Na mesma semana viemos a saber que trabalhadores que recebam o salário mínimo podem vir a pagar IRS, o ano lectivo começou com 92 mil alunos sem professores, a subida da prestação dos créditos à habitação, juntamente com as instáveis rendas das casas, estão a empurrar cada vez mais pessoas para a rua e centenas de jovens foram libertados da prisão, sendo que já há registo de agressões a populares por parte de um recluso libertado. Ou seja, o país está de rastos e navega num mar de incertezas.
Este artigo não é sobre as falhas da política habitacional, imigratória, laboral, educacional ou até da justiça, mas sobre algo mais estrutural.
O actual regime engloba o sistema que nos governa. As instituições que nele se inserem estão cada vez mais desacreditadas, impopulares e ineficazes. Não apenas as instituições de cariz social, como aquelas que deviam materializar a cultura e projecto político de um governo preocupado com o seu povo, constituído por milhões de pobres e cada vez mais sem abrigos, mas também as instituições políticas no seu todo.
Num momento decisivo para os decadentes povos europeus, o povo português já devia ter mudado a cassete que o levou ao actual estado de coisas. Um punhado de partidos governou este país ao longo das últimas décadas e no geral operaram de forma consistente num claro aproveitamento da rotatividade democrática quadrienal para passar as culpas aos antecessores, dando uma ilusão de oposição/alternativa.
Como diria Medina Carreira, após o 25 de abril “havia gente, havia um país e havia uma esperança”. Hoje não existe gente com visão dentro do oligopólio social(ista) democrata, não existe um Portugal dos portugueses para os portugueses, e as elites incomodadas com projetos anti sistema tentam derrubar qualquer tipo de esperança.
Não é normal um povo testemunhar com os seus próprios olhos uma invasão alógena descontrolada e não protestar pelos seus empregos, habitação e estatuto social. Não é normal que um povo só saia à rua quando uma equipa de futebol ganha uma taça enquanto não se veem descidas de impostos compatíveis com a sufocante inflação causada pelas políticas monetárias (e usurárias) do sistema financeiro internacional. Não é normal que um povo olhe diariamente para casos e casinhos de corrupção vindos dos mesmos partidos de sempre, em quantidades incompreensíveis, e continue a confiar neles.
Acredito que em condições normais, noutros períodos históricos, já teríamos uma grande mudança a nível de regime. As principais diferenças do actual cenário para um 28 de Maio residem nos apoios financeiros vindos de Bruxelas, que camuflam o Estado falido em que vivemos, e nos lobbys importados (BLM, LGBT, etc…) que colhem o sentimento de urgência nos progressistas, alegadamente críticos do sistema e inclusive PS, mas que acabam por votar utilmente contra as ameaças da perigosa Direita (antissistema) com “D” grande.
Além disso, temos uma comunicação social que anda de mão dada com o regime através de financiamentos estatais e cargos ocupados por agentes enviesados. Somado às distracções do dia a dia que amansam o dito “rebanho”, assiste-se à diabolização da solução e a uma desculpabilização constante da incompetência, em nome de valores abstractos e incoerentes que no final do dia não fazem de Portugal o país que podia ser.
Para finalizar, afirmo que existe uma conclusão lógica a retirar da actual e futura prestação deste regime: ou acaba a III República, ou acaba Portugal.
Os dois não coexistirão por muito tempo.
Francisco Pereira Araújo
Fonte: Inconveniente
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