domingo, 31 de março de 2024

Christus Resurrexit! Vere Resurrexit! Alleluia, Alleluia!

Santa Páscoa, caros amigos!

Ao raiar do terceiro dia, os amigos de Cristo quando chegaram ao local viram o sepulcro vazio e a pedra rolada para o lado. De várias formas eles aperceberam-se da nova maravilha; mas mesmo assim não se aperceberam bem que o mundo tinha morrido durante a noite. O que eles contemplavam era o primeiro dia de uma nova criação, um novo Céu e uma nova Terra.

E, no semblante de um jardineiro, Deus passeava de novo no jardim, na brisa, não da tarde, mas da madrugada.

G.K. Chesterton in 'O Homem Eterno' (1925)


sábado, 30 de março de 2024

Sábado Santo, dia de repouso junto ao sepulcro

«E eis que um homem por nome José, senador, homem de bem e justo, que não tinha consentido no conselho e nos actos dos outros, de Arimatéia, cidade dos judeus, e que também esperava o reino de Deus; esse, chegando a Pilatos, pediu o corpo de Jesus. E, havendo-o tirado, envolveu-o num lençol, e pô-lo num sepulcro escavado numa rocha, onde ninguém ainda havia sido posto. 

Era o dia da preparação e amanhecia o sábado. E as mulheres, que tinham vindo com ele da Galileia, seguiram também e viram o sepulcro e como foi posto o seu corpo. Voltando elas, prepararam especiarias e unguentos; e no sábado repousaram, conforme o mandamento

Lucas 23, 50-56


sexta-feira, 29 de março de 2024

Sexta-Feira Santa: Morte de Jesus

Et inclinato capite, tradit spiritum - E inclinando a cabeça, rendeu o espírito” 
(Jo. 19, 30)

 Sumário - Contempla como, depois de três horas de agonia, pela veemência das dores, as forças faltam a Jesus; entrega o Corpo ao próprio peso, deixa cair a cabeça sobre o peito, abre a boca e expira... Alma cristã, diz-me: não merece porventura todo o nosso amor um Deus que, para nos salvar da morte eterna, quis morrer no meio dos mais atrozes tormentos? Todavia, como são poucos os que O amam e muitos os que, em vez de O amarem, Lhe pagam com injúrias e ultrajes.

I. Considera que o Nosso amável Redentor é chegado ao fim da Sua vida. Amortecem-se-Lhe os olhos, o Seu belo rosto empalidece, o Coração palpita debilmente, e todo o Sagrado Corpo é lentamente invadido pela morte. Vinde, Anjos do Céu, vinde assistir à morte do Vosso Deus. E Vós, ó Mãe dolorosa, Maria, chegai-Vos mais próxima à Cruz, levantai os olhos para Vosso Filho, e contemplai-O atentamente, porque está prestes a expirar.
Pater, in manus tuas commendo spiritum meum - Pai, em vossas mãos encomendo o meu espírito”. É esta a última palavra que Jesus profere com confiança filial e perfeita resignação com a Vontade divina. Foi como se dissesse: “Meu Pai, não tenho vontade própria; não quero nem viver nem morrer. Se é Vossa Vontade que Eu continue a padecer sobre a Cruz, eis-Me aqui, estou pronto para obedecer sobre esta Cruz; em Vossas mãos entrego o Meu Espírito; fazei de Mim segundo a Vossa vontade”. - Tomara que nós disséssemos o mesmo quando temos alguma Cruz, deixando-nos guiar pelo Senhor, conforme o Seu agrado. Tomara que o repetíssemos especialmente no momento da morte! Mas para bem o fazermos, então, devemos praticá-lo muitas vezes em nossa vida.
Entretanto, Jesus chama a Morte que, por deferência, não ousava aproximar-se do Autor da vida, e Lhe dá licença para Lhe tirar a vida. E eis que, finalmente, enquanto treme a Terra, se abrem os túmulos e se rasga o véu do Templo, eis que, pela veemência da dor natural, falha a respiração, Jesus abandona o Corpo ao próprio peso, deixa cair a cabeça sobre o peito, abre a boca e expira: “Et inclinato capite, tradidit spiritum” - Parti, ó bela Alma do Meu Salvador, parti e ide nos abrir o Paraíso, fechado até agora, ide apresentar-Vos à Majestade divina, e alcançai-nos o perdão e a salvação.
As pessoas presentes, voltadas para Jesus Cristo, por causa da força com que proferiu as Suas últimas palavras, contemplamo-No com atenção silenciosa, vêem-No expirar e, notando que não se move mais, dizem: “Morreu, morreu”. Maria ouve que todos o dizem, e Ela também exclama: “Ah, Filho meu, já morrestes; estais morto”.

II. Morreu! Ó Deus! Quem é que morreu? O Autor da vida, o Unigénito de Deus, o Senhor do mundo. Ó morte, que fizeste pasmar o Céu e a natureza! Um Deus morrer pelas Suas criaturas! - Vem, minh’alma, levanta os olhos e contempla esse Homem crucificado. Contempla o Cordeiro divino já imolado sobre o altar da dor; lembra-te de que Ele é o Filho dileto do Pai Eterno, e que morreu pelo amor que te tem dedicado. Vê esses braços abertos para te acolher; a cabeça inclinada para te dar o ósculo de paz; o lado aberto para te receber. Que dizes? Não merece ser amado um Deus tão bom e tão amoroso? Ouve o que do alto de Sua Cruz te diz o Senhor: “Meu filho, vê se há alguém no mundo que te tenha amado mais do que Eu, teu Deus!
Ah, meu Jesus, já que para minha salvação não poupaste a Vossa própria Pessoa, lançai sobre mim esse olhar afetuoso com que me olhastes um dia, quando estáveis em agonia sobre a Cruz; olhai-me, iluminai-me, e perdoai-me. Perdoai-me em particular a ingratidão que tive para com’Vosco no passado, pensando tão pouco na Vossa Paixão e no amor que Nela me haveis mostrado. Dou-Vos graças pela luz que me concedeis, de compreender através de Vossas Chagas e de Vossos membros dilacerados, como, por entre umas grades, o afecto tão grande e tão terno que ainda guardais para comigo.
Ai de mim, se depois de receber estas luzes deixasse de Vos amar, ou amasse outra coisa que não a Vós!
Morra eu, assim Vos direi com São Francisco de Assis, morra eu por amor de Vosso Amor, ó meu Jesus, que Vos dignastes morrer por amor de meu amor. Ó Coração aberto de meu Redentor, ó morada feliz das almas amantes de meu Redentor, não vos dedigneis receber agora a minha mísera alma.
Ó Maria, ó Mãe de dores, recomendai-me a Vosso Filho, a quem vedes morto sobre a Cruz. Vede as Suas carnes dilaceradas, vede o Seu Sangue divino derramado por mim, e concluí disto quanto Lhe agrada que Lhe recomendeis a minha salvação. A minha salvação consiste em que eu ame, e este amor Vós mo deveis impetrar, mas um amor grande, um amor eterno.

Santo Afonso Maria de Ligório


quinta-feira, 28 de março de 2024

A Quinta-Feira Santa em que o Rei São Fernando lavou os pés aos pobres

A Quaresma passou e chegou a Semana Santa. Naquele ano, o amor de Cristo inflamou o coração do santo Rei mais do que nunca. Às vezes, passava a noite inteira contemplando as dores que Nosso Senhor sofreu para nos redimir; dormia tão pouco que os seus nobres, preocupados, chegaram a dizer-lhe que deveria cuidar melhor de si mesmo e não pôr assim a sua saúde em perigo. Afinal, a sua última doença ainda era bastante recente.

O Rei deixou-os falar e, quando terminaram, respondeu com um sorriso: “Se eu não vigiasse, como é que vocês poderiam dormir com confiança?” E, assim, continuou as suas longas vigílias.

Chegou a Quinta-Feira da Última Ceia. Era costume, no palácio, dar diariamente as mesmas iguarias servidas na mesa real a todos os pobres que apareciam, e D. Fernando III, muitas vezes, servia a refeição pessoalmente e preparava os pratos. Isso foi feito com tanta alegria e graça que ele conquistou os seus corações. Mas naquela Quinta-Feira Santa, ao entrar na sala onde os pobres esperavam, chamou doze, um a um, os mais velhos e mais esfarrapados de todos, e fê-los sentar num comprido banco de madeira, que ficava junto à parede. Então, ordenou a um servo: “Gil, vá e traga-me uma tina com água morna e uma toalha, a mais limpa e branca que puder encontrar”.

O jovem foi buscar o que havia sido pedido, esforçando-se no caminho para tentar adivinhar o que o Rei queria. A mesma perplexidade foi vista nos rostos dos nobres. O que é que ele vai fazer? Fernando, entretanto, com um semblante alegre, conversava com os mendigos, que exageravam com grande detalhe os seus muitos sofrimentos.

Gil voltou com a tina e uma toalha branca e limpa. O Rei despiu o manto, o cinturão da espada e o sobretudo. Depois, levantou a sua túnica; enrolou as mangas até o cotovelo; pegou na toalha e colocou-a em volta da cintura. Então, pegou na bacia e ajoelhou-se diante do primeiro velho e começou a lavar, com as suas mãos reais, tão limpas e belas, aqueles pés repulsivos que talvez nunca tivessem visto outra água senão a das poças sujas da rua.

A acção do rei deixou a todos sem palavras e paralisados. Quando recuperaram, muitos deles tinham lágrimas de emoção nos olhos. Os pobres irromperam em bênçãos para o Rei mais humilde já conhecido pelo Cristianismo. Mas Fernando disse-lhes que o que realmente deveria surpreendê-los é que Deus lavou os nossos pecados com Seu Sangue. Isto disse com convicção do fundo do seu coração. Na verdade, ele mal parecia ciente do que estava a dizer ou de que estava no salão do palácio. 

Naquele momento, ele esqueceu que era o Rei; o mundo inteiro havia desaparecido; apenas permaneceu um Cenáculo onde o Seu Senhor e Rei Jesus Cristo se ajoelhou diante de doze pobres pecadores e lavou os seus pés; ele parecia ouvir as palavras daquele mandamento de amor humilde: “Exemplum dedit vobis, ut et vos ita faciatis.”

in nobility.org


quarta-feira, 27 de março de 2024

Quarta-Feira Santa: Judas Iscariotes trai Nosso Senhor

Vem cá, demónio, outra vez. Tu sábio? Tu astuto? Tu tentador? Vai-te daí, que não sabes tentar. Se tu querias que Cristo se ajoelhasse diante de ti, e souberas negociar, tu o renderas.

Vais-lhe oferecer a Cristo mundos? Oh! que ignorância! Se quando lhe davas um mundo, lhe tiraras uma alma, logo o tinhas de joelhos a teus pés. Assim aconteceu. Quando Judas estava na Ceia, já o diabo estava em Judas: Cum jam diabolus misisset in cor ut traderet eum Judas. – Vendo Cristo que o demónio lhe levava aquela alma, põe-se de joelhos aos pés de Judas, para lhos lavar, e para o converter. Senhor meu, reparai no que fazeis: não vedes que o demónio está assentado no coração de Judas? 

Não vedes que em Judas está revestido o demónio, e vós mesmo o dissestes: Unus ex vobis diabolus est? – Pois, será bem que Cristo esteja ajoelhado aos pés do demónio? Cristo ajoelhado aos pés de Judas, assombro é, pasmo é; mas Cristo ajoelhado, Cristo de joelhos diante do diabo? Sim. Quando lhe oferecia o mundo, não o pôde conseguir; tanto que lhe quis levar uma alma, logo o teve a seus pés. Para que acabemos de entender os homens cegos, que vale mais a alma de cada um de nós que todo um mundo.

As coisas estimam-se e avaliam-se pelo que custam. Que lhe custou a Cristo uma alma, e que lhe custou o mundo? O mundo custou-lhe uma palavra: Ipse dixit, et facta sunt - uma alma custou-lhe a vida, e o sangue todo. Pois, se o mundo custa uma só palavra de Deus, e a alma custa todo o sangue de Deus, julgai se vale mais uma alma que todo o mundo. Assim o julga Cristo, e assim o não pode deixar de confessar o mesmo demónio. E só nós somos tão baixos estimadores das nossas almas, que lhas vendemos pelo preço que vós sabeis. 

Pe. António Vieira in Sermão do Primeiro Domingo da Quaresma (1653
)

terça-feira, 26 de março de 2024

Ofício de Trevas

 

O Ofício de Trevas é a oração das Matinas e Laudes dos três dias do Tríduo Pascal. Chama-se ‘Trevas’ porque se canta durante a noite (anterior) e também para simbolizar a angústia da Paixão de Nosso Senhor. É utilizado o candelabro de 15 velas, sendo apagadas uma a uma depois de cada salmo ter sido rezado, até a igreja ficar completamente às escuras. É uma das cerimónias mais bonitas da Semana Santa.


segunda-feira, 25 de março de 2024

A importância Universal do dia 25 de Março

O dia da Anunciação do Anjo a Nossa Senhora - 25 de Março - é uma das festas mais antigas na Igreja. Segundo a Tradição, este dia 25 terá sido também o dia em que Jesus foi crucificado e morreu na Cruz: a Sexta-Feira Santa original. Por isso é o dia de São Dimas, o bom ladrão, a quem Jesus prometeu o Paraíso quando estavam na cruz. É ainda apontado como o dia da Criação do Mundo.

Em Florença, o próprio ano civil só mudava neste dia (e.g. 24/Mar/2021, 25/Mar/2022). Em Inglaterra, mesmo já sendo dominada pelos protestantes, era conhecido como "Lady Day". Foi este o dia escolhido por Tolkien, na sua obra "O Senhor dos Anéis", para a destruição do Anel e a consequente derrota de Sauron, que simboliza a derrota do mal.

Ave, Maria, gratia plena; Dominus tecum: benedicta tu in mulieribus.


28º Aniversário de SAR, O Senhor D. Afonso de Bragança, Príncipe da Beira

S.A.R. o Senhor D. Afonso de Santa Maria Miguel Gabriel Rafael de Bragança nasceu no dia 25 de Março de 1996 em Lisboa. É o filho mais velho dos Duques de Bragança. Como herdeiro de seu pai tem o título de Príncipe da Beira. D. Afonso, foi baptizado na Sé Catedral de Braga no dia 1 de Junho de 1996, numa cerimónia celebrada pelo Arcebispo de Braga, D. Eurico Dias Nogueira. Teve como padrinhos, D. Afonso de Herédia, irmão da Duquesa de Bragança e a Princesa Elena Sofia de Bourbon Duas-Sicilias. No dia seguinte, foi Consagrado à Senhora da Oliveira, na Igreja de Santa Maria da Oliveira, em Guimarães, cerimónia celebrada por Monsenhor José Pinto de Carvalho.

No ensino pré-universitário, o Princípe da Beira estudou na Escola St. Julian’s, no Colégio Planalto, em Lisboa, e na The Oratory School, uma escola pública católica em Inglaterra. Obteve uma licenciatura em Ciências Políticas e Relações Internacionais na Universidade Católica Portuguesa, e está a terminar o seu mestrado em Economia do Mar, na Universidade Nova de Lisboa.

No seu percurso, o Princípe da Beira ingressou nos Bombeiros Voluntários de Lisboa, tendo participado em algumas importantes acções no terreno (o Infante D. Afonso, Duque do Porto, foi Comandante Honorário da mesma brigada). Posteriormente, realizou um período de treino nas Forças Armadas Portuguesas, tendo passado por todos os ramos (Exército, Força Aérea e Marinha).

Em termos profissionais, D. Afonso realizou estágios na Câmara de Comércio Luso- Americana, na EDP e na Accenture. Actualmente, está a viver em Genebra e trabalha numa importante casa de gestão de activos, a Pury Pictet Turrenttini.

No dia 21 de Junho de 2014, O Princípe da Beira foi investido como Cavaleiro Grã-Cruz de Honra e Devoção na Ordem Soberana e Militar Hospitalária de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta. Posteriormente, em Julho de 2014, o Duque de Castro concedeu ao Princípe a Grã-Cruz de Justiça da Sacra e Militar Ordem Constantiniana de São Jorge.

No dia 9 de Novembro de 2014, S.A.R. o Senhor D. Afonso e S.A. a Senhora D. Maria Francisca foram admitidos como irmãos de Honra na Real Irmandade da Santa Cruz e Passos da Graça.

O Princípe da Beira é ainda Cavaleiro Grã-Cruz da Real Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e da Real Ordem do Arcanjo São Miguel, as duas ordens dinásticas da Casa Real Portuguesa.

Em consequência do prestígio que a Família Real tem em Timor, o Princípe D. Afonso foi nomeado Liurai honorário em Setembro de 2014. A cerimónia decorreu durante uma visita dos Duques de Bragança para participarem na segunda sessão do Senado da Associação Liurais (que representa os descendentes dos reis tribais da ilha).

O Príncípe da Beira é também o patrono do Prémio Príncipe da Beira. Este prémio científico para Ciências Biomédicas foi criado para ajudar, motivar e desenvolver jovens cientistas, com menos de 40 anos e a estudar biomedicina, com o vencedor a obter reconhecimento nacional e internacional e um prémio monetário.


Desejamos ao nosso Príncipe Real, Saúde, Paz, Harmonia e muito Amor com toda a Nossa Querida Família Real, no mais belo exemplo de União e Tradição.


 Que Deus o guie e ilumine naquela que desejamos seja uma longa vida cheia de sucesso.


VIVA SUA ALTEZA REAL DOM AFONSO, PRÍNCIPE REAL!

VIVA A FAMÍLIA REAL!

VIVA PORTUGAL!

domingo, 24 de março de 2024

Domingo de Ramos

 

Num dia como este, Jesus Cristo entrou em Jerusalém, onde foi recebido com honras de Rei e aclamado como O enviado por Deus. Mas o clima de festa não durou muito; 5 dias depois, essa multidão que tanto o louvara foi a mesma que gritou em uníssono: "Crucifica-O!" e que não descansou enquanto isso não aconteceu. Sobre este pequeno episódio diria o seguinte:

1. Não nos devemos preocupar com o que as pessoas pensam ou dizem de nós: num dia somos muito bons, no dia seguinte somos muito maus; para uns somos os melhores, para outros somos os piores. Apenas interessa o que Deus pensa de nós. Viver com essa consciência dá-nos uma grande liberdade. Foi assim que viveu Jesus.

2. As multidões podem ser manipuladas. Jesus foi recebido em festa e com pompa porque tinha feito bastantes milagres - alguns testemunhados por muitos dos presentes - e tinha ensinado como alguém com autoridade para o fazer, e não como os que ensinam uma coisa e fazem outra. Ainda assim, um pequeno grupo conseguiu influenciar essa multidão de maneira a que esquecesse o que sabia ser verdade e exigisse a maior injustiça do mundo: a morte de cruz a um homem que passou fazendo o bem.

3. Jesus aceita ser aclamado sabendo que uns dias mais tarde seria desprezado, insultado, agredido, açoitado, flagelado, crucificado e assassinado. Tudo aceitou sem se revoltar, com uma mansidão que faz corar a nossa revolta ao mínimo insulto ou correcção que nos fazem. Fez isso para nos salvar; e também para nos ensinar.

Santa Semana Santa a todos.


sábado, 23 de março de 2024

O diabo nas Câmaras

Alban Stolz, alemão, dizia em 1845: «Se fosse eu o diabo, e o povo me elegesse para deputado, só apresentaria às Câmaras uma proposta que atulharia o Inferno de clientes: Proporia a completa separação das escolas da Igreja.»
Em quantos deputados não está o demónio encarnado!...

«Voz de S. António: Revista Mensal Ilustrada», 2º Ano, Nº 15, Março de 1896


Fonte: Veritatis

sexta-feira, 22 de março de 2024

Via-Sacra ao Vivo 2024 em Ourém


A Vila Medieval de Ourém volta a acolher a Via-Sacra ao Vivo, evento que decorre na sexta-feira Santa, dia 29 de Março, pelas 15:00H. Esta recriação da Via-Sacra é encenada desde 1999 e é reconhecida como uma das melhores do país, trazendo todos os anos milhares de pessoas ao centro histórico de Ourém.

A Via-Sacra ao Vivo é dramatizada por cerca de 100 actores e figurantes locais que recriam as últimas passagens de Jesus Cristo, desde a sua entrada triunfal em Jerusalém até à sua crucificação, percorrendo as 14 estações da Via-Sacra. A procissão é enriquecida com orações e cânticos religiosos e enquadrada no cenário monumental deste centro histórico classificado como Monumento de Interesse Público.

Sendo a Via-Sacra um evento que atrai todos os anos um elevado número de pessoas, a Câmara Municipal de Ourém oferece um serviço de transferes gratuitos que transportam os interessados a partir do Centro Municipal de Exposições de Ourém e da localidade de Santo Amaro até ao Centro Histórico de Ourém, permitindo que todos possam assistir à tão reconhecida representação.

Este evento é uma organização do Município de Ourém, Paróquia de Nª Sr.ª das Misericórdias e Junta de Freguesia de Nª Sr.ª das Misericórdias e conta com as participações da Sociedade Filarmónica Ouriense, Pousada Conde de Ourém, Bombeiros Voluntários de Ourém, Forças de Segurança Pública, Agrupamento de Escuteiros das Misericórdias, entre outros parceiros.

A Via-Sacra ao Vivo está integrada na Semana Santa, iniciativa que decorre de 22 a 31 de Março, com um vasto programa cultural aliado às cerimónias religiosas promovidas pela Paróquia de Nª Sr.ª das Misericórdias.

O programa completo da Semana Santa está disponível aqui.


Fonte: Município de Ourém

quinta-feira, 21 de março de 2024

Concerto na Igreja da Rainha Santa Isabel pela Orquestra Clássica do Centro no dia 24 de Março pelas 17h

No próximo Domingo, dia 24 de Março, pelas 17h00, a Igreja da Rainha Santa Isabel, Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, em Coimbra, acolhe a Orquestra Clássica do Centro.

Neste Domingo de Ramos, dirigida pelo Maestro Sergio Alaponta Orquestra Clássica do Centro irá interpretar as seguintes peças:

Haydn / As sete últimas palavras de Cristo na cruz
- L'introduzione 
Caccini / Ave Maria 
Bach-Gounod / Ave Maria 
Vivaldi / Sinfonía "al Santo Sepolcro" RV 169 
Schubert / Ave Maria
Giuseppe Verdi - La vergine degli angeli 
Albinoni / Adagio 
J.S. Bach / Suite No. 3 in D Major, BWV 1068 - 
- II. Air 
W.A. Mozart  / Ave verum corpus 
W.A. Mozart / Exsultate jubilate 
- 1. Exsultate jubilate - Allegro
- 4. Alleluja -. Molto Allegro


 Actuará a Soprano Marina Pacheco!

Evoca-se o 412.º aniversário da 1.ª abertura do túmulo da Rainha Santa Isabel, ocorrido em 25 de Março de 1612, cujo resultado terá sido decisivo para a sua Canonização, decretada pelo Papa Urbano VIII em 25 de Maio de 1625.

A entrada é livre!

Venha ouvir a Soprano Marina Pacheco e a Orquestra Clássica do Centro na Igreja da Rainha Santa Isabel no próximo Domingo!

quarta-feira, 20 de março de 2024

Inauguração do Instituto Infante D. Afonso (Instituto de Odivelas)

O Instituto Infante D. Afonso, mais tarde denominado Instituto de Odivelas, foi oficialmente inaugurado a 14 de Janeiro de 1900, pelo Infante D. Afonso de Bragança, Duque do Porto, Condestável do Reino e irmão do Rei D. Carlos.

O rei presidiu à cerimónia onde estiveram presentes as Rainhas, D. Amélia e D. Maria Pia, o Infante D. Afonso e altas individualidades civis e militares, bem como os ministros da Guerra e da Marinha.

O acto oficial, com a assinatura do termo de inauguração, seguido de festa e de jantar, teve lugar num palácio que o Ministério do Reino alugou aos Condes de Moçâmedes, na Estrada da Luz, em Lisboa. Também ali, na chamada Casa da Luz, funcionou provisoriamente a escola, com 17 alunas, enquanto decorriam as obras de adaptação no edifício do antigo Mosteiro de Odivelas.


Fonte: A Monarquia Portuguesa

terça-feira, 19 de março de 2024

Dia de São José - Dia do Pai - Virtudes e dons de São José por Réginald Garrigou-Lagrange, O.P.

Brilham nele, sobretudo, as virtudes da vida oculta, em grau proporcionado ao da graça santificante: a virgindade, a humildade, a pobreza, a paciência, a prudência, a fidelidade ― que não pode ser quebrantada por nenhum perigo ― a simplicidade, a fé esclarecida pelos dons do Espírito Santo, a confiança em Deus e a mais perfeita caridade. Guardou o depósito que lhe foi confiado com uma fidelidade proporcionada ao preço desse tesouro inestimável. Cumpriu o preceito: Depositum custodi, guarda o que te foi confiado.

Sobre essas virtudes da vida oculta, Bossuet faz estas considerações gerais (30): 

“É um vício comum nos homens entregar-se inteiramente às coisas exteriores e desprezar o interior; trabalhar para as aparências e adornos e menosprezar o efectivo e o sólido; preocupar-se com fazer parecer e não com o que deve realmente ser. Por isso são estimadas as virtudes que envolvem negócios e ocupações e exigem o trato com a sociedade; ao contrário, as virtudes ocultas e interiores, que não levam em conta o público, onde tudo se passa entre Deus e a alma, não só não são praticadas, mas não são sequer compreendidas. E, não obstante, nesse segredo reside todo o mistério da virtude verdadeira... É preciso formar um homem em seu verdadeiro sentido antes de pensar que lugar ocupará entre os outros; e se não se trabalhar sobre essa base, todas as outras virtudes, por mais brilhantes que possam ser, não serão mais que virtudes de vã ostentação... elas não formam o homem segundo o coração de Deus. Ao contrário, José, homem simples, buscou a Deus; José, homem desprendido, encontrou a Deus; José, homem reservado, desfrutou de Deus”.

A humildade de José consolidou-se ao considerar a gratuidade de sua vocação excepcional. Ele deve ter dito a si mesmo muitas vezes: por que razão o Altíssimo me deu o Seu Filho Unigénito para custodiá-Lo, a mim, José, antes que a este ou àquele outro homem da Judeia, da Galileia, ou de outra região e de outro século? Foi unicamente o beneplácito de Deus, beneplácito que é por si mesmo a razão e o motivo pelo qual José foi livremente preferido, escolhido e predestinado desde toda a eternidade, antes deste ou daquele outro homem, a quem o Senhor poderia ter concedido os mesmos dons e a mesma fidelidade para prepará-lo para essa excepcional missão. Vemos nessa predestinação um reflexo fiel da gratuidade da predestinação de Cristo e de Maria.

O conhecimento do valor dessa graça e da sua gratuidade absoluta, longe de prejudicar a humildade de José, confirmou-a. Ele pensava no seu coração: “O que tens que não recebeste?”.

José aparece como o mais humilde de todos os santos depois de Maria; mais humilde que qualquer um dos anjos; e se é o mais humilde, é por isso mesmo o maior de todos, porque todas as virtudes estando conexas, a profundeza da humildade é proporcionada à elevação da sua caridade, como a raiz da árvore é tanto mais profunda quanto mais alta ela é: “Aquele dentre vós todos que é o menor”, disse Jesus, “este será o maior” (31).

Como nota ainda Bossuet: “Possuindo o maior dos tesouros por uma graça extraordinária do Pai Eterno, José, longe de vangloriar-se desses dons ou de revelar as suas vantagens, oculta-se o quanto pode dos olhos dos mortais, desfrutando pacificamente com Deus do mistério que lhe é revelado e das riquezas infinitas que o Altíssimo colocou a seu encargo” (32). “José tem em sua casa motivos para atrair todos os olhares da Terra, e o mundo não o conhece; possui um Deus Homem, e não diz nenhuma palavra; é testemunho de um mistério tão extraordinário, e o aprecia em segredo, sem o divulgar” (33).

A sua fé é inquebrantável, apesar da obscuridade do mistério inesperado. A palavra de Deus transmitida pelo anjo esclarece-lhe a concepção virginal do Salvador: José poderia ter hesitado em acreditar em algo tão extraordinário, mas acreditou firmemente com a simplicidade do seu coração. Por sua simplicidade e humildade, ele ascende às alturas de Deus.

A obscuridade não tarda em reaparecer: José era pobre antes de ter recebido o segredo do Altíssimo, mas tornou-se ainda mais pobre ― observa Bossuet ― quando Jesus veio ao mundo, porque Ele veio com Sua abnegação e desprendimento de tudo para unir-Se a Deus. Não há lugar para o Salvador no último dos albergues de Belém. José deve ter sofrido ao ver que não tinha nada para oferecer a Maria e a seu Filho.

A sua confiança em Deus manifestou-se nas provações, pois a perseguição começou logo após o nascimento de Jesus. Herodes pretendia matá-Lo. O chefe da Sagrada Família devia esconder Nosso Senhor, partir para um país distante, onde ninguém o conhecia e onde não sabia como poderia ganhar a vida. Partiu, colocando toda a sua confiança na Providência.

O seu amor a Deus e às almas não cessa de crescer na vida oculta de Nazaré, pela influência constante do Verbo feito carne, o foco de graças sempre novas e sempre mais elevadas para as almas dóceis, que colocam toda a sua confiança em Deus e não põem nenhum obstáculo às graças que Ele lhes quer dar. 

Dissemos antes, a propósito do progresso espiritual em Maria, que a ascensão dessas almas é uniformemente acelerada, quer dizer, que se dirigem tanto mais rapidamente para Deus quanto mais se aproximam d’Ele e Deus as atrai mais a Si. Essa lei da gravitação espiritual das almas realizou-se exactamente em José; a caridade não parou de aumentar nele, sempre mais prontamente até à sua morte; o progresso de seus últimos anos foi mais acelerado que o dos primeiros anos, porque encontrando-se mais perto de Deus, era mais fortemente atraído por Ele.

Com as virtudes teologais, cresceram também incessantemente nele os sete dons do Espírito Santo, que são conexos com a caridade. Os dons de inteligência e de sabedoria tornavam a sua fé viva cada vez mais penetrante e deleitável. Com fórmulas extremamente simples, mas muito elevadas, a sua contemplação dirigia-se à infinita bondade do Altíssimo. Essa foi, na sua simplicidade, a contemplação sobrenatural mais sublime depois da de Maria.

Essa contemplação amorosa lhe era muito doce, mas exigia a mais perfeita abnegação e o mais doloroso dos sacrifícios, quando recordava as palavras do velho Simeão: “Este menino será um sinal de contradição”, e as dirigidas a Maria: “Uma espada de dor transpassará a tua alma”. A aceitação do mistério da Redenção por meio do sofrimento apareceu para José como a consumação dolorosa do mistério da Encarnação, e ele necessitava de toda a generosidade do seu amor para oferecer a Deus, no sacrifício supremo, o Menino Jesus e a sua Santíssima Mãe, a quem amava infinitamente mais do que a sua própria vida.

A morte de São José foi uma morte privilegiada; assim como a da Santíssima Virgem, foi ― disse São Francisco de Sales ― uma morte de amor (34). O santo admite também, com Suárez, que José estava entre os santos que, segundo São Mateus (35), ressuscitaram após a Ressurreição de Nosso Senhor e manifestaram-se na cidade de Jerusalém; ele argumenta que essas ressurreições foram definitivas e que José entrou no Céu em corpo e alma. Santo Tomás é muito mais reservado sobre esse ponto: depois de ter admitido que as ressurreições que se seguiram à de Jesus foram definitivas (36), mais tarde, examinando as razões contrárias aduzidas por Santo Agostinho, concluiu que estas são muito mais sólidas (37).

Padre Réginald Garrigou-Lagrange, O.P. in 'A predestinação de São José e sua eminente santidade'

Notas:
30. Segundo panegírico de São José, exórdio.
31. Lc 9, 48.
32. Primeiro panegírico de São José, exórdio.
33. Segundo panegírico de São José, ponto terceiro.
34. Tratado do Amor de Deus, 1. VII, c. XIII.
35. Mt 27, 52 ss.
36. IV Sent. 1. IV, dist 42, q. 1, a. 3
37. Cf. IIIª, q. 53, a. 3, ad 2.

Fonte: Senza Pagare

segunda-feira, 18 de março de 2024

Cientistas contra a narrativa climática

 

Há muitos académicos que defendem que estamos imersos numa crise climática acelerada pela acção do Homem, especialmente devido às emissões de gases de efeito estufa. Esta “teoria” foi abraçada pelos governos de praticamente todos os países que, ao financiar estudos e projectos que a corroboram, acabaram por introduzir um enorme viés na “ciência do clima”.

Fundamentados nessa “ciência”, os governos de muitos países celebraram protocolos e tratados com o objectivo de reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa.

Se muitos académicos, atraídos pelos fundos colocados à sua disposição para corroborar a “ciência estabelecida do clima”, produziram papers, procuraram evidências, desenvolveram modelos, monitoraram satélites, balões e bóias para justificar as verbas que recebem, muitos outros questionam a dita “teoria” que assenta em pressupostos infundados e tira conclusões erróneas.

De facto, há cientistas que consideram desnecessário reduzir os gases de efeito estufa e que os factores determinantes do clima são outros, principalmente de índole astronómica, não tendo o Homem um papel predominante.

Deste modo, já cerca de 1900 cientistas de todo o mundo se uniram sob o tema “Não há emergência climática” para preparar uma “mensagem urgente” (manifesto) em que afirmam que a ciência climática devia ser menos política e que as políticas climáticas deviam ser mais científicas.

Os signatários referem que o arquivo geológico revela que o clima na Terra tem tido períodos frios e quentes, sendo o período de 1300 a 1850 conhecido como a Pequena Idade do Gelo. Não surpreende pois que agora se tenha entrado num período mais quente.

Como as emissões de dióxido de carbono (CO2) são as principais visadas na narrativa climática, os signatários lembram que o CO2 é “a base de toda a vida na Terra” e que, ao invés de ser considerado um poluente, devia ser celebrado como nutriente das plantas:

“Mais CO2 é benéfico para a natureza e torna a Terra mais verde: mais CO2 no ar promoveu o crescimento da biomassa vegetal global e também é bom para a agricultura, aumentando o rendimento das culturas em todo o mundo”.

Sublinham ainda que os desastres naturais não estão a ser mais frequentes e intensos devido ao aquecimento global (não há provas estatísticas) e que as medidas de redução do CO2 são prejudiciais e saem caras.

O manifesto termina dizendo que não há emergência climática e, portanto, não há razão para pânico ou alarme:

“Opomo-nos firmemente à política prejudicial e irrealista das emissões líquidas zero de CO2 proposta para 2050. Se surgirem abordagens melhores, e elas certamente surgirão, temos tempo suficiente para refletir e reajustar. O objectivo político global deve ser a prosperidade para todos, fornecendo energia fiável e acessível em todos os momentos. Numa sociedade próspera, homens e mulheres são bem educados, as taxas de natalidade são baixas e as pessoas preocupam-se com o seu ambiente.”

Henrique Sousa

Fonte: Inconveniente

domingo, 17 de março de 2024

Março é o mês dedicado a São José


O exemplo de Jesus Cristo, que nesta Terra quis honrar tão grandemente a São José, era bastante para inspirar a todos uma grande devoção a este preclaro Santo. Desde que o Pai Eterno designou São José para fazer as suas vezes juntos de Jesus, Jesus sempre o considerou e o respeitou como pai, obedecendo-lhe pelo espaço de vinte e cinco ou trinta anos: Et erat subditus illis(1) — E estava-lhes sujeito. O que quer dizer que em toda aquela série de anos a única ocupação do Redentor foi obedecer a Maria e a José.

A José competia em todo aquele tempo exercer o ofício de governar, como cabeça que era da pequena família; a Jesus, como súbdito, o ofício de obedecer. De sorte que Jesus não dava um passo, não praticava coisa alguma, não tomava alimento, não ia repousar, senão segundo as ordens de São José. Punha a mais atenciosa diligência em escutar e executar tudo o que lhe era imposto. — “O meu Filho”, assim revelou o Senhor a Santa Brígida, “era tão obediente, que quando José dizia: Faze isto, ou faze aquilo, logo o executava.” E acrescenta que em Nazaré “Jesus muitas vezes preparava a comida, buscava água, lavava as vasilhas e varria a casa”.

Esta humilde obediência de Jesus ensina-nos que a dignidade de São José é superior à de todos os Santos, excepção feita da divina Mãe. Pelo que um douto autor escreve com razão: “É justíssimo que seja muito honrado pelos homens aquele que de tal maneira foi elevado pelo Rei dos reis.” (2) — O próprio Jesus recomendou a Santa Margarida de Cortona que fosse particularmente devota de São José, por ser ele quem o alimentou durante a sua vida: “Eu quero”, disse-lhe (e imaginemos que nos diz o mesmo), “que cada dia pratiques algum obséquio especial a meu amantíssimo pai nutrício, São José.

Para compreendermos as grandes mercês que São José faz aos seus devotos, basta referir o que a este respeito diz Santa Teresa:

“Não me lembro (é a Santa quem fala) de lhe ter pedido alguma coisa sem que ma tenha obtido. Causaria assombro se eu enumerasse todas as graças que o Senhor me concedeu por intermédio deste Santo, e todos os perigos, tanto para o corpo como para a alma, dos quais me livrou. Aos demais Santos parece que o Senhor lhes deu o serem protectores numa só necessidade particular; a experiência, porém, faz ver que São José é protector universal. Parece que Jesus nos quer dar a entender que, assim como ele na Terra se submeteu voluntariamente a São José, também no Céu faz tudo que o Santo lhe pede. O mesmo experimentaram também outras pessoas, às quais aconselhei que se lhe recomendassem.

“Quisera persuadir a todos (continua a Santa) a serem devotos deste Santo, pela experiência adquirida dos grandes favores que ele obtém de Deus. Não conheço pessoa que honrando-o de uma maneira particular, não se visse progredir muito na virtude. Desde há muitos anos lhe peço, no dia da sua festa, uma graça especial e sempre a tenho conseguido. A quem não me quiser crer, peço pelo amor de Deus que faça a experiência.”

Tomemos São José por nosso especial protector e poderoso intercessor, e não deixemos de nos recomendar-lhe cada dia e várias vezes por dia. Multipliquemos as nossas orações nestes dias de sua festa, pratiquemos em sua honra alguma mortificação e digamos muitas vezes:

† “Lembrai-vos, ó puríssimo Esposo de Maria Virgem, ó doce Protector meu São José, que jamais se ouviu dizer que alguém tivesse invocado a vossa protecção, e implorado o vosso socorro, e não fosse por vós consolado. Com esta confiança, venho à vossa presença, a vós fervorosamente me recomendo. Ah! Não desprezeis a minha súplica, pai putativo do Redentor, mas dignai-vos de a acolher piedosamente. Assim seja.” (3) 

(1) Luc. 2, 51;
(2) Card. Camer;
(3) Indulgência de 300 dias.

Santo Afonso Maria de Ligório in 'Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano' - Tomo II

sexta-feira, 15 de março de 2024

Crítica XXI - NÚMERO 6 - INVERNO 2024

Este número 6 de Crítica XXI abre com um artigo de Jaime Nogueira Pinto, “A Direita e as Direitas – A Direita Revolucionária” que, continuando a série sobre a conceptualização das direitas, trata das origens francesas da direita revolucionária, com o populismo no fim do século XIX; e depois se detém nas fundações do primeiro fascismo mussoliniano.

Em “Do intelectual militante ao militante intelectual”, Alexandre Franco de Sá analisa estas “figuras”, detendo-se nas obras e na experiência de autores activistas como Gramsci, Lukács, Sartre; passa depois ao papel dos académicos contemporâneos na esfera universitária anglo-saxónica e ao seu reflexo contraditório  entre uma bela imagem (rebelde) de si mesmos e a imposição dos dogmas do pensamento correcto a que se dedicam.

Léo Strauss, um dos muitos judeus alemães emigrado para os Estados Unidos, é um pensador determinante do conservadorismo contemporâneo. Em “50 anos da morte de Léo Strauss”, Tomás Cruz evoca o pensador crítico de Maquiavel e Hobbes, lembrando a sua análise singular da modernidade maquiavélica, como ruptura com o pensamento dos clássicos.

Carlos Maria Bobone, editor da Crítica XXI, faz em “Linhas Vermelhas” uma história breve deste conceito; é, na conjuntura pré-eleitoral, um texto muito oportuno em termos de avaliação de alianças e estratégias.

João Pedro Marques, que tem estado presente na resposta às fábulas e caricaturas progressivas da História portuguesa, vem, em “Portugal e a questão do trabalho forçado nas regiões tropicais”, fazer a rectificação às acusações de prática de trabalho forçado no Império africano português.

André Abranches em “Da interpretação dos grandes livros” aconselha os leitores dos Clássicos a lê-los directamente, no próprio texto, sem mediadores. Mas, a propósito de interpretações, relata uma polémica Leo-Strauss- Alexandre Kojève, dois autores contemporâneos que nos ajudam na leitura crítica dos Antigos.

Prosseguindo com os seus textos sobre o Liberalismo em Portugal, Rui Ramos, no seu artigo “A Guerra Civil como Guerra Religiosa”, explica a importância do factor religioso na divisão entre liberais e miguelistas que levou à mais dura das guerras civis em Portugal. Na visão diferente e oposta de religião esteve a mais profunda, por irreconciliável, causa da guerra.

Duarte Branquinho ouviu em entrevista Jean-Yves Gallou, um representante da “Nova Direita” identitária francesa, que se tem dedicado no espaço público à acção político-cultural, uma acção que tem dado frutos políticos constantes e crescentes.

Passando às Notas Críticas, Luís Alvim faz a recensão do polémico livro de Nuno Palma, As causas do atraso português. O autor foi objecto de grandes ataques da Esquerda, especialmente por fazer justiça ao Estado Novo, em matéria de alfabetização e de desenvolvimento económico, Mas a razão das razões do atraso, teria a ver com o absolutismo pombalino, suspendendo a representação popular e criando monopólios. O ouro do Brasil e os fundos europeus acrescentaram à letargia nacional.

Outra recensão é de Jaime Nogueira Pinto ao último livro de Emmanuel Todd, o autor francês que, em 1976, previu o “fim da União Soviética”, 25 anos depois. O pior é que, desta vez, com factos e argumentos fortes de suporte, Todd fala da “Derrota do Ocidente”.

Vasco Cordovil Cardoso leu The Case Against the Sexual Revolution – A new guide to sex in the 21st century, como o testemunho de alguém que conheceu e viveu de boa-fé a referida revolução. E que fez a respectiva autocrítica.

Miguel Morgado é um académico da área do pensamento político, da Filosofia e da Ciência Política. Desta vez entrou numa área fronteiriça – a Geopolítica. Lívia Franco faz a recensão crítica dessa incursão, em Uma Genealogia da Geopolítica Europeia

DIRECÇÃO JAIME NOGUEIRA PINTO E RUI RAMOS


Fonte: Crítica XXI