sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Como renovar a política externa europeia para travar a imigração desregulada


As abordagens por analogia são vícios da construção do pensamento social impostos por elites académicas e políticas incompetentes, que é o que não falta. Pierre Bourdieu chamava douta ignorância.

Por exemplo, se o território onde vivo está em estagnação ou regressão demográfica, como é o caso da Europa, eu deduzo que esse é o problema mais importante do planeta. Não percebo o mundo no qual me insiro porque não me dei ao trabalho da contraprova empírica para construir o conhecimento sobre o meu espaço. Tenho de confirmar se noutros espaços existenciais equivalentes e distantes do meu se a minha teoria de aplica e com que consequências.

A racionalidade existe quando o conhecimento é universal e abstracto. Expliquei isso num livro chamado Novo Manual de Investigação (2018).

É por causa do vício das abordagens académicas e políticas por analogia que o senso comum europeu continua impedido de compreender o elementar. É tempo de os europeus compreenderem que são uma minoria ao nível do planeta. E são hoje a minoria mais atacada na face da terra. Resta aos europeus o dever moral, humano, cívico, social, cultural, identitário, a sanidade mental de se autoprotegerem e protegerem filhos, netos e gerações vindouras. Os europeus não podem trair os seus deveres elementares de maternidade e paternidade.

Mesmo que a população ancestral europeia cresça nos próximos tempos, continuará a ser cada vez mais minoritária no planeta terra. Isso porque a Ásia e sobretudo a África vivem em explosão demográfica. Os europeus são cada vez mais vítimas dessa explosão demográfica. Mas as elites impedem que os europeus olhem para a causa do problema. As elites só deixam olhar para as consequências, uma fórmula de subversão mental.

A explosão demográfica nos continentes vizinhos, em especial em África, é uma ameaça mil vezes maior para os europeus do que a estagnação ou inverno demográfico na Europa. Mentalmente isso explica-se pela Lei de Gresham: «A má moeda expulsa a boa moeda.» Quanto mais académicos, políticos e jornalistas entretiverem os europeus com a estagnação ou regressão demográfica europeia, menos sensíveis serão as sociedades europeias a terem de reagir o quanto antes à explosão demográfica em África e na Ásia.

Refiro números e consequências. Em 1973 Europa e África tinham ambas cerca de 300 milhões de habitantes. A Europa tem hoje 749,6 milhões de habitantes e está praticamente em estagnação. África tem 1,031 bilhão de habitantes e o ritmo de crescimento demográfico continua muitíssimo acelerado. Em termos gerais, num ciclo em que a Europa duplica a população, a África quadruplica. África está a tornar-se semelhante à grande densidade populacional da Ásia, onde se situam países como a Índia e a China, mas África está em pleno descontrolo político, social, económico.

Dou o exemplo de Moçambique. Em 1974, Moçambique tinha mais ou menos a mesma população que Portugal: cerca de 8 milhões de habitantes. Hoje Portugal tem 11 milhões e Moçambique já passou os 30 milhões. Estamos a falar de um período de cerca de 50 anos.

Acrescento outra particularidade: a explosão simultânea da concentração urbana em África. Temos a tempestade perfeita. Não é preciso uma bola de cristal para antecipar que cerca de metade da população africana viverá em cidades até meados deste século. Era menos de 5% há 50 anos.

As cidades africanas resumem-se a um acumular crescente de problemas: insegurança, violência, poluição, ausência de esgotos, lixeiras a céu aberto, potenciais pandemias, anomia social, desmatamento acelerado, desestruturação familiar, criminalidade, inexistência de sistemas de ensino ou saúde minimamente adequados, agravamento acentuado do tráfico de droga, degradação do edificado e tudo o resto.

Essa é a origem social da pressão imigratória que chega à Europa. É inevitável que os problemas africanos e asiáticos circulem pelo mundo ao ritmo da imigração.

Comecei a fazer trabalho de campo em Moçambique em 1997 e a explosão demográfica e concentração urbana já eram por demais evidentes. Em todos estes mais de 20 anos, mesmo e sobretudo nos meios académicos ou na comunicação social, tornou-se cada vez mais difícil falar do controlo demográfico em África. Um absurdo quando deveria ser o contrário. Isso porque quem ouse falar de controlo demográfico em África é logo acusado ou, pior, manifestam-se as insinuações paralisantes de culpado pela «escravatura», «colonialismo» ou «racismo» dos europeus ou dos brancos contra os africanos.

Nenhum governo europeu ou ambientalista de turno teve a coragem de colocar abertamente nas agendas políticas a questão da explosão demográfica justamente porque não resolvem, como tem de ser, as interpretações histórias da «escravatura», «colonialismo» ou «racismo» envoltas nas maiores falsidades.

Pior. Nestes últimos 30 anos, as ajudas europeias e internacionais a África contribuíram, elas mesmas, para acelerar a explosão demográfica, para agravar o desastre.

Como é que o actual contexto pode ser alterado? O contexto actual altera-se com liberdade de pensamento e com uma nova geração de políticas públicas responsáveis na Europa.

A liberdade de pensamento servirá para desfazer intelectualmente os papões herdados da história colonial todos eles enganosos, falsos, insustentáveis. Tudo isso tem a ver com o descontrolo da imigração.

Quanto à nova geração de políticas públicas responsáveis na Europa, elas devem passar a colocar de forma explícita, aberta, honesta, frontal nas agendas internas e externas duas questões primordiais que só a Nova Direita, o Chega em Portugal, podem garantir.

Primeira questão: assumir que o primado moral da autorresponsabilidade não é negociável. Cada sujeito individual ou colectivo é o primeiro e principal responsável pelo seu destino. Seja europeu, africano, branco, negro, pobre, rico, etc. Os problemas da Europa são acima de tudo da responsabilidade dos europeus. Pela mesma razão, os problemas da Ásia ou da África são acima de tudo da responsabilidade de asiáticos ou africanos.

África é a questão mais sensível. Se os problemas em África não páram de crescer, a conclusão é óbvia: governos e elites africanos pós-coloniais são irresponsáveis, falhados, incompetentes em prejuízo sério dos seus povos e países.

Segunda questão: assumir que o problema interno mais grave de África, e de parte da Ásia, é a explosão demográfica. É preciso deixar claro que esse é um mal que afecta gravemente, em primeiro lugar, os africanos e os asiáticos há muitas décadas. Mas também afecta os equilíbrios do sistema internacional e os equilíbrios ambientais. A explosão demográfica é um problema interno desses dois continentes, mas que afecta todo o mundo.

A questão é que a solução tem de ser encontrada, só poder ser encontrada no interior de cada sociedade ou no interior de cada continente. Nessa matéria não pode haver tibiezas. São as asiáticas que dormem com os asiáticos e reproduzem-se. São as africanas que dormem com os africanos e reproduzem-se. É na intimidade dessas pertenças identitárias, no interior das famílias, que os seus problemas e os problemas do mundo se resolvem.

Mas há outra parte fundamental a cumprir pelos europeus e demais ocidentais. É nisso que os europeus têm de investir para ajudarem a travar a miséria, pobreza, violência na África e na Ásia que chegam à Europa. Não há desculpas para os europeus – dos governantes aos cidadãos – serem condescendentes com tradições culturais como a poligamia e suas sequelas, como ideais de família numerosa do mesmo homem com várias mulheres, quando essas tradições geram miséria, violência, desequilíbrios ambientais graves, sofrimentos que afectam os próprios africanos e asiáticos acima de tudo e em primeiro lugar.

Da parte dos Governos Europeus, é fundamental que insistam em programas de cooperação com a África, com o mundo Árabe ou com a Ásia. Georgia Meloni está a fazer esse caminho. Mas está a insistir no erro de passar ao lado do fundamental. Nisso o Partido Chega pode revolucionar a Europa. O fundamental é agregar sistematicamente os apoios europeus aos países mais pobres ao dever dos países receptores desses apoios implementarem políticas sustentadas e comprovadas de controlo demográfico.

A questão tem de passar a ser o tema central das agendas para a cooperação da política externa europeia. Caso contrário, não se enfrentam nem os problemas dos países pobres, nem as ameaças da imigração desregulada e ilegal cujo potencial de destruição da Europa é fortíssimo e tem de ser travado a fundo

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