quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Agricultores e Extrema-direita

 Na Alemanha, o governo preparava-se para desviar as verbas que tinha alocado para fazer face aos problemas gerados no país pelas suas próprias más decisões a pretexto da Covid para suportar um enorme gasto e desiquilíbrio geral das contas públicas. Mas um Tribunal alemão proibiu a marosca.

A par desta decisão judicial, como o governo Alemão continua empenhado em fazer cumprir a narrativa apocalíptica da urgência em atingir a chamada “neutralidade carbónica”, mesmo que isso empobreça a generalidade da população e coloque em risco largos sectores vulneráveis da sociedade, o executivo de Olaf Sholtz decidiu acabar com os benefícios fiscais sobre o gasóleo agrícola, passar a taxar a circulação e os veículos para a agricultura, entre outras sevícias dirigidas aos empresários do sector primário.

A reacção dos agricultores não se fez esperar, atingiu enorme dimensão e arrastou entretanto a solidariedade de outros sectores. Face ao aumento de impostos e a imposição acrescida de normas e regras justificadas com lirismos eco-fascistas mas que aumentam o custo de produção de bens agrícolas, o povo saiu à rua em protesto.

Logo a classe política e os comentadores vieram catalogar as manifestações dos agricultores como sendo de extrema-direita e ensaiaram a justificação sobre a subida dos preços dos bens alimentares com a ganância das cadeias de supermercados.

Em Portugal estas notícias não passam nas televisões nem nos jornais mainstream. Talvez porque se o fizessem tivessem também de registar que o descontentamento com as políticas dos governos esteja a colocar em segundo lugar nas sondagens e em primeiro lugar nas regiões da antiga Alemanha de Leste a AfD – o partido alemão equivalente ao Chega.

Políticas erradas e desfasadas da realidade ou necessidades concretas da população são prado fértil para os populismos. O silenciamento da indignação das populações é rastilho para extremismos. O crescimento da AfD e do Chega são sintomas. Quanto mais tentarmos apagar ou esquecer os sintomas, mais alastra a verdadeira doença que é a putrefacção dos regimes e oligarquias dominantes.



Fonte: Blasfémias

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