“Nada está assim tão mau que não possa piorar”
Nova Lei de Murphy
Desde o dia um de Setembro do corrente ano, que o Governo decretou cortes brutais, nas compartições na assistência à doença, em Portugal.
Seguiu-se o anúncio do Ministro das Finanças de que o governo vai acabar com os Certificados do Tesouro Poupança Crescimento, lançados em 2017, e substituí-los (esperamos que sem efeitos retroactivos) por Certificados do Tesouro Poupança Valor, naturalmente de rentabilidade mais reduzida.
Os combustíveis aumentaram e da electricidade já nem se fala (esta última por via dos negócios ruinosos para o país mas muito rendosos para a empresa e, naturalmente, para quem os proporcionou).
A lista podia continuar.
A espiral de aumentos não vai parar, e não há “bazuca europeia” que os pare (esta irá até, agravar a situação). A razão é simples: o País está falido.
O Estado está falido; a banca está falida (tirando a que foi comprada por estranhos); as empresas (a maioria) está falida, as famílias (a maioria) estão falidas, ou com rendimentos que só lhe dão para a subsistência; as Forças Armadas estão exangues (pois acompanham a falência do próprio Estado); a Economia está “em perda”; o Serviço Nacional de Saúde está falido (e com um milhão de cidadãos sem médico de família); as Autarquias (a maioria) estão falidas; os Clubes de Futebol (a maioria) estão falidos, até os Partidos Políticos – à excepção do PCP – estão falidos (apesar de chuparem na teta do Estado e não pagarem IVA nem IMI). E a sua falência maior nunca é financeira, mas Política, Moral e Ética!
Em suma o país está falido, tendo uma dívida pública, e privada maior que o “Everest” (cada uma delas superior ao PIB anual!), sem que se vislumbre no horizonte, capacidade económica; liderança política; riquezas naturais; investimento público e privado; plano estratégico e muito menos vontade, que permita resolver o problema em qualquer horizonte futuro, que se possa vislumbrar.
Percebem os caros leitores o que estou a dizer ou necessito fazer bonecos?
Da frase “o País está falido”, qual o termo que, porventura, não estejam a entender?
Vejamos, o termo “País”, de facto já não o é, pois está “falido”, perdeu a soberania e a vergonha; fez “haraquiri” quando mudou a Constituição da República de modo a submetê-la a uma “entidade” que não se sabe muito bem o que é, conhecida por “União Europeia”. Já não cunha moeda e perdeu a vontade de levantar tropas. Limita o seu Poder soberano à cobrança de impostos que não param de aumentar. Por isso em boa verdade, vou emendar a mão, já não posso chamar a Portugal um país, vou ficar por “arremedo de País”.
O termo “está”, representa a terceira pessoa do indicativo do verbo Ser. É necessário explicitar isto, pois agora, a “geração mais bem preparada de sempre” tem a cabeça cheia de “ismos” (e mariquices), mas sabe incomparavelmente menos que um rapaz ou rapariga (não havia felizmente géneros de permeio) da minha geração que tenha frequentado a antiga 4ª classe. Não sei mesmo, se a terceira.
Finalmente o adjectivo “falido”.
Convém determo-nos um pouco mais sobre este termo, que vem do latim “fallentia”, coisas que faltam; coisas que enganam.
Ora falência (em termos jurídicos), igual a insolvência, falha, quebra, fracasso, bancarrota (do italiano bancarotta, ou seja banca quebrada), é uma situação jurídica decorrente de uma sentença proferida por um magistrado onde uma empresa ou sociedade comercial, se omite quanto ao cumprimento de determinada obrigação patrimonial e então tem os seus bens alienados para satisfazer os seus credores.
Lembra-se que na idade Média os “banqueiros” expunham o seu dinheiro num banco de madeira (daí o nome de banqueiro), tal como os antigos romanos o faziam nas “mensa argentaria”.
Se algum deles não honrava as suas dívidas, o seu banco era feito em pedaços, e ele próprio era impedido de continuar a exercer qualquer outro negócio. Como se pode ver, tudo muito parecido com o que se passa hoje em dia…
Já em termos de Economia e Finanças, uma falência é uma situação de uma empresa ou entidade (pode ler-se país) que, por não ter capacidade de pagar as suas dívidas, deixa de cumprir as obrigações contraídas; e, por isso, deixa de ser viável economicamente.
Logo vem o Direito e diz-nos que, quem em tal incorre, é sujeito a uma acção judicial pela qual se arrecada o património disponível de um devedor, com o intuito de satisfazer as dívidas dos credores.
E ainda existe a figura da “falência fraudulenta”, que representa uma falência provocada por pessoas ou entidade que, com o fim de lesar credores, diminui ficticiamente o activo de uma sociedade (pode ler-se país), ou aumenta também, de forma enganosa, o seu passivo.
Uma forma algo intermédia é a “falência técnica”, que é a situação financeira de uma empresa ou entidade, que apresenta um passivo superior ao activo. Que é a situação em que Portugal se encontra, desde quase logo a seguir aos eventos ocorridos em 25 de Abril, do ano da graça de 1974, e até hoje. Tendo entrado em bancarrota, em 1978, 1981 e 2008…
Ora Portugal já só consegue não pagar o que deve, sem entrar em incumprimento – apesar de os juros estarem baixíssimos, no mercado internacional; o BCE andar constantemente a aguentar os cueiros nacionais e as agências de “rating” só por isso, não desclassificarem o “grau de qualidade” do País, isto é, do arremedo de País, para super lixo - lançando mão de mais empréstimos. Uma tradição que vem do início do século XIX; se prolongou pela I República e só foi parada com sabedoria e tenacidade, quando foram buscar um pouco loquaz professor, à Universidade de Coimbra.
Falava pouco, mas fazia muito e morreu pobre. Estes agora falam pelos cotovelos, sendo insuportáveis, fazem também muito, mas pouco acertam. Estranhamente, nenhum ficou pobre.
Uma coisa, porém, releva tudo: o Professor era “Ditador”; os imaculados, são “democratas”.
A Probidade, o Patriotismo e a Competência, não entram obviamente nesta equação.
Ou seja, o país, isto é, o arremedo de país, está falido, mas toda a gente, tirando o Medina Carreira, que já morreu; o Paulo Morais, a quem cortaram o pio e o José Gomes Ferreira, que só ainda não foi despedido, para se dar um ar de haver “liberdade de expressão” no burgo. Mas pode até haver mil como ele, que tal é, em rigor, igual ao litro: os próceres e expoentes do actual regime político – a quem devem ser assacadas as responsabilidades pela actual situação catastrófica do pseudo país, que somos – vivem em estado de negação (bem como a maioria da população) e não há crianças no país que gritem que o “Rei vai nu”.
O “Rei”, aliás, ilude-as com “selfies” e rebuçados…
E todos se portam como se nada de grave se passasse. Pelo contrário preparam-se para comemorar com foros de escândalo pornográfico a data que deu origem a isto tudo!
Mas, no fim, a matemática dos balancetes não erra nem falha (mesmo chamando-lhe racista, como é moda agora em certos “adiantados mentais” americanos): a soma das parcelas tem de ser sempre zero.
Quando não há dinheiro para pagar, amortiza-se vendendo os anéis; as empresas; a terra; a Soberania; a Honra; a nacionalidade; tornamo-nos escravos e paga-se com sangue (combatendo por interesses alheios). Finalmente, com o desaparecimento.
Mas paga-se.
João José Brandão Ferreira
Oficial Piloto-aviador (Ref.)