quarta-feira, 18 de julho de 2012

Bênção do Gado 2012 - Riachos


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A Festa da Bênção do Gado retoma uma tradição rural cuja origem se perde na memória do tempo e revela a marca identificadora desta terra e destas gentes. No princípio do século XX esta festa ainda se realizava todos os anos, em honra de S. Silvestre, patrono dos campos e dos animais, tendo perdido a sua regularidade e passado a realizar-se apenas em ocasiões de excepção, para celebrar momentos altos da terra ou quando se juntavam vontades e oportunidades (1937, 1953, 1966, 1973, 1985 e 1993). A partir de 1966, a Festa da Bênção do Gado passa a integrar também a celebração do antiquíssimo culto do Senhor Jesus dos Lavradores, cuja Imagem, segundo a lenda, foi encontrada na Idade Média por um grupo de lavradores que andava a lavrar a terra com bois, os quais ajoelhavam no local onde estava enterrada. Esta Imagem encontra-se na Igreja de Santiago em Torres Novas de onde apenas sai por ocasião da Festa, sob a responsabilidade da Irmandade do Menino Deus. A Imagem é transportada para Riachos, onde é recebida por milhares de pessoas e levada em procissão para a Igreja de Santo António. Esta Irmandade, assim chamada por possuir uma imagem do Menino Deus, é constituída por 10 irmãos, que a tradição considera herdeiros dos achadores da imagem do Senhor Jesus, entre os quais se divide a sua guarda, ficando a mesma durante um ano em casa de cada um. Durante largos anos a Sociedade dos Cingeleiros, entidade de características mutualistas de apoio aos agricultores riachenses criadores de gado, foi a principal entidade responsável pelos festejos, mas a partir do ano 2000, com a criação da Bênção do Gado Associação Cultural, a Festa ganha uma periodicidade certa (de 4 em 4 anos), tendo-se realizado em 2000, 2004 e 2008. Entretanto, a Festa da Bênção do Gado evoluiu de uma festa de aldeia para uma das maiores e mais características festas da região, com um programa muito diversificado e em que o povo tem um papel fundamental na sua organização e realização. O ponto mais alto da Festa é o Cortejo da Bênção do Gado, que tem características essencialmente etnográficas e conta com a participação da população e em especial dos agricultores riachenses, que desfilam com os seus carros alegóricos e recebem a bênção divina. A arte do povo manifesta-se em várias actividades, mas especialmente no embelezamento das ruas, com destaque para os motivos rurais. Esta é uma Festa feita pelo povo e para o povo, que respeita as suas tradições e as suas raízes rurais.

Procissão do Senhor Jesus dos Lavradores.

                                   
Um dos mais importantes momentos da Festa é a vinda desta imagem no último fim-de-semana da Festa, da Igreja de Santiago para Riachos. A integração desta imagem e da procissão do Senhor Jesus dos Lavradores verificou-se a partir de 1966. A imagem, que se encontra à guarda da Misericórdia de Torres Novas, vem na Sexta feira dia 25 numa carrinha até à entrada da povoação de Riachos (Rotunda dos Bois) e aí passa para um carro de bois que a leva até à Igreja de Santo António onde fica durante todo o fim de semana. A procissão do Senhor Jesus é um dos aspectos mais interessantes da Festa e atrai milhares de pessoas às ruas de Riachos. No Domingo, dia 27, o carro de bois que transportou a Imagem será integrado no Cortejo da Bênção do Gado, mas sem a Imagem. A Imagem do Senhor Jesus regressa de novo à Igreja de Santiago em Torres Novas na Segunda feira, dia 28 de Julho.

Procissão do Menino Deus

Ainda de acordo com a lenda, na altura em que a imagem do Senhor Jesus dos Lavradores teve que ser depositada na Igreja de Santiago em Torres Novas, por ao tempo não existir igreja em Riachos, os agricultores riachenses criaram uma imagem pequena em madeira que designaram como Menino Deus e que substitui a outra. A imagem do Menino Deus fica durante um ano em casa de cada um dos dez irmãos, que constituem a Irmandade do Menino Deus, e que representam no fundo os herdeiros dos boieiros que descobriram a Imagem do Senhor Jesus. Todos os anos no dia do Corpo de Deus realiza-se a procissão do Menino Deus, em que a imagem sai da casa onde esteve durante todo o ano e é levada em procissão à igreja e depois transportada para casa de um outro membro da Irmandade, onde ficará mais um ano. Nesta Quinta-feira será realizada a procissão do Menino Deus em que será transportada aquela imagem de casa do irmão que a possui para a igreja onde ficará em exposição até ao dia 28 de Julho.

Cortejo da Bênção do Gado

O grandioso Cortejo da Bênção do Gado é o momento mais alto da Festa. A criatividade dos participantes com os seus carros alegóricos versando as culturas de outrora, as sementeiras, os frutos da terra, os trabalhos, as artes e ofícios ligados à vida rural, é revelada neste Cortejo. A bênção, conferida pelo pároco local em frente à igreja, é uma cerimónia solene e recatada, plena de significado religioso. À passagem perante a igreja de Santo António, os agricultores e outros participantes recebem a bênção, bem como o gado, os carros alegóricos e os instrumentos de trabalho. O Cortejo passa pelo Largo da Igreja Velha - verdadeiro e eterno centro cívico de Riachos - onde é alvo de todas as atenções. Participam no Cortejo todas as casas agrícolas de Riachos, bem como as colectividades, inúmeras entidades e instituições do concelho. O Cortejo representa as características rurais da população, a sua memória colectiva e o seu poder criativo e mobilizador e também as suas potencialidades. É sem dúvida um acontecimento ímpar, de características únicas em toda a região do Ribatejo. É a imagem de marca da Festa.

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