domingo, 17 de março de 2024

Março é o mês dedicado a São José


O exemplo de Jesus Cristo, que nesta Terra quis honrar tão grandemente a São José, era bastante para inspirar a todos uma grande devoção a este preclaro Santo. Desde que o Pai Eterno designou São José para fazer as suas vezes juntos de Jesus, Jesus sempre o considerou e o respeitou como pai, obedecendo-lhe pelo espaço de vinte e cinco ou trinta anos: Et erat subditus illis(1) — E estava-lhes sujeito. O que quer dizer que em toda aquela série de anos a única ocupação do Redentor foi obedecer a Maria e a José.

A José competia em todo aquele tempo exercer o ofício de governar, como cabeça que era da pequena família; a Jesus, como súbdito, o ofício de obedecer. De sorte que Jesus não dava um passo, não praticava coisa alguma, não tomava alimento, não ia repousar, senão segundo as ordens de São José. Punha a mais atenciosa diligência em escutar e executar tudo o que lhe era imposto. — “O meu Filho”, assim revelou o Senhor a Santa Brígida, “era tão obediente, que quando José dizia: Faze isto, ou faze aquilo, logo o executava.” E acrescenta que em Nazaré “Jesus muitas vezes preparava a comida, buscava água, lavava as vasilhas e varria a casa”.

Esta humilde obediência de Jesus ensina-nos que a dignidade de São José é superior à de todos os Santos, excepção feita da divina Mãe. Pelo que um douto autor escreve com razão: “É justíssimo que seja muito honrado pelos homens aquele que de tal maneira foi elevado pelo Rei dos reis.” (2) — O próprio Jesus recomendou a Santa Margarida de Cortona que fosse particularmente devota de São José, por ser ele quem o alimentou durante a sua vida: “Eu quero”, disse-lhe (e imaginemos que nos diz o mesmo), “que cada dia pratiques algum obséquio especial a meu amantíssimo pai nutrício, São José.

Para compreendermos as grandes mercês que São José faz aos seus devotos, basta referir o que a este respeito diz Santa Teresa:

“Não me lembro (é a Santa quem fala) de lhe ter pedido alguma coisa sem que ma tenha obtido. Causaria assombro se eu enumerasse todas as graças que o Senhor me concedeu por intermédio deste Santo, e todos os perigos, tanto para o corpo como para a alma, dos quais me livrou. Aos demais Santos parece que o Senhor lhes deu o serem protectores numa só necessidade particular; a experiência, porém, faz ver que São José é protector universal. Parece que Jesus nos quer dar a entender que, assim como ele na Terra se submeteu voluntariamente a São José, também no Céu faz tudo que o Santo lhe pede. O mesmo experimentaram também outras pessoas, às quais aconselhei que se lhe recomendassem.

“Quisera persuadir a todos (continua a Santa) a serem devotos deste Santo, pela experiência adquirida dos grandes favores que ele obtém de Deus. Não conheço pessoa que honrando-o de uma maneira particular, não se visse progredir muito na virtude. Desde há muitos anos lhe peço, no dia da sua festa, uma graça especial e sempre a tenho conseguido. A quem não me quiser crer, peço pelo amor de Deus que faça a experiência.”

Tomemos São José por nosso especial protector e poderoso intercessor, e não deixemos de nos recomendar-lhe cada dia e várias vezes por dia. Multipliquemos as nossas orações nestes dias de sua festa, pratiquemos em sua honra alguma mortificação e digamos muitas vezes:

† “Lembrai-vos, ó puríssimo Esposo de Maria Virgem, ó doce Protector meu São José, que jamais se ouviu dizer que alguém tivesse invocado a vossa protecção, e implorado o vosso socorro, e não fosse por vós consolado. Com esta confiança, venho à vossa presença, a vós fervorosamente me recomendo. Ah! Não desprezeis a minha súplica, pai putativo do Redentor, mas dignai-vos de a acolher piedosamente. Assim seja.” (3) 

(1) Luc. 2, 51;
(2) Card. Camer;
(3) Indulgência de 300 dias.

Santo Afonso Maria de Ligório in 'Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano' - Tomo II

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