O Rei está ao serviço da Nação e não reclama da dificuldade de ler o Povo, pois, dispõe-se a tal. O Monarca indaga cada camada da população, aprende na sua verdade, e através de uma atitude racional chega ao que acredita será o reflexo da vontade do Povo. Essa é uma tarefa infinda e a preparação começa com a educação do herdeiro presuntivo da Coroa, não é uma realidade que se pode apreender de um momento para o outro.
Para conhecer o Povo é necessária presença, dirigir-se à própria matéria, face a face, acompanhá-la, permitir a espontaneidade, sair da confortável área da preguiça espiritual, para conhecer a «substância», e ouvindo as pretensões mais exageradas e os anelos mais essenciais, filtrar, chocar esses anseios e formar em consciência o que será o corpo do bem comum.
Na nossa sociedade contemporânea, tão igualada, já não existe possibilidade para Chefes de Estado de trato enfatuado, e em Portugal monarcas assim não houve: os nossos reis mantinham uma relação directa com o povo, e sentiam prazer em estar entre gente comum e quando abordados por qualquer pessoa do povo, entabulavam familiarmente uma conversa, até porquê os príncipes eram educados pelos seus doutos preceptores precisamente para isso. D. Aleixo de Menezes acautelava El-Rei Dom Sebastião: “o excesso de afabilidade, senhor, não compromete a autoridade do príncipe…».
Como escreveu o colossal Eça de Queiroz no panegírico “A Rainha”: «No tempo dos nossos velhos reis, ao contrário, todos os educadores de príncipes lhes ensinavam o alto dever real de comunicar docemente com o povo.»
Miguel Villas-Boas
Fonte: Plataforma de Cidadania Monárquica
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