A "entre" pífia e chocarreira campanha presidencial, deu hoje mais alguns exemplos daquilo que é a república portuguesa. Enquanto a conhecida safardanice do sr. Cavaco Silva desancava o seu putativo principal oponente, chamando-lhe ignorante quanto a tudo e mais alguma coisa, o sr. Coelho da Madeira, decidiu-se pelo fim das falinhas mansas. Nada mais nada menos, malha na Justiça e diz a alto e bom som lutar pela Revolução Francesa - olá, senhora guilhotina - e que é necessário o regresso do Marquês de Pombal, possibilitando-se assim, uma reforma da ceguinha da balança. Em suma, se tivermos Coelho em Belém, podemos desde já contar com um incêndio na Trafaria, um baixar da omnipotente mão nos cofres do erário público, a liquidação daquilo que resta do ensino, com uma apropriação de terrenos para distribuir pela família e sobretudo, com o erguer de forcas, muitas forcas.
Para aqueles que ficarão famosos no futuro, está desde já reservado um certo espaço ermo, situado mesmo ao lado da estação fluvial de Belém. Qualquer atrevido escolho aos desígnios do sr. Coelho, para ali será arrastado, a ainda carcaça viva colocada sobre aspas para se lhe quebrarem as canas das pernas, esmagados os ossos do tronco, desconjuntadas as articulações e finalmente, queimados em roda os despojos e atiradas as cinzas ao Tejo.
Com um bocadinho de sorte, ainda assistiremos a uma ressurreição de mortos. Como deve estar contente a malta do Afonso Costa! Há coisas que não mudam.
Nuno Castelo-Branco
Fonte: Centenário da República
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