‘Se a escolha democrática deve ser racional, ela deve, portanto, ocupar um lugar no contexto das instituições e dos procedimentos que dão voz às gerações ausentes. Essas instituições e procedimentos instigariam nos representantes uma atitude administrativa, por meio da qual as demandas imediatas dos vivos poderiam ser moderadas ou desviadas em benefício do futuro distante da sociedade. Tal instituição é a Monarquia, como é concebida tradicionalmente. Não sendo eleito por voz popular, o monarca não pode ser compreendido simplesmente como representante dos interesses da geração actual.
Ele ou ela nasce legalmente. Se o monarca tem alguma voz sob qualquer condição, ela é atendida precisamente ao modo intergeracional, que é requerido pelo processo político. Os monarcas são, num sentido muito especial, a voz da história, e o modo muito acidental por meio do qual eles recebem o cargo enfatiza as bases de sua legitimidade na história de um povo, de um lugar e de uma cultura. Isso não quer dizer que monarcas não podem ser loucos, irracionais, autointeressados ou insensatos. Antes, quer dizer que eles devem sua autoridade e sua influência precisamente ao facto de que falam por algo “mais” do que os actuais desejos dos eleitores de hoje, algo vital para a continuidade e a comunidade, que o acto de votar pressupõe. Portanto, se eles são escutados sob qualquer condição, são-no como limitadores do processo democrático, exactamente como este deve ser limitado, de modo a resultar em uma boa legislação.'
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