O bolo-rei é, efectivamente, o rei dos bolos. Daí o nome, merecidíssimo. E do maior incómodo, após 5 de Outubro de 1910, quando se tornou politicamente incorrecto. Logo os revolucionários perceberam que era necessário crismá-lo, perdão, registá-lo.
Portugal tinha de ser revolvido e espanejado, desprovido de qualquer alusão à Monarquia deposta. Os pasteleiros temeram pelo negócio. As revoluções podem mudar tudo menos o paladar e a gulodice. Que fazer? Ainda por cima, o bolo-rei era vendido no Dia dos Reis e a tradicional fava garantia o «trono» até ao ano seguinte a quem ela coubesse em sorte.
A maioria dos pasteleiros resolveu que o bolo-rei passaria à clandestinidade. Com um nome falso: "bolo de Natal", "bolo do Ano Novo" e, até, "bolo Nacional".
Assim sobreviveu o bolo-rei, disfarçado - se calhar, sem fava nem brinde -até que o povo, não aguentando mais as saudades,o trouxe de novo para a luz do dia.
Sem, é claro, alguém se lembrar jamais da peregrina ideia de lhe chamar «bolo-Presidente».
P.S. A génese e história do licor acima exposto decorre, toda ela, após 1910.
João Afonso Machado
Fonte: Centenário da República
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