmo a memória do último Rei tradicional a engrandecer-se de dia para dia.


Miguel Villas-Boas