sexta-feira, 31 de maio de 2019

Chega de palermice: Dom João VI não foi um cobarde, foi "o único homem que enganou" Napoleão

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Se a ideia de uma fuga parece ter sido impugnada, impõe-se-nos que esclareçamos outro erro de interpretação inserto na obra “Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil”. Trata-se do suposto “abandono” do exército português pelo Príncipe Regente e do vazio deixado pela partida da família real. Dom João deixou o exército e nomeou um Conselho de Regência, embora sabendo qual seria o comportamento dos franceses. Neste particular, Dom João queria aplacar os franceses, evitando que estes cometessem excessos, mas não alimentava quaisquer esperanças a respeito das intenções dos invasores.

Em Julho de 1807, Tilsit fechara o Báltico ao comércio britânico. Napoleão lançou então as vistas para a Península Ibérica. Em Novembro, o exército franco‑espanhol passou a fronteira portuguesa e avançou sobre o Porto e Lisboa, invocando defender a soberania e os interesses portugueses, ameaçados pelos britânicos pela adesão do Príncipe Regente ao Bloqueio Continental. O avanço francês não encontrou oposição. Contudo, o Príncipe Regente, não obstante aconselhar às populações e autoridades que recebessem os intrusos como amigos, preferiu retirar-se para o Brasil – ideia antiga de dois séculos – deixando o poder nas mãos de um Conselho de Regência. O General-em-Chefe, Junot, chegava a Lisboa no preciso momento em que ainda era visível, afastando-se no horizonte, a esquadra luso-britânica que levava em êxodo para o Atlântico Sul a corte e o Estado.

Os primeiros decretos assinados pelo Conselho da Regência, deixavam supor que as instituições continuariam a exercer funções correntes. Porém, em inícios de Fevereiro de 1808, Junot decretava que doravante Portugal passava a ser administrado pelo General-em-Chefe do Exército francês, suprimindo o Conselho de Regência, substituído por um Conselho de Governo. De imediato, vindo de Paris, um decreto imperial – prontamente publicado no Moniteur – proclamava solenemente que, preocupado com a felicidade futura de Portugal, Napoleão colocava a nação sob a sua «omnipotente protecção», retirando ipso facto ao Príncipe Regente «todos os direitos à soberania deste reino», pelo que «a Casa de Bragança [acabava] de reinar em Portugal».

Poucos dias após a ocupação da capital, haviam-se registado os primeiros indícios de agastamento, quando a bandeira portuguesa fora substituída pelo pavilhão francês no ponto cimeiro do castelo de S. Jorge. Agora, perante os decretos, tornava-se claro que Portugal passara a Estado vassalo e, nessa condição, esperava Portugal que o imperador, como era prática, indicasse de entre a sua parentela ou de entre os seus generais alguém para o trono português. Graças à acção do conde da Ega, figura relevante da facção francesa, foi constituída uma deputação a enviar a Baiona, onde o imperador se instalara para tratar dos assuntos peninsulares. Cabia à missão pedir ao imperador que «tomasse a nação portuguesa debaixo da sua poderosa protecção, que a regenerasse, que nos desse a Constituição e o soberano que a sua alta compreensão julgasse mais adequado à nossa felicidade (…)». O anúncio da partida da delegação coincidiu com anúncio de uma reorganização profunda do exército português, o que escondia outros propósitos; a saber, a extinção do exército de linha e sua conversão numa legião de tropas portuguesas ao serviço da grande Armée napoleónica como, aliás, se veio a realizar.

Miguel Castelo-Branco

terça-feira, 28 de maio de 2019

A quimera da Democracia


Pio XII, de saudosa memória, falou na Mensagem Natalícia, de 1944, transmitida por via radiofónica, sobre as qualidades que deveria ter a democracia para ser cristã. Eram tantos os requisitos exigidos pelo Pontífice que, tida por muitos a célebre Radiomensagem como uma apologia da democracia, na realidade bem mais parece ser a condenação total e definitiva desse regime, por nunca poder vir a ser cristão. Uma das exigências do Pontífice era a sujeição da democracia a uma lei superior, à lei de Deus. Caso contrário seria um regime «totalitário», na acepção condenável do termo.
Sujeitar-se a democracia a uma lei superior, transcendente, à lei de Deus... mas como se a democracia se sujeita a votos e os votos estão sujeitos à vontade soberana do cidadão?

Luís de Sena Esteves in revista «Política», Julho de 1972


Fonte: Veritatis

segunda-feira, 27 de maio de 2019

O que andamos a fazer na Europa?



Fujamos da Europa. O nosso lugar é no mundo. Aqui está a prova que tentam ocultar: fazer esquecer aos portugueses que estivemos na Ásia durante meio milénio, reduzir-nos a um obscuro e periférico lugar no canto extremo do ocidente da Europa dos negócios e dos colarinhos brancos. Venham à Ásia, visitem Goa, Malaca, Flores, Timor, Banguecoque e Macau e descobrirão a tamanha fraude em que nos deixámos enredar. A titulatura régia de outrora mantém plena actualidade: pela Graça de Deus, Rei de Portugal e dos Algarves, d’Aquém e d’Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc. Perdeu-se o Império mas ficaram as gentes fiéis a essa ideia de fraternidade universal que nenhum mercado pode destruir. Enfurece-me ver tanta ignorância adamascada, tanto pateta inteligente e tanto candidato a europeu convencidos da bondade do caminho da anulação em que entusiasticamente nos precipitámos. Ainda há tempo !A história é simples. No primeiro quartel do século XIX, os holandeses e os franceses foram simplesmente varridos do mapa político da Ásia. Portugal, se bem que Goa fosse ocupada pelos britânicos, recrudesceu a sua iniciativa, pois era aliado do Reino Unido e um precioso complemento para a acção comercial e diplomática da Companhia Britânica das Índias Orientais. Na década de 1820, durante a governação de Diogo de Sousa, Conde de Rio Pardo, Portugal lançou generalizada ofensiva e restabeleceu parcialmente a influência que detivera em finais do século XVII, nesse ainda tão mal conhecido período da regência de D. Pedro. Os dois grandes travões ao retorno de Portugal à Ásia após a independência do Brasil foram, gostemos ou não, a criação da cidadania – que privou os portugueses asiáticos de ligação formal ao corpo da nação – e logo de seguida a extinção das ordens religiosas, que mutilou para sempre a actividade missionária do Padroado no Oriente. Não obstante estes dois fenómenos, verifica-se pujante actividade comercial em torno dos bandéis portugueses espalhados ao longo das costas do Índico, do Mar da China e do Pacífico: da foz do Ganges ao Irrawady, de Penang-Malaca a Singapura, de Batávia a Macau, do Tonquin ao Sião, não esquecendo a consolidação do funcionalismo especializado colocado junto das cortes do Camboja, Birmânia e Sião.
Ao contrário do que recita sem fundamento a lenda negra da decadência – uma pecha comum à tão aclamada Geração de 70 – tínhamos os melhores administradores, os mais sagazes diplomatas, conhecíamos melhor a região que os britânicos, detínhamos a lingua franca, estávamos profundamente incrustados nas sociedades de acolhimento, não nos envolvíamos em conflitos militares possuíamos o tal estatuto de Potência Histórica que funcionava e garantia confiança dos interlocutores. Os britânicos, por seu turno, não representavam um Estado, mas uma companhia, a sua elite tropical era de baixa extracção e falha de preparação, desconhecia as línguas e dialectos locais e eram tidos como agressivos e concorrentes no domínio dos circuitos comerciais há muito estabelecidos: o junk trade chinês e as rotas marítimas que ligavam os negari islâmicos da Insulíndia ao golfo pérsico. Em mais de duzentas obras consultadas até ao presente – memórias e relatórios de viagens de britânicos, franceses, holandeses e germânicos que pelo Sudeste-Asiático passaram entre as décadas de 1810 e 1860 – o mesmo resultado: os portugueses estavam em todo o lado, mantinham entre sí vínculos e trocavam informações, batiam a concorrência, impediam o acesso de forasteiros aos seus santuários. Foi há pouco tempo. Esse capital de memória, se bem que afectado pelo colonialismo europeu na região, manteve-se e ainda hoje, na Índia, no Paquistão, no Sri Lanka, no Bangladesh, na Birmânia, Tailândia, Singapura, Malásia e Indonésia há quem reclame o traço distintivo da herança sanguínea portuguesa.
Ontem, uma agradável descoberta. Dez documentos de uma assentada relativos à chegada da embaixada que Francisco Isidoro Guimarães, Governador de Macau, encabeçou ao Sião em 1859. Comparando-a com os documentos referentes a britânicos, norte-americanos e holandeses, duramente negociados, com “talks about talks” que se prolongaram por anos entre as autoridades siamesas e sucessivos enviados, a embaixada de Portugal apareceu na foz do Chao Phrya, enviou notícia da chegada a Banguecoque e foi recebida. No primeiro acto solene, o Rei Rama IV (Mongkut) disse, satisfeitíssimo: “estávamos há vossa espera há anos e agora apareceram, meus bons amigos”. As negociações decorrem em meia dúzia de dias, sempre entre banquetes, representações teatrais e espectáculos de música, com as portas dos palácios e templos abertos em par a oficiais e marujos portugueses. Não houve resistência, medo e aquele ganhar de tempo que caracteriza a diplomacia dos asiáticos. Foi tudo assinado de cruz, regado com Madeira e juras eternas de amizade.
Se me fosse possível falar com o Primeiro-Ministro, dir-lhe-ia: “Excelência, não tenham medo, corram o risco, apareçam em Colombo, Dacca, Naypyidaw, Banguecoque e Phnom Pehn e digam-lhes aqui estamos, para restabelecer o que por ignorância quase deixámos cair no esquecimento”. “Para que servem embaixadas na Argentina, Áustria, Bulgária, República Checa, Chile e em Cuba, no Egipto, Finlândia, Irlanda, Sérvia ou na Grécia ? Realizam captação de investimento, a expansão do comércio português, elevam a capacidade negocial portuguesa ? Não tenham medo, invistam o esforço na Ásia nestas últimas décadas de hegemonia ocidental, preparem o futuro”.
Miguel Castelo-Branco

domingo, 26 de maio de 2019

As Europeias e o suicídio português


As Europeias são hoje. Os portugueses perguntam-se sobre a utilidade dos vinte e um afortunados que, eleitos amanhã, passarão os cinco próximos anos a receber duzentos e cinquenta mil euros anuais por trabalho que ninguém sabe exactamente o que é. O parlamento europeu não produz legislação própria, competência exclusivamente reservada à Comissão e ao Conselho – é mera assembleia de aprovação, um carimbo destinado somente a fornecer patine de legitimidade democrática aos mandos e desmandos de uma burocracia que nenhum europeu elege, que ninguém pode despedir e de que ninguém pode, em rigor, discordar com efeito. É verdadeiro mistério que organização tão avessa à vontade dos povos possa ter o atrevimento de a si mesma se chamar bastião de democracia. No fundo, tamanha bizarria só pode servir-nos para recordar o carácter orwelliano do nosso tempo, em que as fórmulas mais eloquentes e generosas servem quase sempre para esconder propósitos escondidos, e frequentemente sinistros.
Um pouco por toda a parte, as nações do continente obtêm consciência de que as suas democracias foram tomadas pelos gabinetes e transformadas em reles paródia do que seria um verdadeiro regime de liberdades. Compreende-se que a fachada democrática da União Europeia mais não é que logro tranquilizador, armado e mantido para que nações antigas e há muito habituadas ao auto-governo se não apercebam de que já não controlam os seus destinos. Quantos portugueses saberão que algo entre 70 e 85% da sua legislação já não é lavrada pelos seus representantes directos – os nossos parlamentares, que são aqueles que efectivamente elegemos e que efectivamente podemos punir – mas por comissários europeus cujo nome ninguém conhece? Lá fora, estas verdades vão sendo compreendidas, causando escândalo e gerando reacção. Fala-se, com razão, de uma Primavera dos Povos.
Ora, em Portugal mantém-se o inverno. Aqui, as Europeias continuam a servir de simples teatro para os partidos, usadas pelas chefias para recompensarem aliados e afastarem rivais no exílio doce dos vinte mil euros mensais de Bruxelas. Entre aqueles a que as sondagens atribuem hipótese real de eleição amanhã, não se conta um que tenha usado a campanha para falar do que se passa na Europa – e a União Europeia encontra-se, evidentemente, em processo avançado de degenerescência e desagregação – e do que será de Portugal se a União vier a cair. Nenhum candidato disse claramente que não toleraria nova cedência de soberania nacional a Bruxelas, ou pelo menos que novas cedências teriam de exigir plebiscito popular que as legitimasse. Nenhum lembrou que a UE, desprezada por cada vez mais povos e esmagada por crises várias (a da dívida na Itália, na Grécia, na Espanha e em Portugal, a dos migrantes nos países do Sul, a da Ucrânia a leste, a do Brexit a ocidente, a dos partidos soberanistas por toda a parte), pode ruir a qualquer momento, e que Portugal tem de preparar-se para todas as eventualidades. Nenhum deu o necessário murro na mesa, pediu a atenção da nação feita assembleia e anunciou que Portugal tem de recuperar já os instrumentos políticos (soberania política, diplomática, económica, financeira) que lhe permitam sobreviver à crise que se desenha. Ninguém, entre nós, quer ver a Europa é uma região gravemente doente, e que Portugal tem de virar-se para o mundo – o espaço de cultura portuguesa, ou da Portugalidade, a Ásia, o universo hispânico – para não acompanhar a Europa alemã para o abismo. Por cá, é como se o tempo tivesse parado. É a “excepção” portuguesa – excepção, hoje, no pior: na capitulação perante a adversidade, no medo do comprometimento e do discurso claro, na incapacidade de compreender as coisas novas. Se tudo correr mal, culparemos os eleitos de amanhã, o governo e os velhos partidos. Mas a culpa será do país em bloco, e dessa vergonha só nos salvaremos se o sono português não durar muito mais.

sexta-feira, 24 de maio de 2019

Le prince de Beira à un débat sur les élections européennes



Le prince de Beira, fils aîné du duc de Bragance, a assisté à Porto à un débat entre les candidats aux élections européennes du 26 mai prochain.




quinta-feira, 23 de maio de 2019

Côrtes tradicionais e Côrtes liberais


Quanto às funções de umas Côrtes, ou de outras, a oposição é manifesta. As antigas Côrtes Gerais tinham funções apenas consultivas, embora os Reis tivessem o seu voto em grande conta, porque elas eram de facto a representação dos corpos da Nação [Clero, Nobreza e Povo]. As Côrtes liberais tinham funções legislativas, o seu principal papel era fazer leis (Art. 5.º § 6). Isto é, em monarquia constitucional, temos umas Côrtes que não representam a Nação, exercendo uma função para a qual não têem competência; a função suprema de legislar e governar. É o germe da anarquia. É a república mascarada de manto e coroa.

Caetano Beirão in revista «Acção Realista», 15 de Janeiro de 1926


Fonte: Veritatis

quarta-feira, 22 de maio de 2019

O Mosteiro da Batalha era vermelho, azul e dourado

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Quando Petrarca se referiu a um medium tempus, ou seja, àqueles mil anos compreendidos entre o estertor de Roma e a época em que vivia, falando na proximidade de um Renascimento que restauraria a grandeza Clássica, terá cometido certamente um dos mais graves erros da história cultural ocidental. O desprezo por esse longo período de maturação do Ocidente fez história, ao ponto de os britânicos persistirem em chamar-lhe The Dark Ages. Essa "Idade Média" nunca existiu. A prová-lo, a recente descoberta que chocou os historiadores da arte: as catedrais góticas eram garridas, coruscantes, chocantes pela policromia, luminosas; um exaltado hino à alegria de viver e aspiração à salvação. Deram-me há tempos um catálogo publicado por ocasião das celebrações dos 800 anos da catedral de Reims. Lá estão - "indianíssimas", como se de um templo hindu se tratasse - os arcanjos, as legiões celestiais, os evangelistas, os Padres da Igreja, os Reis irradiando cor. Logo, chegou-se à mesma conclusão: as catedrais de Amiens, Frankfurt, Colónia eram, elas também, torres de cor. Estudo análogo foi feito em 2017 no Mosteiro da Batalha, chegando os investigadores à conclusão que as capelas eram profusamente pintadas e que a policromia era um elemento fundamental das estruturas arquitectónicas medievais.

Há quem alimente mitos e medos sobre a Idade Média. Temos, sim, medo justificado da Idade Moderna e desta "idade Contemporânea". Olhando para as nossas sinistras torres caixotes-humanos em betão e vidro, marcas da tecno-civilização - as colmeias do homem horizontalizado - compreendemos quão teremos regredido.

MCB

terça-feira, 21 de maio de 2019

Na Monarquia Condecorava-se O Valor


Em Monarquia condecorava-se o Valor, inclusive dos simples, como José Rodrigues Maio, mais conhecido como Cego do Maio ou Ti’ Maio, que nasceu a 8 de Outubro de 1817 (morreu a13 de Novembro de 1884) e que foi um pescador de sardinha da Póvoa de Varzim do século XIX, que alcançou estatuto de herói como salva-vidas. Graças à coragem como salva-vidas tornou-se a figura mais representativa e emblemática da Póvoa de Varzim onde é idolatrado como herói local.
‘Os pescadores têm um verdadeiro imposto: as grandes ondas que viram as lanchas.’, escreveu Eça de Queiroz. De facto, a vida do Mar é muito dura, e ninguém sabe isso melhor do que os pescadores e as suas famílias, que tantas vidas viram ceifadas e tantos mortos tiveram de chorar.
Entre os poveiros desse século, retintamente monárquico, destacou-se José Rodrigues Maio, o Cego do Maio e que como muitos dos seus patrícios vivia do mar, mas que para além do mester de pescador dedicava-se à corajosa missão de salvar as vidas daqueles cujas embarcações eram engolfadas pelas tempestades e enroladas e viradas pela força das ondas do mar. Os conterrâneos reconheciam-lhe especial clarividência na previsão do mau tempo e das tempestades, e por isso sempre que vinha tormenta, o Ti’ Maio ficava no Mar ou na praia perscrutando o horizonte para o caso de alguém precisar do seu auxílio. Quando havia naufrágio lá ia ele, a maioria das vezes sozinho, mas algumas vezes auxiliado pelos seus dois filhos. Mais de cem vidas foram salvas por este herói!
Sabendo dos seus valorosos feitos, El-Rei Dom Luís I de Portugal decidiu, de acordo com a Carta-Patente, agraciar José Rodrigues Maio com a condecoração da Ordem da Torre e Espada no grau de Cavaleiro.
‘DOM LUÍS, por Graça de Deus, Rei de Portugal e dos Algarves, etc.: Tomando em consideração os relevantíssimos e repetidos actos de coragem e de devoção cívica que José Rodrigues Maio, da Póvoa de Varzim, tem praticado, arriscando a vida no salvamento de muitos indivíduos que teriam perecido se não fossem os esforços e verdadeira abnegação de tão benemérito cidadão; e Querendo, por estes respeitos, dar-lhe um público testemunho da Minha Real Munificência: Hei por bem fazer-lhe mercê de o nomear Cavaleiro da Antiga e muito Nobre Ordem da Torre e Espada do Valor, Lealdade e Mérito’.
A mais alta condecoração portuguesa, o Colar de Cavaleiro da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, assim como a medalha de ouro da Real Sociedade Humanitária do Porto, foram impostas em pessoa pelo Rei D. Luís I. Na cerimónia, quando o Rei o condecorou, o herói José Rodrigues Maio, apesar da sua simplicidade à qual não faltava boa educação, viu-se na obrigação de retribuir e presenteou ‘O Popular’ Rei de Portugal com uma mão-cheia de conchinhas raras, afirmando: ‘Tome lá ó Ti’ Rei, uns beijinhos para as suas criancinhas brincarem!’ Consta que El-Rei se comoveu!
Miguel Villas-Boas

segunda-feira, 20 de maio de 2019

A Europa está há muito construída e não é um Estado-império


A Europa das Nações que teve em De Gaulle um intransigente paladino, deixou entre nós de ter defensores. Tratava-se de um ideal de fraternidade fundado no bom-senso e na necessidade da cooperação entre Estados criados pela história, mas ninguém questionava a diversidade, as tensões, os interesses por vezes divergentes dos Estados. Subitamente, ainda Maastricht não fora assinado, entrou de rompante a expressão "Europa dos cidadãos", logo acoplada à "Europa das regiões". Quando a actual União Europeia desvelou finalmente o seu rosto, todos compreendemos que o principal objectivo desta União era (e é) o de destruir os Estados. Para atingir tal objectivo, importava reescrever a história e até teorizar sobre a "acidentalidade" dos Estados ainda hoje existentes. Nasceu, assim, a teoria da inevitabilidade do ocaso do Estado-nação. Porém, antes que fosse lavrada certidão de nascimento do "povo europeu", importava partir os Estados nas suas especificidades endógenas, quebrando-lhes a unidade mercê do apontar das especificidades, dos regionalismos, dos micro-interesses. Aquilo a que se assiste na Escócia e na Catalunha, mas igualmente na Bélgica, na Córsega e em Itália é - aceitemos de barato - uma prodigiosa obra de engenharia que visa partir os Estados existentes, desagregá-los para, sobre os cacos, inventar a unidade e decretar a cidadania europeia. Só não vê quem não quer.

A União Europeia não deve ser confundida com a Europa. Europas há muitas, como sempre houve, pelo que confundi-la com essa entidade regulamentadora, unidimensional, seca de cultura e sem história, desdenhosa das europas de sempre, entregue a ficções autoritárias e a gente que nunca pôs os pés numa biblioteca ou num museu, é, para além de atrevimento, um grosseiro insulto às fontes e correntes profundas da nossa civilização.

MCB

domingo, 19 de maio de 2019

XXXº Aniversário Real Associação de Lisboa


No próximo dia 1 de Junho, a Real Associação de Lisboa irá celebrar o seu XXX Aniversário com o tradicional passeio convívio, que desta vez decorrerá no Concelho da Lourinhã, com uma visita ao Centro de Interpretação da Batalha do Vimeiro, seguida de um almoço em Moita dos Ferreiros para o qual está confirmada a presença de SS.AA.RR. os Duques de Bragança e de representantes das forças vivas locais. Após o almoço, haverá ainda uma visita ao Santuário de Nossa Senhora da Misericórdia e ao átrio do Dinoparque.
 
Esta ocasião servirá também para a apresentação de uma emissão especial de Selos CTT comemorativos do XXX Aniversário da Real Associação de Lisboa.
 
PROGRAMA:
 
10:00 - Partida de Lisboa, em autocarro, da Avenida Almirante Gago Coutinho (ao Areeiro), junto ao Parque de Estacionamento;
10:45 - Chegada e visita guiada ao Centro de interpretação da Batalha do Vimeiro, inaugurado em 1908 por D. Manuel II;
13:00 - Almoço na Associação Cultural Moita dos Ferreiros, presidido por SS.AA.RR. os Duques de Bragança;
15:00 - Visita ao Santuário de Nossa Senhora da Misericórdia;
16:00 - Passagem pelo átrio do Dinoparque;
17:00 - Gelado na Praia da Areia Branca;
18:00 - Regresso a Lisboa (Praça do Areeiro).
 
Preço por pessoa (transporte, entradas nos monumentos e almoço) – 30,00 €
Preço por pessoa (para jovens até aos 25 anos) – 25,00 €
Preço opção só Almoço (em transporte próprio) – 15,00 €
 
As inscrições estão abertas até dia 29 de Maio directamente na nossa sede: Praça Luís de Camões, 46 2º Dto | 1200-243 Lisboa (de segunda-feira a sexta-feira, das 11:00 às 14:00), pelo endereço electrónico secretariado@reallisboa.pt ou pelo telefone: 213428115 no horário de atendimento.

sábado, 18 de maio de 2019

60 anos do Cristo Rei

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Lisboa-Rio, dois pilares da civilização cristã

O Santuário de Cristo Rei, figura imponente que abrilhanta Lisboa a partir da Margem do Sul do Tejo e fruto de uma promessa feita pelo Cardeal Patriarca Manuel Gonçalves Cerejeira se Deus livrasse Portugal da guerra que assolava o mundo, teve a sua figura baseada no Cristo Redentor, presente no Monte do Corcovado, Rio de Janeiro. Portugal poupou-se aos horrores da guerra, e por isso mesmo hoje passam 60 anos sobre a sua inauguração do grandioso monumento.

JS

quinta-feira, 16 de maio de 2019

Queria Salazar restaurar a monarquia?

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Como em Espanha, a possibilidade de restauração da monarquia dividiu o Estado Novo (1933-1974). É sabido que Oliveira Salazar a considerou repetidamente, em particular após o plebiscito que conduziu, em 1947, à transformação do regime franquista em monarquia sem rei e a Franco em "Regente pela Graça de Deus". O congresso da União Nacional de 1951 pôs termo ao que parecia já ser a marcha para o regresso do Trono. O Doutor Paulo Drumond Braga é licenciado em História (1987), Mestre em História da Idade Média (1992) pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e Doutor em História dos Descobrimentos e da Expansão pela mesma universidade (1997). Autor de "Nas teias de Salazar - Dom Duarte Nuno entre a esperança e a desilusão" e de "Dona Filipa de Bragança - Lutar pela Restauração da Monarquia no Portugal de Salazar", o Doutor Drumond Braga tratará o tema fascinante de uma restauração monárquica por Salazar com a Nova Portugalidade. A restauração, e as implicações que ela teria tido sobre a posterior transição para a democracia e o futuro dos territórios ultramarinos de Portugal, é uma das grandes incógnitas do nosso passado recente. Será Quinta-feira, 6 de Junho, pelas 19h00 na Casa da Sertã.


quarta-feira, 15 de maio de 2019

74º ANIVERSÁRIO DE S.A.R., O SENHOR DOM DUARTE DE BRAGANÇA

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SUA ALTEZA REAL o Mui Excelso, Augusto e Sereníssimo Senhor Dom Duarte Pio Nuno João Miguel Henrique Pedro Gabriel Rafael, por sucessão do seu Augusto Pai, Sua Alteza Real o Príncipe Dom Duarte Nuno (1907-1976) e do seu primo, de Gloriosa Memória, El-Rei o Senhor Dom Manuel II(1889-1932), O Desventurado, e por virtude do presente interregno, 9º Príncipe Real de Portugal,25º duque de Bragança, 22º duque  de Guimarães, 20º duque de Barcelos, 24º marquês de Vila Viçosa, 32º conde de Barcelos, 29º conde de Ourém, 26º conde de Arraiolos, 26º conde de Neiva, 26º conde de Faria e 22º conde de Guimarães. O terceiro de seu nome como representante dos reis de Portugal [D. Duarte (III)]. Grão-Mestre da Ordem de Nossa Senhora de Vila Viçosa, Bailio Grã-Cruz da Ordem Soberana de Malta, engenheiro agrónomo, oficial aviador da Força Aérea Portuguesa, nasceu na embaixada portuguesa em Berna a 15 de Maio de 1945. 
Casou a 13 de Maio de 1995, com a Senhora Dona Isabel de Herédia, e é pai de:
Dom Afonso de Santa Maria, Príncipe da Beira, nascido a 25 de Março de 1996 e baptizado em Braga a 1 de Junho de 1996,
Dona Maria Francisca nascida a 3 de Março de 1997 e baptizada em Vila Viçosa em 31 de Maio de 1997
Dom Dinis nascido a 25 de Novembro de 1999 e baptizado no Porto em 19 de Fevereiro de 2000.casou em 1995 com D. Isabel Inês de Castro Curvello de Herédia.



Hoje, S.A.R., O Senhor Dom Duarte Pio de Bragança celebra o seu aniversário.

Os nossos desejos de que esta data seja abençoada por Deus, que a repita por muitos e longos anos na companhia da Família que ama e que a todos nos enche de alegria.

Que Deus O ajude a fazer da Pátria o Reino que todos sonhamos.


VIVA O REI!

VIVA PORTUGAL!

segunda-feira, 13 de maio de 2019

24º ANIVERSÁRIO DO MATRIMÓNIO DE SS. AA. RR., OS SENHORES DUQUES DE BRAGANÇA

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Hoje, dia 13 de Maio, dia de Nossa Senhora de Fátima, comemora-se o aniversário de Matrimónio de SS.AA.RR., Os Senhores Duques de Bragança, Dom Duarte Pio e Dona Isabel.

Desejamos a Vossas Altezas as maiores felicidades e que Deus Vos Abençoe.

Que Nossa Senhora de Fátima esteja sempre presente no Amor, na Alegria e na Caridade dos Nossos Reis e Infantes.


VIVA O REI! VIVA A RAINHA!
VIVA A FAMÍLIA REAL!

Nossa Senhora de Fátima, graça e misericórdia

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sábado, 11 de maio de 2019

Fardamentos portugueses na Guarda Real tailandesa

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Analogia flagrante entre os uniformes dos remadores da galeota real existente no Museu de Marinha de Lisboa, embarcação construída em 1780, e os uniformes dos remadores da barca processional do Rei da Tailândia. Em 1782, no ano da fundação da nova dinastia Chakri e da instalação da monarquia em Bangkok, foi despachada para o Sião uma embaixada de D. Maria I a Rama I. As procissões de barcas haviam sido interrompidas em 1767, quando a antiga capital siamesa fora tomada e saqueada pelos birmaneses, pelo que a retoma daquela tradição, antiga de 500 anos, se voltou a fazer. Os remadores da barca real eram católicos luso-siameses e eram oriundos da paróquia de Thonburi, pelo que a similitude parece convidar a uma simples adopção pelos siameses do modelo de uniformes da marinhagem portuguesa de então. Com o passar das décadas, terão sido certamente introduzidas algumas alterações de pormenor, sofrendo um processo de asiatização, mas a matriz ali está.

MCB

sexta-feira, 10 de maio de 2019

D. Luís Filipe de Bragança – Uma Figura de Arrebatar


Era [Príncipe Real Dom Luís Filipe de Bragança] uma figura de arrebatar!
‘Era uma figura de arrebatar! Tanto El-Rei como S. M. a Rainha tinham esta preocupação na educação do Príncipe: que Sua Alteza bem merecesse da Pátria pelo que valesse, pelos seus méritos e virtudes. E o Príncipe foi o que Suas Majestades desejavam. Eu vi despontar, naquela alma portuguesa, todos os grandes sentimentos da nacionalidade. Era português na linguagem, imprevisto e delicado como um literato nato, reflexivo (as suas respostas nos exames, dadas depois de meditar, aldeados da Corte que assistia, a cabeça entre as mãos!) e espirituoso, subjectivo e cavalheiresco, enlevado e simples. E desde tamanino, dois traços magistrais e característicos vincaram definitivamente a figura do Príncipe: a ternura pelo Rei e o culto pelo Reino! Toda a nobreza que um grande sentimento demanda, no Príncipe a havia.
O Príncipe [D. Luís Filipe] sabia que o Pai [D. Carlos I] lhe estava preparando uma grande Pátria. O muito amor por seu Pai era, a par da admiração de filho, a profunda, consciente gratidão de Português, que assistia ao engrandecimento incessante de trabalho de patriota. 
O sentimento patriótico tão característico no Príncipe Real, o seu espírito eminentemente culto fizeram-no entrar admiravelmente na realização dessa ideia que o alto senso político d’El-Rei D. Carlos imediatamente aprovara.
Da forte personalidade do Príncipe Real emanava um singular atracção: a amenidade do trato e a seriedade do carácter, a alegre comunicabilidade da sua mocidade eram outros tantos elementos da simpatia que despertava. (…) Como nós nos não podemos aperceber do movimento da Terra, por nela estarmos, o Príncipe Real [Dom Luís Filipe] não se apercebia de que Portugal, para vir a ser grande, até o tinha a Ele!’
General Conselheiro António Coelho V.B. Vasconcellos Porto | Ministro e secretário de Estado dos Negócios da Guerra (Mai. 1906 – Fev. 1908) e Ministro e secretário de Estado interino dos Negócios da Marinha e Ultramar (Jun. – Set. 1907) no Ministério de João Franco Castello-Branco, no reinado D’El-Rei D. Carlos I, in ‘A Marcha Para O Renascimento – El-Rei D. Carlos e o seu Reinado’
Recolha de Plataforma de Cidadania Monárquica
Fotografia: SAR O Senhor Dom Luís Filipe de Bragança, 5.º Príncipe Real de Portugal (jurado herdeiro do Trono, em Maio de 1901), 4.º Príncipe da Beira, 14.° Duque de Barcelos e 22.º Duque de Bragança (n. 21/03/1887 – m. assassinado 01/02/1908)

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Pela globalização portuguesa, contra o mundialismo dissolvente

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Persiste uma grande confusão entre o fenómeno chamado "globalização" e a "mundialização". Não há entre elas qualquer sinonímia, porquanto uma é um facto com o qual temos de viver - e no quadro do qual nos temos de habituar a viver, sob risco de desaparecermos - e o segundo se apresentar como uma ideologia.

O mundialismo inscreve-se no mito da Utopia planetária, é tão antigo como as civilizações, revestindo-se a moda de modos vários (cosmopolitismo, tecnopolitismo, paz universal), e tendo historicamente relevante arsenal de propositores: Montaigne, Condorcet, Saint-Simon, Comte, Marx, Otlet e, ultimamente, o think globally. Há, por detrás do "mundialismo", uma clara apetência pela ideia de Império, aquela que quer destruir a riqueza da espécie humana, aquela que mais relativiza e torna possível pensar e reduzir a vida dos homens e dos povos a um mínimo de necessidades que dispensam os factores histórico-linguísticos, morais, religiosos e idiossincráticos. Não, não entendemos o homem apenas como consumidor.

Para os mundialistas, todos somos aparentemente diferentes, mas essa diferença decorre, tão só, de formas diferentes de resposta às mesmas necessidades: reprodução, protecção, tecto e comida. O mundialismo menospreza a psicologia, o peso do passado e do simbólico, atendo-se unicamente às pulsões estruturadas (cultura, Estado, sociedade). Daí que julguem - desastrada e superficialmente - bastar invocar a liberdade de mercado, a democracia e os direitos humanos para se encontrarem os fundamentos de uma ordem internacional marcada pela tolerância, a paz e a boa-vizinhança. Discordamos em absoluto, pois até os mais respeitados decanos do pensamento liberal reconheceram que a organização, o sucesso, a abertura à ciência, a inovação e criatividade tecnológicas, o respeito pelas minorias, a produção de leis justas e demais factores de progressividade têm a ver com factores estruturantes de comportamentos e atitudes colectivas erigidos ao longo de séculos.

O triunfo da Europa e do Ocidente foi produzido pela história, longa de 2000 anos, pelo que julgar reproduzi-lo em atmosferas avessas a essas premissas tem sido nota dominante dos desastres em que o chamado Ocidente se tem vindo a envolver. Não se queimam etapas: as coisas derivam de lógicas que decorrem geração após geração, não havendo qualquer fórmula mágica de engenharia antropológica, cultural e social que as possam precipitar.

A NP defende uma globalização de matriz portuguesa, pelo que abomina o mundialismo do mercado e da imposição de um só tipo de regime político. A globalização portuguesa a que chamamos Portugalidade pode e deve ser agente de estreita cooperação entre as partes que compõem esta grande comunidade humana de 300 milhões de homens e mulheres.

MCB

terça-feira, 7 de maio de 2019

O PROJECTO EUROPEU A UNIÃO EUROPEIA SEGUNDO MARCELO

“As nações europeias são ovos cozidos. Não se podem fazer omeletas com ovos cozidos.”
 Charles de Gaulle, sobre a União Europeia.

            O Presidente da República (PR) deu uma entrevista que foi publicada no jornal “Público” do pretérito dia 31 de Março. Sobre a União Europeia (UE).
            O conteúdo merece algum comentário, desde já pelo facto de ter sido dada a uma jornalista conhecida pelo seu europeísmo e federalismo.
            É importante começar por dizer isto para situar a coisa.
            Por outro lado, dado o estilo de Marcelo Rebelo de Sousa (MRS), como PR e pessoa, nós não sabemos ao certo, em que condição é que ele deu a entrevista, pois às tantas é difícil distinguir se é o Presidente das “selfies” que se diverte; o “piegas” dos sem – abrigo; o porreiraço do “está tudo bem e nós somos os maiores”; o comentador, que opina sobre tudo e todos; o repentista dos telefonemas em directo para a televisão, ou se está a falar de cátedra.
            Ou seja, saber se o devemos levar a sério ou não.
            Optemos, na circunstância, por o levar a sério.
            Comecemos pelas frases primeiras e, provavelmente, não precisaremos de sair delas.
            A jornalista começa a dizer-nos que para MRS a “Europa não dispõe hoje de um centro político ou de uma liderança suficientemente forte para enfrentar os desafios internos e externos, que tem pela frente. Angela Merkel está enfraquecida. Passada a crise do euro, durante a qual França e Alemanha dominaram, o eixo Paris-Berlim não se renovou com a entrada em cena de Emmanuel Macron.”
            Pergunta-se: é suposto a Europa, melhor dizendo, a União Europeia (UE) – constituída, lembro, por 28 países – ter uma liderança (individual)?
            A UE não é uma entidade supranacional (apesar de jurídica e politicamente mal definida), constituída por um conjunto de países que decidiram cooperar e juntar sinergias, fazer coisas em comum com regras iguais ou idênticas?
            É suposto ter uma liderança? E havendo uma liderança ela tem que ser personificada em alguém? Esse, “alguém”, foi votado em eleições? É-o por direito divino? Foi eleito/designado, pelos seus pares? Onde se enquadram as lideranças rotativas por países?
            Ou estará à espera que apareça, sei lá, um Carlos Magno que pela sua verve, sabedoria ou energia cinética do murro, arraste a ele, Marcelo, e os seus pares atrás de uma cruzada qualquer? (esta da “cruzada” tem graça pela ironia…).[1]
            E porque havia de ser a senhora Merkel – que por acaso se chama Kastner, ou Mácron (curiosamente de nome próprio Emmanuel, que quer dizer “Deus connosco”), uma espécie de “enteado” dos Rothschild? E porque será que tem que haver um eixo Paris-Berlim, ou outro qualquer? Será que somos todos iguais como dizem, ou há uns mais iguais que outros?
            Ou será, que nunca deixou de haver a hierarquia das Nações, como todos sabem, mas escamoteiam?
            Porque é que ele, Marcelo, descendente (por herança histórica) de “Gamas e Albuquerques”, não arranja um “eixo” qualquer e se candidata a líder da tão famigerada Europa que, nos dias que correm, quase não passa de uma realidade geográfica para onde os nativos de outros continentes desaguam como rios sôfregos de encontrar um mar?
            E se o decidisse teria ele, MRS, ou o Estado Português como tal, meios para o fazer? Claro que não tem. Por isso se contenta em clamar para “outrem” aquilo que eventualmente gostaria de ver feito – o que não deixa também de ser uma forma de desculpa…
             Será que a “liderança” do dia-a-dia não deve caber ao Comissário Europeu que responde actualmente ao chamamento pelo nome de Juncker, um ser curioso, dada a sua aparente dificuldade em caminhar em linha recta entre dois pontos?
            E isto segundo os tratados e leis existentes e as orientações dos lideres dos diferentes países, quando estes deliberam (Conselho Europeu)?
            Abre-se aqui um parêntesis para referir o Parlamento Europeu que ninguém sabe muito bem para que serve, tirando o facto de ser uma espécie de prateleira dourada de políticos dos diferentes países que os seus “patrões” nacionais pretendem enxotar por incómodos, ou premiar por “serviços” prestados e que, por norma, passam o tempo a viajar para os respectivos países sexta-feira, cedo e a regressar segunda-feira, tarde, enquanto coleccionam bens e regalias materiais através de empresas maioritariamente sediadas no Luxemburgo.
            Voltando às palavras, certamente afectuosas e de crítica fraternal – não fosse ele um assumido católico (progressista?) – do nosso PR, em criticar a liderança europeia, quererá ele insinuar que ficaremos contentes com qualquer liderança que desponte na Europa? E poderá ser húngara ou polaca? Ou tem que ser alemã ou francesa?
            Esta eventual liderança deve sobrepor-se ao Parlamento Europeu? À Comissão Europeia? Enfim, às Instituições Europeias?
            Mas diga-me senhor Presidente, como é que se pode liderar cerca de 4,5 milhões de Km2, habitados por 500 milhões de almas (melhor dizendo “corpos” pois a alma foi-se perdendo há muito…) apostados em suicidarem-se colectivamente, por causa da demografia negativa (deixaram de querer ter filhos!) importam migrantes em quantidade e qualidade impossíveis de integrar; desistiram ou renegaram a sua matriz cultural e religiosa; têm vergonha da sua História; não se querem defender; assumiram a cultura da morte e o relativismo moral; estão todos politicamente divididos em ideologias divergentes e antagónicas, etc.?
             Ou seja, são visceralmente diferentes uns dos outros; divididos pela História, pelo Clima, pela Geografia, pela idiossincrasia própria, os hábitos, a gastronomia, etc., que durante 2000 anos viveram em guerra e agora vão-se unir, em décadas, porque uns castiços imbuídos de ideias nem todas elas confessáveis, entendem que o deviam fazer? E o senhor Presidente lastima-se porque não há uma Liderança? Mas como? Quer arranjar uma polícia europeia para impor uma ditadura?
            Ainda não reparou que aquilo que constituía o alicerce ancestral dos países europeus, ou seja o Cristianismo, sobretudo desde S. Bento, a Razão Grega e o Direito Romano, se começaram a esfarelar desde a Reforma e a Revolução Francesa e estão hoje uma sombra do que já foram?
            O Senhor pensa que isto tem conserto e queixa-se que não há liderança neste caos controlado, que foi sendo criado pelas próprias lideranças ao longo dos tempos?
            Será que ainda não percebeu porque é que a maioria dos britânicos (mais velhos ou não) votou pelo "Brexit"?
            Ainda não deu conta que a única coisa que Bruxelas sabe fazer, perante qualquer problema que surja, é atirar dinheiro para cima dele? E que o dinheiro agora é controlado pelo Banco Central Europeu, que por acaso está dominado por accionistas privados? Ou seja o dinheiro não pertence aos Estados nacionais, logo não pertence aos contribuintes?
            O cerne da UE é e será sempre, um problema geopolítico.
            Há dois factores fundamentais na Geopolítica: a Geografia e o Carácter do povo. Ora a Geografia não muda e o carácter do povo muda muito devagarinho, quando muda…
            Não há nada de novo debaixo do Sol.
            E por mais voltas que se dê, o General De Gaulle tinha razão (e isto de haver um francês com razão em algo é, já de si, extraordinário): os ovos estão cozidos, não servem para omeletas.
            Bem nos parecia que não sairíamos da análise das primeiras frases.
            E, bem vistas as coisas, nem sequer é preciso.


João José Brandão Ferreira
Oficial Piloto Aviador (Ref.)


[1] Lembrei-me do Carlos Magno, pois existe um prémio com o seu nome, atribuído em Aachen (onde está sepultado), atribuído a quem se distinga no ideal europeu. Também existe outro, semelhante, atribuído em Viena de Áustria, que toma o nome de um tal de Kallergy. Talvez um dia MRS almeje ser galardoado com um deles. Quem sabe?


Fonte: O Adamastor

segunda-feira, 6 de maio de 2019

O que o novo Rei da Tailândia diz de Portugal

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Foi coroado Rei da Tailândia Maha Vajiralongkorn que doravante recebe o nome dinástico de Rama X. Há oito anos, enquanto Príncipe Real, coube-lhe presidir às celebrações dos 500 anos de relações entre Portugal e a Tailândia, ciclo comemorativo que envolveu colóquios, edições, exposições e visitas oficiais entre os dois países que mantêm a mais velha aliança entre uma nação ocidental e um Estado oriental jamais colonizado. Então, o actual Rei, referindo-se a Portugal, afirmou:

"É com grande prazer que acorro a este importante evento em que a Tailândia e Portugal se juntam para celebrar 500 anos de relações amistosas entre os povos de ambos os países. Esta relação pode ser seguida desde aquele ano de 1511 quando, animados pelo fervor de descobrir novas terras, os navegadores Portugueses tocaram o Sião. A História lembra-nos que foi graças ao pensamento visionário do monarca português e do apoio concedido a Vasco da Gama na sua primeira expedição que Portugal se antecipou aos restantes países europeus e se estabeleceu na Índia e no Sudeste-asiático. Os Portugueses chegaram a Ayutthaya, então capital do Reino do Sião, no reinado de Ramathibodi II, corria o mês de Julho de 1511.

Ao longo dos tempos, as cordiais relações abriram passo a outras formas de relacionamento e trocas culturais e artísticas, do comércio à arquitectura, da gastronomia à introdução do uso da artilharia ocidental. Portugueses estabeleceram-se em Ayutthaya sob protecção real e aí exerceram livremente o comércio e puderam praticar a sua religião.

Desde o seu início, as relações luso-tailandesas diferiram acentuadamente daquelas existentes entre o Sião e outras nações europeias, pois não foram marcadas nem pela ambição de cristianizar o Sião nem na presunção de estabelecer dominação militar mascarada pelo argumento da protecção ao comércio. Estas relações desenvolveram-se em permanente interacção entre os dois povos e mediante integração dos Portugueses na sociedade siamesa, em cujo exército se alistaram e destacaram na luta contra os inimigos de Ayutthaya.

Prova de que a amizade entre Thais e Portugueses ultrapassou aquela existente com outras nações europeias, o desejo do Rei Chulalongkorn em visitar Portugal no périplo que realizou à Europa em 1897. Ao longo dessa viagem, merece apontamento a diferença de tratamento que a imprensa europeia e a imprensa portuguesa deu ao Rei Chulalongkorn. Para a imprensa europeia de então, o Rei do Sião era o "Rei o Elefante Branco", enquanto que para a imprensa portuguesa aludia a Chulalongkorn como o "Senhor da Vida".

Gostaria ainda de aludir a um outro aspecto da amizade entre as duas nações: a do estabelecimento dos Portugueses em Ayutthaya. Ali, o assentamento de Portugueses diferiu daquele ocorrido noutras paragens da Ásia, por exemplo, em Malaca e Singapura", Maha Vajiralingkorn

Ao novo monarca expressa a Nova Portugalidade votos de felicidade, prosperidade e plena realização das altas funções para as quais foi investido.

domingo, 5 de maio de 2019

Família Real Portuguesa presente no funeral do Grão-Duque Jean do Luxemburgo


Funérailles du grand-duc Jean de Luxembourg en la cathédrale de Luxembourg. La famille grand-ducale bien évidemment était présente. Pour le Gotha : la famille royale belge au vu de ses liens de famille avec le roi Philippe, la reine Mathilde et leur fille la princesse héritière Elisabeth, le roi Albert II et la reine Paola, la princesse Astrid et le prince Lorenz, le prince Laurent et la princesse Léa; la princesse royale pour le Royaume-Uni, le roi et la reine de Norvège et la princesse Astrid, la reine de Danemark, le roi de Suède, le roi Juan Carlos et la reine Sophie d’Espagne, le prince souverain de Monaco, le prince et la princesse de Liechtenstein, la princesse Béatrix des Pays-Bas, la princesse Margareta et le prince Radu de Roumanie, le comte de Paris, la reine Anne-Marie de Grèce et son fils le prince Paul, le prince Moulay Rachid du Maroc, le prince Hassan et la princesse Sarvath de Jordanie avec leur fille la princesse Badiya, le prince Léka des Albanais, le duc Philippe et la duchesse Marie Caroline de Wurtemberg, Le prince Napoléon et sa fiancée, le prince Alois et la princesse Sophie de Liechtenstein, le prince Louis de Bourbon, l’archiduc Karl d’Autriche, le prince Georg Friedrich de Prusse, le duc et la duchesse de Castro, le duc et la duchesse de Parme, la princesse Miriam de Bulgarie, le prince de Beira, le prince Serge de Yougoslavie,…