Por dever de ofício vi o último O Eixo do Mal, da SIC Notícias (12.11.2020). Nesse programa, um artigo meu publicado no site do CHEGA, «Hitler e Mussolini amordaçados pela Ditadura Mental dos Grandes Manipuladores. O regresso do nacionalismo» (23.10.2020), foi citado por um dos comentadores, Daniel Oliveira (21m50s).
O sujeito tem idade para saber que ou não se citam artigos, textos ou livros dos outros ou, quando se citam, não é admissível fazerem-se caricaturas que contrariam o conteúdo do que está escrito. O que ele fez foi difamação intelectual pura e simples. Não creio que fosse um lapso, antes um traço da mente patológica do sujeito.
De acordo com os ideais que animam o programa – ver por todo lado racismo, xenofobia, desprezo pelos imigrantes, desprezo pelas pessoas do subúrbio, desprezo pelos pretos, desprezo pelas minorias –, Daniel Oliveira revelou-se um sujeito abjeto bem-falante. Eu sou tudo o que o ideal do programa supostamente defende. Mas descobre-se facilmente a imoralidade do sujeito, própria da seita à qual pertence. Apenas lhes interessa um detalhe: ser ou não ser de esquerda. Tudo o resto que uma pessoa possa ser passa a lixo quando esse detalhe não é satisfeito. É como tratar um zarolho por zarolho, um maneta por maneta, um obeso por obeso, por aí adiante, depois autoelogiar-se como modelo de sensibilidade social.
Como o objeto era eu e o dito supõe-se douto em questões raciais e associadas, o que ele fez tem um propósito: escravidão mental das minorias e, por extensão, dos povos originários de onde provêm. Com a sua atitude, Daniel Oliveira demonstrou num canal de televisão de grande audiência que, em Portugal, a esquerda tem direito a ser ostensivamente racista, de acordo com os seus próprios padrões, sem que isso contradiga o seu direito simultâneo de acusar permanentemente os outros, mesmo pessoas neutras, de serem racistas, xenófobas, anti-imigrantes e tudo o resto.
Portanto, entre os brancos Daniel Oliveira é branco superior de primeira, os outros são bancos inferiores de segunda, no olhar sobre os outros ele é que determina quem é negro (ou preto superior de primeira) e quem é preto (ou preto inferior de segunda). O sujeito representa a douta ignorância letrada que, de tanto mexer no que não sabe, no racismo, remeteu o fenómeno para os píncaros do radicalismo. Essa ignorância socialmente venenosa não merece a mínima condescendência, como não merece quem incentiva, na comunicação social, a que tais vícios mentais (morais e intelectuais) continuem a ser propagados na opinião pública, e a circular pelo mundo, como se fossem naturais só por serem de esquerda.
Em Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, onde quer que seja, a menorização inqualificável dos negros referida, mesmo que seja de certos pretos, e demais minorias, pela esquerda é um grave atentado à dignidade humana. Então os pretos não podem escolher a autorresponsabilidade, a família, a nação, a ordem, a autoridade, a segurança, o respeito como valores morais, cívicos e políticos? Isso é crime? Não é isso que André Ventura e o CHEGA representam? Ou os últimos são necessariamente aquilo que o desvairado Daniel Oliveira determina que eles são? Não é por serem muitos, ou quase todos, na comunicação social a papaguearem o mesmo que a ignorância letrada vira sabedoria.
Por uma questão de higiene mental não devia fazê-lo, mas recomendo a que as pessoas vejam por si mesmas o programa citado depois confrontem com o conteúdo do meu artigo, uma vez que o exercício é pedagógico por deixar muitíssimo claro que Daniel Oliveira é o modelo mais-que-perfeito da esquerda que recusa a quem pertence a uma minoria a possibilidade de ser livre, de fazer as suas escolhas em consciência, de decidir por si, de viver tranquilo. Fá-lo recorrendo à distorção, à manipulação, mais ou menos como os nazis tratavam os judeus ou os soviéticos os burgueses.
Tenho o resto dos meus dias para desfazer humilhações atrás de humilhações que esta seita acumula contra as minorias e não só. Sejam imigrantes, sejam pessoas de origem humilde, do subúrbio, classes médias, por aí adiante. A esquerda e a direita fofinha tornaram Portugal irrespirável. Mas a força das pessoas comuns permanece intacta e vão dar-lhes a justa resposta.
É revoltante viver numa sociedade que não coloca travões a sujeitos como Daniel Oliveira cujos cérebros dissociam aquilo que dizem daquilo que são e aquilo que são, o que verdadeiramente importa, não se recomenda.
De resto, os restantes membros e o moderador d’O Eixo do Mal, da SIC Notícias, são veneno puro para a sanidade mental coletiva, um foco de regressão civilizacional. Basta ver um pedaço do programa para constatar os bons narcísicos que são, doença mental que propagam alegremente pela vida quotidiana. O programa demonstra o quanto as nossas sociedades regrediram mentalmente desde o dia em que nasci.
Uma pessoa leva uma vida inteira de estudo para entender os fenómenos sociais, por cima fenómenos que viveu ou vive na primeira pessoa, faz um esforço danado para ser mentalmente honesta, e três ou quatro idiotas semanalmente sentados num estúdio de televisão, ao longo de anos e anos, é que se acham no direito de definir publicamente o que é o fascismo, eles é que sabem o que é o racismo, eles é que sentenciam por meros indícios aleatórios quem é xenófobo, eles é que definem a identidade política dos outros, só eles sabem o que é melhor para o país e para o mundo, eles é que têm de determinar a agenda política, eles são os donos do universo. Essa gente não tem noção do ridículo?
Gabriel Mithá Ribeiro
Fonte: Chega
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